3 formas de acabar de vez com a “paranoia da produtividade”

Em vez de instalar softwares de monitoramento ou forçar o retorno ao escritório, pergunte às pessoas o que elas precisam para serem mais produtivas

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Art Zeile 4 minutos de leitura

O impacto do trabalho remoto na produtividade dos funcionários é uma questão importante para muitos líderes empresariais. Mais precisamente, 85% afirmam que a mudança para o trabalho híbrido fez com que ficasse mais difícil ter certeza sobre a produtividade dos seus funcionários – um fenômeno que a Microsoft batizou de “paranoia da produtividade”.

As preocupações sobre a capacidade de manter a colaboração e a comunicação entre funcionários remotos provocaram discussões sobre como garantir que as equipes continuem sendo eficazes.

Algumas empresas exigiram um retorno completo ao escritório e/ ou recorreram a soluções de monitoramento de funcionários, como se essas fossem tábuas de salvação para rastrear padrões de trabalho e validar a produtividade.

Mas essa abordagem levanta questões sobre privacidade e autonomia. E autonomia e flexibilidade são benefícios fundamentais para muitos trabalhadores de tecnologia.

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Pesquisas mostram que isso pode afetar os esforços de recrutamento: as empresas que permitem pelo menos um dia de trabalho remoto por semana quase dobraram o número de trabalhadores em relação àquelas que exigem trabalho presencial em tempo integral.

Em vez de arriscar quebrar o pacto de confiança e perder funcionários, talvez os líderes devessem refletir sobre como incentivar a produtividade sem diminuir a flexibilidade e a autonomia.

Para apoiar melhor as pessoas e evitar as armadilhas da paranoia da produtividade, aqui estão três estratégias para construir confiança nas equipes e mantê-las responsáveis.

1. Ouça os funcionários

Ouvir as pessoas e criar uma cultura de confiança garante que elas se sintam respeitadas e inspiradas a dar o seu melhor no trabalho. Para incentivar a confiança, sonde regularmente os funcionários para identificar quais ferramentas e sistemas estão funcionando e quais prejudicam a produtividade. Implemente mudanças que se alinhem com o feedback deles.

Em vez de arriscar quebrar o pacto de confiança, talvez os líderes devessem refletir sobre como incentivar a produtividade sem diminuir a flexibilidade e a autonomia.

Os líderes que estão enfrentando a paranoia da produtividade podem sentir a necessidade de forçar o retorno ao modo presencial. Mas, de acordo com a nossa pesquisa, 60% dos profissionais de tecnologia classificaram o trabalho totalmente remoto como o ambiente mais sonhado. Quase 90% disseram que a oportunidade de trabalhar remotamente seria decisiva na hora de escolher trocar de empresa. 

Nossas pesquisas sugerem que os profissionais de tecnologia preferem o trabalho híbrido ou totalmente remoto porque essas modalidades eliminam o tempo improdutivo de deslocamento e permitem mais tempo de “foco total”.

Pode ser difícil equilibrar o desejo dos funcionários pelo trabalho remoto com as necessidades corporativas. Mas os trabalhadores de tecnologia anseiam por flexibilidade e, por isso, coletar feedback e garantir que os benefícios oferecidos estejam alinhados com suas necessidades pode ajudar muito a aumentar a produtividade e a confiança.

2. Alinhe as ferramentas de colaboração com uma rotina

Sem as ferramentas digitais certas, a colaboração e, em última análise, a produtividade, podem ser prejudicadas em ambientes de trabalho remotos. Ferramentas como Slack, Zoom e Microsoft Teams podem aumentar significativamente a produtividade e, ao mesmo tempo, mitigar a necessidade de medidas invasivas de monitoramento.

Essas plataformas oferecem um ecossistema dinâmico que facilita práticas ágeis, promovendo comunicação contínua, compartilhamento de informações e trabalho coeso em equipe. Mas isso apenas as ferramentas forem implementadas dentro de uma rotina.

Para obter o retorno da produtividade, considere realizar reuniões diárias curtas junto com a implementação de novas ferramentas – um componente central das metodologias eficientes.

Essas comunicações diárias de acompanhamento não apenas melhoram a comunicação como também permitem que as equipes compartilhem o progresso, enfrentem desafios e mantenham o andamento sincronizado dos projetos.

Ao integrar ferramentas de colaboração em uma rotina bem definida, você pode garantir que suas equipes estejam sempre alinhadas em relação aos objetivos e processos.

3. Priorize os resultados-chave

Não se preocupe com quantas horas os funcionários ficam online. Aproveite os objetivos e os resultados-chave para impulsionar a produtividade sem paranoia.

Os resultados-chave fornecem uma estrutura que orienta as equipes para avançarem consistentemente em direção a metas corporativas predeterminadas.

Com resultados-chave é possível atingir os objetivos da empresa dividindo-os em etapas viáveis e avaliando o progresso de forma a incentivar a melhoria contínua.

coletar feedback e garantir que os benefícios oferecidos estejam alinhados com suas necessidades pode ajudar muito a aumentar a produtividade e a confiança.

Uma abordagem centrada em resultados-chave muda o foco da quantidade de trabalho para os resultados. É que, ao contrário da crença popular, o aumento da mão-de-obra não se correlaciona diretamente com melhores resultados.

Este princípio é particularmente evidente na codificação, onde a elaboração de soluções simplificadas que alcançam o mesmo resultado com menos código mostra a elegância da resolução eficiente de problemas.

A paranoia da produtividade está aumentando para muitos líderes empresariais. Mas, ao ceder à paranoia, corre-se o risco de perder a confiança dos funcionários. Antes de implementar um software de monitoramento ou forçar o retorno integral ao escritório, tente sondar as pessoas sobre o que elas precisam para serem mais produtivas.

Ao fornecer ferramentas de colaboração, definir resultados-chave alcançáveis e ouvir os funcionários, você tem tudo para promover um ambiente de trabalho verdadeiramente produtivo, caracterizado pela confiança mútua.


SOBRE O AUTOR

Art Zeile é CEO do marketplace de carreiras em tecnologia Dice e de sua controladora, DHI Group, Inc. saiba mais