Como lidar com pessoas que fingem saber mais do que realmente sabem

Tem gente que finge ter conhecimentos e habilidades que claramente não possui

Créditos: Jametlene Reskp/ Unsplash/ duncan1890/ iStock

Art Markman 4 minutos de leitura

Em alguma medida, todos temos dificuldade na hora de admitir nossas próprias limitações. Isso pode transparecer quando exageramos um pouco na hora de falar sobre nossas habilidades no futebol de fim de semana ou quando deixamos os outros acharem que lemos um livro que, na verdade, nunca lemos (o resumo da internet não conta). Também transparece quando deixamos alguém deduzir que a gente sabe mais sobre um assunto do que de fato sabemos. 

Dito isso, há algumas pessoas no ambiente profissional que passam do limite. São aquelas que sempre deixam transparecer que têm conhecimentos e habilidades que claramente não têm.

Isso pode se tornar um problema, porque as empresas dependem do conhecimento e das habilidades da equipe para ter sucesso. Afinal, dificilmente alguém vai correr atrás de aprender sobre um assunto ou de desenvolver certas habilidades antes de admitir o que sabe e o que não sabe.

Então, o que você pode fazer para evitar isso?

1. Use aquelas duas palavrinhas 

Algumas das pessoas que mascaram ou exageram o quanto sabem são colegas ou (pior ainda) gente acima de você na “cadeia alimentar” profissional. Ao tentar administrar a situação de igual para igual ou com um superior, uma das melhores coisas que você pode fazer é incentivar o comportamento que deseja ver nos outros.

dificilmente alguém vai correr atrás de aprender sobre um assunto antes de admitir o que sabe e o que não sabe.

As duas palavrinhas que as pessoas têm mais dificuldade em pronunciar são, na verdade, “não sei”. Mostrar que está disposto a admitir o que não sabe (ou o que não sabe fazer) é útil porque mostra aos outros que há valor em ser claro sobre o que você entende e o que não entende.

Além disso, você pode dar um passo adiante e realmente trabalhar para preencher essa lacuna lendo sobre um assunto específico ou participando de uma aula ou de um curso. O objetivo final é criar uma empresa que aprende e que valoriza a melhoria contínua.

A tecnologia muda rapidamente e os negócios precisam se adaptar mais rápido do que nunca para acompanhar essa evolução. O que quer dizer que mesmo as pessoas mais instruídas precisam continuar se desenvolvendo o tempo todo. Isso começa com a admissão de que há coisas que você não sabe.

2. Inverta os padrões

Ao falar sobre um novo assunto com alguém, há uma tendência de começar dizendo algo como: “Você conhece X?” O problema com essa pergunta é que, além do desejo de parecer inteligente, há uma tendência natural a sermos cooperativo na conversa. Isso geralmente envolve dizer “sim” a perguntas e acenar com a cabeça junto com os interlocutores enquanto eles falam.

mesmo as pessoas mais instruídas precisam continuar se desenvolvendo o tempo todo, e isso começa com a admissão de que há coisas que elas não sabem.

Se quiser encorajar as pessoas a admitir que há coisas que elas não sabem, você pode reformular a maneira como pergunta sobre o conhecimento delas, de uma forma que dê mais abertura para pedir informações adicionais.

Por exemplo, há muita discussão sobre sistemas generativos de IA. Se você tem alguma experiência nesta área e está conversando sobre isso com um colega, pode começar dizendo: “muito se fala sobre o ChatGPT, mas poucas pessoas entendem como funcionam esses sistemas. Vocês se importam se eu fizer um resumo geral antes de nos aprofundarmos?”

O objetivo aqui é permitir que as pessoas sejam cooperativas, pedindo mais informações.

3. Entre em detalhes

Quando você está tratando com alguém que sempre exagera no que sabe, vale a pena continuar conversando para descobrir como a pessoa vai lidar na prática com as tarefas.

Ser diplomático é importante, mas quando há um padrão de falta de vontade de admitir que não sabe, é preciso ser direto.

Mesmo ao gerenciar colegas ou subalternos, dá para enquadrar a conversa de maneira produtiva. Por exemplo, você pode dizer: “estamos lidando com uma questão semelhante em minha equipe, estou curioso para saber como você vai lidar com isso”.

A pessoa com quem você está falando provavelmente não vai admitir que exagerou seu conhecimento (recorrendo a frases como "vou precisar pensar mais sobre isso..."). Mas, ao se envolver mais profundamente em uma conversa, podem surgir algumas pistas sobre o que a outra pessoa pode querer aprender para ser mais eficaz.

4. Aborde o problema quando possível

Muitas dessas sugestões se concentram em ser diplomático, o que é importante no meio das conversas. Mas, quando há membros de sua própria equipe que estão exagerando sobre seus conhecimentos, você vai ter que ser direto sobre isso.

Quando percebe que há um padrão de falta de vontade de admitir que não sabe, é importante ter uma conversa que se concentre nesse comportamento. A melhor maneira de abordar isso se reunir com a pessoa em questão. Fale sobre o que você notou e dê um ou dois exemplos específicos. Depois, destaque o que você prefere que ela diga.

Esse é o tipo de situação na qual a formulação X, Y, Z funciona bem: “Você fez X, isso causou Y e, no futuro, prefiro que você faça Z”.

Essa estratégia é útil porque se concentra no que alguém fez e não no porquê. Não há necessidade de se aprofundar nos motivos que levam alguém a exagerar em seu conhecimento. Só é preciso que a pessoa saiba que você prefere que ela seja humilde e diga “não sei muita coisa sobre isso”.


SOBRE O AUTOR

Art Markman é PhD e professor de psicologia e marketing na Universidade do Texas e diretor-fundador do Programa nas Dimensões Humanas ... saiba mais