4 maneiras de criar um ambiente de trabalho que preserve a saúde mental
A saúde mental dos trabalhadores norte-americanos despencou na medida em que a pandemia global foi se arrastando. Pesquisa do Conference Board divulgada recentemente revelou que quase 80% dos trabalhadores estão preocupados com sua saúde mental. Três em cada quatro mencionam o estresse e o esgotamento como os maiores problemas.
Se há algo que fica bem claro é que as empresas precisam repensar seu papel na proteção da saúde mental dos funcionários. De acordo com a McKinsey & Company, a mudança de entendimento necessária é nada menos que uma “revolução”. Conforme as expectativas das equipes aumentam em relação ao apoio que receberão em questões de saúde mental, os empregadores precisam responder a essa demanda, se quiserem reter os melhores talentos.
Como psicóloga e coach, identifiquei o que chamo de os “4 Cs” que podem ajudar uma empresa a atender melhor às necessidades de saúde mental de seus funcionários. São eles: comprometimento, cultura, cuidado e comunidade.
COMPROMETIMENTO
Para garantir o compromisso das lideranças em apoiar a saúde mental, é preciso, primeiramente, compreender de verdade por que esse objetivo é importante. Deixar de abordar as preocupações dos funcionários sobre o assunto (ou não abordá-las adequadamente) pode afetar significativamente o desenvolvimento de uma empresa e a sua retenção de talentos no longo prazo.
Se sua organização precisa de um bom motivo financeiro, considere que as perdas corporativas decorrentes de problemas com a saúde mental são significativas, e que não fornecer benefícios nessa área pode sair caro. A Sapien Labs relata que, nos Estados Unidos:
- Somente os transtornos depressivos custam às organizações algo entre US$ 31 bilhões e US$ 51 bilhões por ano em perda de produtividade.
- Um trabalhador com depressão severa se ausenta, em média, 27 dias por ano.
- Para cada US$ 1 investido anualmente em programas de prevenção e intervenção voltados à saúde mental, são economizados de US$ 2 e US$ 4 em outras despesas.
Ao considerar quanto capital sua organização está disposta a investir para melhorar o suporte à saúde mental dos funcionários, lembre-se de que a implementação de estratégias de saúde mental, bem como a oferta de serviços e suporte relacionados ao bem-estar exigem não apenas recursos financeiros, mas também mudanças organizacionais ou de pessoal, realocação e treinamento.
CULTURA
Os empregadores devem criar uma cultura organizacional que tire o estigma dos problemas de saúde mental, normalizando e incentivando o comportamento de buscar ajuda especializada. Para entender como lidar efetivamente com essa mudança, comece avaliando a cultura corporativa atual e se fazendo as seguintes perguntas:
- Quais são as preocupações de saúde mental mais urgentes dos funcionários?
- Até que ponto eles se sentem à vontade para expressar a colegas e gerentes suas preocupações com a saúde mental?
- O quanto estão informados sobre os benefícios e serviços de saúde mental oferecidos pela empresa?
- Os funcionários sentem que seus gerentes são capazes de entender e apoiar suas preocupações com a saúde mental?
- Quais recursos relacionados à saúde mental estão sendo mais utilizados? Quais serviços e benefícios eles consideram mais úteis?
Essa avaliação deve criar uma linha de base para a compreensão de como deve ser a gestão das preocupações de saúde mental na equipe. As descobertas podem embasar decisões sobre mudanças ou acréscimos às ofertas e benefícios de saúde mental dos funcionários.
CUIDADO
Deve-se considerar quais tipos de apoio seriam mais eficazes quando se trata de prevenção e de intervenção. Os cuidados preventivos devem incluir o gerenciamento de talentos, o que requer uma compreensão do design do trabalho, da experiência da equipe e do clima do ambiente de trabalho, bem como de como os funcionários são gerenciados.
SE HÁ ALGO QUE FICA BEM CLARO É QUE AS EMPRESAS PRECISAM REPENSAR SEU PAPEL NA PROTEÇÃO DA SAÚDE MENTAL DOS FUNCIONÁRIOS.
Antes de adicionar novos serviços, avalie as ofertas atuais e sua eficácia ou utilização. Por exemplo, a empresa pode fornecer acesso a uma equipe especializada em saúde mental disponível para atendimento no local, ou dedicar uma de suas instalações a práticas de bem-estar, como ioga ou meditação. Mas, antes, é fundamental entender a viabilidade, o custo e a utilização estimada desses serviços.
Além disso, certifique-se de revisar seus benefícios de saúde mental e de suporte gerencial. Benefícios amplamente oferecidos, como programas de assistência aos funcionários, seguro de saúde mental, licença médica e políticas de reembolso estão em vigor na maioria das empresas, mas os trabalhadores podem não estar bem-informados sobre eles. Com isso em vista, as organizações devem avaliar regularmente suas ferramentas de atendimento e continuar ajustando e otimizando o investimento em saúde mental.
COMUNIDADE
Um dos principais fatores que ajudam a mitigar o estresse é garantir que se desenvolva um senso de comunidade e de conexão no local de trabalho. Pesquisa feita pela Gallup mostra que os gerentes têm impacto direto e diário na criação do senso de comunidade nas equipes. Os líderes têm a responsabilidade de modelar o cuidado autêntico e de oferecer um espaço psicologicamente seguro para as pessoas compartilharem preocupações profissionais ou pessoais.
UM TRABALHADOR COM DEPRESSÃO SEVERA SE AUSENTA, EM MÉDIA, 27 DIAS POR ANO.
Quando uma empresa faz mais do que “falar da boca para fora” que se preocupa com os seus funcionários, quando realmente implementa práticas alinhadas com essa mensagem, ela reforça o senso de comunidade. Um exemplo recente que virou notícia foi quando o LinkedIn ofereceu a todos uma semana de folga para que eles pudessem se recuperar do esgotamento induzido pela pandemia.
Vale a pena defender a saúde mental de seus funcionários? Se sua visão do futuro inclui a retenção de talentos, a resposta é, claramente, sim. Com a pandemia ainda não completamente encerrada, muitos continuam sofrendo para manter o equilíbrio profissional e pessoal – o que é fundamental para honrar os compromissos com o trabalho e para cultivar um bom relacionamento com a empresa. Neste ponto crítico em nosso bem-estar coletivo, os empregadores que abraçarem e apoiarem a saúde mental de seus funcionários sairão vencedores na guerra de talentos.
