Futuro do trabalho: 3 habilidades que as mulheres precisam aprender a cultivar

Por que capacitar mulheres com habilidades de negociação, teoria dos jogos e defesa de interesses pode ajudar a equidade entre os gêneros

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Kathryn Preston 4 minutos de leitura

Em 2023, quase 80% das empresas relataram ter programas voltados para mulheres como parte de seus esforços de diversidade, equidade e inclusão. Nos EUA, o presidente Joe Biden prometeu US$ 3 bilhões para promover a equidade e igualdade de gênero globalmente em 2024. No entanto, apesar dessas iniciativas, estima-se que a paridade de gênero levará mais 131 anos. Então, por que as mulheres não conseguem avançar?

Como alguém que treina equipes e líderes para criar culturas de trabalho inclusivas para mulheres, estudo as práticas das organizações sobre como elas visam alcançar esse objetivo. A maioria esmagadora não consegue.

Acredito que isso se deve, em parte, ao fato de muitas organizações realizarem sessões de treinamento apenas como um esforço superficial para abordar os desafios que as mulheres enfrentam no trabalho, sem transmitir habilidades práticas que possam ajudá-las a avançar na carreira.

Por exemplo, uma vez participei de um evento de liderança feminina onde fui convidada a ensinar habilidades empresariais de sucesso. Naturalmente, sugeri que ensinasse uma habilidade técnica, como negociação – uma área em que os dados sugerem que as mulheres tendem a ficar atrás dos homens.

No entanto, devido à preocupação de que suas funcionárias usariam o treinamento para renegociar seus salários, a organização me pediu para falar sobre habilidades interpessoais, como escuta ativa e comunicação com empatia.

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Embora as habilidades interpessoais sejam importantes para qualquer líder (independentemente do gênero), as mulheres já se destacam nessas áreas. O que acredito que elas realmente precisam é de acesso a treinamento em habilidades técnicas que vão ajudá-las a crescer profissionalmente.

Antes de tudo, as empresas devem capacitar suas funcionárias com habilidades que ajudem a nivelar o campo do jogo corporativo porque é a coisa certa a fazer. Mas isso também pode proporcionar benefícios para a própria empresa.

Temos aqui três habilidades que as mulheres deveriam desenvolver para aprimorar suas capacidades profissionais.

NEGOCIAÇÃO

Pesquisas sugerem que os homens entram em negociações de duas a quatro vezes mais frequentemente do que as mulheres. Elas tendem a ser menos confiantes que eles na hora de negociar sua remuneração, o que contribui para a disparidade salarial de gênero.

Pesquisadores descobriram que as mulheres mostram maior aptidão para negociar em nome de outras pessoas do que para si mesmas.

As empresas precisam investir em treinamento para que suas funcionárias sejam negociadoras confiantes em uma variedade de cenários. Os líderes devem encorajar as mulheres a se destacar nesse comportamento tradicionalmente centrado nos homens.

Investir nas mulheres para desenvolver essas habilidades protege os interesses da empresa e pode ajudá-las a conquistar um lugar à mesa.

TEORIA DOS JOGOS

Não se faz negócio sozinho. O conceito matemático da teoria dos jogos ensina a pessoa a lidar com os demais participantes, pois modela estratégias de tomada de decisão que se adaptam em tempo real às decisões dos outros atores envolvidos.

As mulheres representam apenas 26% dos graduados em matemática e estatística. Isso significa que menos mulheres são expostas a modelos de tomada de decisão matemática. Muitas precisam confiar em princípios da psicologia e do treinamento em ciências sociais para tomar decisões difíceis. Embora todas as disciplinas sejam importantes, entender abordagens das ciências humanas e exatas é vantajoso para qualquer profissional.

Treinar as funcionárias na teoria dos jogos aprimora suas habilidades inatas para a tomada de decisões racionais e para o trabalho em equipe, além das capacidades de negociação eficazes ao negociar em nome da empresa.

DEFESA DE INTERESSES

Embora alguns acreditem que aumentar o número de mulheres em cargos de chefia ajuda a abrir caminho para outras mulheres chegarem a posições de liderança, os dados não apoiam essa tese. Na verdade, alguns ambientes corporativos muito competitivos atrapalham os esforços das mulheres para trabalharem de forma colaborativa umas com as outras.

Um estudo da Universidade de Yale descobriu que, no caso de currículos idênticos, mesmo as mulheres do corpo docente eram mais propensos a selecionar um candidato do sexo masculino em vez de uma candidata do sexo feminino.

Embora o viés implícito possa destacar as habilidades interpessoais necessárias para reconhecer preconceitos tóxicos que existem mesmo dentro do mesmo grupo, precisamos também reconhecer que essas habilidades interpessoais impactam o modo como avaliamos objetivamente os candidatos.

Em vez disso, eu sugeriria que as mulheres priorizassem o aprendizado de habilidades de advocacy (termo sem tradução para o português, mas que significa defesa de uma causa ou proposta).

    As empresas deveriam priorizar "culturas de recompensa colaborativa", nas quais os funcionários são incentivados a defender e promover uns aos outros. Enquanto os homens se beneficiam profissionalmente do apoio social de outros homens, as mulheres muitas vezes carecem de uma experiência semelhante.

    Culturas de trabalho colaborativas não são apenas mais produtivas, mas também podem ajudar a preparar as mulheres para o sucesso profissional.


    SOBRE A AUTORA

    Kathryn Preston é palestrante, consultora e empreendedora. Ela orienta equipes, organizações e lideranças sobre como construir ambient... saiba mais