Billie Eilish vai lançar uma versão do seu último álbum em vinil “sustentável”

Processos de reciclagem e reaproveitamento permitiram que a artista reduzisse o desperdício, apesar da variedade de tipos de discos físicos que está lançando

Créditos: Billie Eilish/ Freepik

Hunter Schwarz 3 minutos de leitura

Billie Eilish está tentando fazer com que o formato físico da música seja mais ecologicamente correto. A artista anunciou um lançamento mais sustentável para seu novo álbum, "Hit Me Hard and Soft". Em seu site estão listadas as práticas sustentáveis que a equipe adotou para cada tipo de vinil (são oito) que chega ao mercado.

A versão preta padrão é feita de vinil preto reciclado e as variantes coloridas, de vinil eco-mix, que é produzido usando sobras de outros vinis, ou biovinil, composto de materiais que incluem óleo de cozinha usado.

Apesar de o consumo de música ter se tornado majoritariamente digital, com o aumento dos downloads e do streaming, a música física continua popular entre os fãs, e não necessariamente com o objetivo de ouvi-la. 

Cada vez mais, se trata de um item de recordação. Na verdade, cerca de metade dos compradores norte-americanos que adquirem LPs de vinil nem têm um toca-discos em casa, segundo um relatório da empresa de dados de vendas de música Luminate.

Para os músicos, o lançamento de várias versões de um álbum tem a vantagem de aumentar as vendas e, portanto, a posição nas paradas de sucesso quando os fãs compram mais de uma versão. Mas Eilish já se manifestou contra isso.

Crédito: Billie Eilish

A ênfase de Eilish na sustentabilidade de seu terceiro álbum de estúdio veio depois de ela ter dado uma declaração à Billboard, em março, dizendo que achava um desperdício os músicos lançarem várias edições de seus álbuns “só para que os fãs continuassem comprando mais”. 

Embora ela não tenha mencionado o nome de nenhum artista específico, algumas pessoas interpretaram a declaração como uma referência a Taylor Swift, que lançou seis vinis de "Midnights", cinco de "1989" (Taylor's Version) e dez de "Folklore".

“É um desperdício tão grande! Fico irritada com o fato de ainda estarmos em um estágio em que os artistas se preocupem tanto com os números e em ganhar dinheiro”, disse Eilish.

o lançamento de várias versões tem a vantagem de aumentar as vendas e a posição nas paradas de sucesso.

Apesar de criticar os artistas por seus lançamentos em várias versões, Eilish aderiu ao movimento. Além das oito versões em vinil, seu novo álbum também está disponível em CD e cassete. Mas o site da artista explica as medidas que sua equipe tomou para reduzir o desperdício.

A embalagem dos discos de vinil é feita de papel reciclado, impresso com tinta à base de plantas e verniz de pulverização à base de água. Seus pôsteres são feitos de papel reciclado e os produtos são enviados em caixas de transporte 100% recicláveis.

Embora a música física produzida de forma mais sustentável possa reduzir o lixo físico, o streaming tem seus próprios custos ambientais por causa da energia necessária para armazenar e transmitir arquivos de áudio digital, de acordo com pesquisadores das universidades de Glasgow e de Oslo.

Crédito: Universal Music

Em seu  estudo sobre o custo ambiental do streaming, os pesquisadores compararam o equivalente em gases de efeito estufa da produção de plástico para produzir música física com o da geração de eletricidade para música digital. 

O estudo constatou que o equivalente em gases de efeito estufa para armazenar e transmitir arquivos de áudio digital nos EUA em 2016 atingiu entre 200 mil e mais de 350 mil toneladas. Isso é mais do que o equivalente as 157 mil toneladas de gases de efeito estufa necessários para produzir música em 2000, de acordo com o estudo.

Para discos que pretendemos escutar várias vezes, então, chega um ponto em que a música física passa a ser mais sustentável, do ponto de vista ambiental, do que o streaming. Quer dizer, desde que você não decida comprar todas as versões de um álbum que um músico lança com o objetivo de aumentar as vendas.


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