5 perguntas para Catherine Petit, da Moët Hennessy e Chandon Brasil
Formada em administração de empresas pela Ecole Supérieure de Commerce de Paris, Catherine Petit iniciou sua carreira em auditoria e consultoria de negócios na Arthur Andersen. Desde 2007, atua na Moët Hennessy, ramo de bebidas do grupo de marcas de luxo LVMH.
Em 2020, assumiu a direção geral da Moët Hennessy no país e o cargo de diretora da vinícola Chandon Brasil em Garibaldi (RS). Nesta entrevista à Fast Company Brasil ela fala sobre liderança inclusiva, a importância do conceito de sustentabilidade para as novas gerações e sobre equilíbrio para garantir qualidade de vida.
O que é inovação?
É estar constantemente se perguntando o que pode ser feito melhor, diferente ou de um jeito mais disruptivo para atender necessidades, acompanhar tendências ou resolver problemas. É sobre olhar para frente, com um olhar diferente, e ser resiliente. É um modo de pensar e deveria ser parte da cultura de todas as empresas.
As cinco qualidades de um líder inclusivo são autoconsciência, curiosidade, coragem, vulnerabilidade e empatia.
Inovação faz parte do DNA de nossas marcas. Estamos sempre buscando aprimoramento, novidade, pioneirismo em processos de produção, matérias-primas, experiências para os consumidores... e aumentando o poder de atratividade das marcas.
Também celebramos a inovação entre nossos times com prêmios em diferentes categorias todos os anos. Adoro trabalhar com brasileiros porque são extremamente criativos e focados em inovação
Qual a habilidade mais importante de um bom líder?
Acredito profundamente em liderança inclusiva. Um líder inclusivo é alguém ciente de seus próprios vieses e limitações e que acredita que precisa considerar diferentes perspectivas antes de tomar decisões. Trabalha de forma colaborativa, justa e respeitosa, empoderando seus funcionários e incentivando o potencial individual. As cinco qualidades de um líder inclusivo são autoconsciência, curiosidade, coragem, vulnerabilidade e empatia.
Um líder capaz de criar um ambiente no qual todos se sintam respeitados, valorizados e capazes de contribuir com seu melhor trabalho estará alimentando o poder coletivo das equipes e aumentando a capacidade da organização de inovar e crescer.
O que o conceito de ESG significa para você e como ele se conecta ao seu trabalho?
ESG é o tema do século. Inclui o cuidado com o planeta, com as pessoas e a busca pela harmonia entre as duas partes. As gerações mais novas estão se tornando cada vez mais sensíveis à questão da sustentabilidade, e é por isso que esse tópico se tornou o número um na agenda das empresas. Mas não é uma questão nova, já estava presente há muito tempo em muitas companhias.
Na Chandon, é parte do nosso DNA. De fato, somos agricultores. Tudo começa nos vinhedos: cultivar uvas requer cuidar da terra de modo que ela possa produzir em quantidade suficiente. Questões como regeneração do solo, redução do uso de pesticidas ou atenção à biodiversidade não são só “uma boa coisa”, são essenciais.
As gerações mais novas estão se tornando cada vez mais sensíveis à questão da sustentabilidade.
A produção de espumante é também uma oportunidade de reduzir de forma constante nossa pegada de carbono, com garrafas mais leves, fornecedores com selo de carbono neutro, reciclagem e uso de energia limpa.
E, é claro, as pessoas, sejam os funcionários e suas famílias, os vinicultores ou qualquer membro da comunidade Chandon estão sempre em nosso foco para conscientizá-las sobre os valores chave por trás da sustentabilidade, como diversidade e inclusão, segurança no trabalho e consumo responsável.
Empresas e marcas que queiram atrair os consumidores jovens devem ser exemplares em termos de ESG. As que agirem hoje vão comemorar amanhã.
O que é qualidade de vida para você?
É ter equilíbrio. Equilíbrio entre vida pessoal e profissional, é claro, visto que preciso me sentir realizada na vida privada para focar e desfrutar da minha carreira. Mas equilíbrio é também sobre mudança de ritmo, alternando momentos intensos com outros mais calmos.
Inovação é um modo de pensar e deveria ser parte da cultura de todas as empresas.
Amo minha vida social, mas preciso também ter meu próprio espaço. Gosto de sentir a adrenalina, mas também valorizo a segurança.
Cuidar da saúde também exige equilíbrio, saber quando parar e descansar para poder se recuperar, se exercitar sem exagero, comer e beber com moderação etc.
Qual o melhor conselho que já recebeu na vida?
Seja sempre você mesma. Quando eu era trainee em uma empresa de auditoria, meu sócio me levou para uma entrevista com o CEO de uma grande companhia para a qual estávamos trabalhando. Durante a conversa, para meu completo horror, ele pediu ao CEO para explicar de novo o que estava dizendo porque não tinha entendido.
Depois da entrevista, perguntei a ele por que tinha feito isso e admitido sua falta de conhecimento. Ele respondeu que é permitido a qualquer pessoa não saber tudo e que a pior coisa é fingir que sabe. Se ele tivesse feito isso naquele dia, teria ficado com um monte de dúvidas e não teria como usar as informações que tinha, pois não as teria entendido.
Foi uma verdadeira descoberta para mim e desde então tenho aplicado isso em minha vida: nunca fingir ser algo que não sou, ser honesta e não ter medo de dizer que não sabe ou que precisa de ajuda.