3 sinais de que alguém no seu trabalho está tentando te sabotar

Existem diferenças entre sofrer de síndrome do impostor e ser vítima de gaslighting

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Mita Mallick 4 minutos de leitura

"Sabe, no seu nível, não era para você ser tão boa assim...", foi o que meu ex-chefe me disse. "Como você é tão boa?" Isso foi depois que ele me pediu para fazer uma apresentação para os 200 principais líderes da nossa empresa em um evento anual fora do escritório. 

Ele tinha me dado menos de uma semana para me preparar e me criticou quando fiz perguntas de acompanhamento dos resultados. Eu estava apenas há três meses naquele meu novo emprego. Fiz tudo o que pude para preparar uma pesquisa e uma apresentação interessantes, com conclusões claras. 

No final da apresentação, dezenas de líderes me pararam no corredor e me enviaram e-mails e mensagens de texto, dizendo que eu havia feito uma apresentação excelente. Uma semana depois, quando meu chefe me ligou, eu esperava uma reação igualmente positiva. 

Em vez disso, recebi uma mistura de espanto, sarcasmo e manipulação. Esse foi o início do caso em que esse ex-chefe me ajudou a entender que nem sempre sofremos da síndrome do impostor no trabalho. Às vezes, somos vítimas de gaslighting – a famosa sabotagem – na carreira.

A seguir, confira três exemplos de sabotagem no trabalho e três sinais de alerta aos quais devemos ficar atentos.

1. Alguém constantemente coloca sua capacidade em dúvida 

Durante minha primeira avaliação de desempenho com o chefe que mencionei, estava preparada e tinha minha própria opinião sobre como estava me saindo na função. Eu tinha uma lista de metas que havia superado, métricas importantes para compartilhar e feedback dos líderes seniores.

A síndrome do impostor existe, mas nem sempre é você quem está minando e sabotando sua carreira

Quando ele perguntou como eu achava que tinha me saído, disse que tinha dado a mim mesma a avaliação "superando as expectativas". A resposta dele foi: "É sério? Acho que você precisa tomar cuidado com seu excesso de autoconfiança". Eu gaguejei algo como "Ok.... Vou tentar ser menos confiante". 

Depois dessa avaliação, suas tentativas de minar minha confiança continuaram. Eu não estava sofrendo de síndrome da impostora; essa pessoa estava tentando incutir dúvidas sobre meu desempenho e minhas habilidades. Ele me fez começar a questionar se eu era de fato boa o suficiente para o cargo.

2. Alguém diminui sua credibilidade na frente de outras pessoas

"No fim das contas, você não é uma profissional de recursos humanos de verdade", disse meu antigo chefe, rindo, durante uma grande reunião de equipe, na frente de vários colegas. Isso foi em resposta a uma pergunta que eu tinha feito sobre nosso processo de planejamento anual. 

Ele me ridicularizou por ter feito aquela pergunta e tentou me envergonhar na frente dos meus colegas. Suas tentativas de minar minha credibilidade publicamente, na frente de outras pessoas, continuaram.

Uma vez, quando decidiu (por conta própria) se juntar à minha equipe para o almoço de fim de ano, ele aproveitou a oportunidade para me dar um feedback público sobre todas as coisas que eu não havia realizado.

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Quando fui indicada para um prêmio por uma organização externa, ele entrou em contato com os responsáveis e tentou convencê-los a não me dar o prêmio (não conseguiu).

As tentativas desse ex-chefe de diminuir publicamente minha credibilidade se tornaram parte do padrão de me prejudicar constantemente na carreira. Ele queria fazer com que outras pessoas também duvidassem das minhas capacidades e da minha habilidade de liderar.

3. Alguém te impede de mudar de rumo dentro da empresa

Depois de trabalhar para ele por um longo período, sabia que era hora de seguir em frente. Antes, achava que se eu conseguisse mais conquistas no cargo, ele mudaria de ideia sobre mim, perceberia o valor que eu agregava e me apoiaria de alguma forma.

No entanto, quanto mais eu conseguia fazer pela empresa, mais se intensificava o gaslighting de carreira direcionado a mim.

Identificar a diferença entre síndrome do impostor e sabotagem é fundamental para superar a situação o mais rápido possível.

Sabia que precisava encontrar uma saída e achei que mudar de posição internamente seria mais fácil do que procurar outro emprego. Comecei a entrar em contato com os outros líderes da empresa sobre vagas atuais e futuras. Muitos ficaram entusiasmados com a possibilidade de contar comigo em suas equipes. 

Quando meu chefe soube que eu queria seguir em frente, ele claramente me barrou. Fez com que os outros soubessem que eu não era competente, capaz ou que não estava preparada para assumir uma nova tarefa na empresa.

Em uma empresa de grande porte, é impossível seguir em frente sem a permissão do seu chefe atual. Portanto, a única saída que me restava era deixar da empresa. 

Crédito: Fast Company Brasil

Anos depois, ainda tenho vergonha de admitir que permaneci naquele cargo e que me reportei àquele indivíduo durante tempo demais. Ele constantemente destruía minha autoconfiança, tentava convencer os outros de que eu não era competente e me impedia de deixar sua equipe. 

A síndrome do impostor existe, mas nem sempre é você quem está minando e sabotando sua carreira. Às vezes, não é síndrome do impostor – é outra pessoa que decide te prejudicar, porque se sente ameaçada por você e não acredita no seu potencial.

Identificar a diferença entre a síndrome do impostor e a pura sabotagem é fundamental para superar a situação o mais rápido possível e encontrar um ambiente de trabalho em que você seja valorizado e saiba que suas contribuições são importantes e reconhecidas.


SOBRE A AUTORA

Mita Mallick é head de inclusão, equidade e impacto na Carta, plataforma que ajuda as pessoas a gerenciar patrimônio, construir negóci... saiba mais