Ferramentas de geração de imagens mostram evolução da IA “criativa”

Designers treinaram uma IA para gerar imagens que reproduzem seus próprios estilos, revelando como a percepção sobre estas ferramentas está mudando

Crédito: Google

Lilly Smith 3 minutos de leitura

Na conferência para desenvolvedores do Google deste ano, foi anunciado um projeto criativo experimental chamado Infinite Wonderland, além de uma nova ferramenta chamada StyleDrop.

O objetivo do projeto era reimaginar visualmente a história de “Alice no País das Maravilhas” com a ajuda de quatro designers profissionais que treinaram um modelo de IA da empresa para gerar imagens que reproduzem seus próprios estilos.

O projeto mostra a ambição do Google de atrair profissionais criativos e revela como as percepções sobre as ferramentas de IA dentro da indústria têm evoluído de forma positiva.

Os designers Haruko Hayakawa, Eric Hu, Erik Carter e Shawna X trabalharam com a empresa por vários meses para aprender a usar o modelo de geração de IA Imagen 2, do Google DeepMind, e, mais especificamente, a ferramenta StyleDrop, que ainda está em desenvolvimento.

Ela permite que os usuários ajustem o modelo para gerar ilustrações que reproduzem seu próprio estilo, usando suas obras como referência.

O produto final, Infinite Wonderland, é uma versão digital de “Alice no País das Maravilhas” que mostra um trecho do livro acompanhado por uma imagem à direita. A interface permite que os leitores cliquem em qualquer frase e gerem uma imagem no estilo de qualquer um dos quatro designers ou do ilustrador original, John Tenniel.

Algumas das imagens dão indícios de que foram geradas por IA – um olho estranho aqui e ali, por exemplo. Mas, no geral, os resultados são surpreendentemente sofisticados e parecem obras autênticas dos artistas. Este é tanto o grande desafio quanto a promessa da nova tecnologia de inteligência artificial.

Por um lado, a IA é vista como uma forma de democratizar o acesso para pessoas que não possuem habilidades criativas, permitindo que produzam suas próprias imagens. Mas também é vista, por alguns, como uma ameaça à indústria. 

Normalmente, se você não consegue fazer algo sozinho, contrata alguém para fazer o trabalho. Será que as ferramentas de inteligência artificial vão acabar com o design como o conhecemos? Isso também levanta questões sobre leis de direitos autorais, falsificações e sobre a própria arte.

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Mas, ao mesmo tempo, estamos vendo uma mudança no pensamento dentro da comunidade criativa, conforme mais profissionais experimentam a tecnologia. Existem casos de uso reais para incorporar a IA no processo criativo. Benefícios tangíveis de trabalhar com um “assistente de estilo generativo”, como o StyleDrop, são descritos em sua página no GitHub.

Hayakawa, diretora criativa freelancer e artista de computação gráfica que já trabalhou com clientes como a revista “Bon Appétit”, tinha dúvidas sobre a IA e não a usava em seu trabalho antes deste projeto. Agora, ela vê a inteligência artificial como mais uma ferramenta em seu arsenal.

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“Não acho que abriria mão do controle criativo, para ser bem sincera. O interessante dessa ferramenta é que ela ainda me permite criar o trabalho, mas também ter uma variação em larga escala com a qual posso fazer todo tipo de coisa.” Usar uma ferramenta de IA “abre um novo mundo de possibilidades”, diz ela.

Matthew Carey, diretor criativo do Google Creative Lab, considera o feedback de Hayakawa um bom sinal. “Esses são sinais positivos para nós – de que essa tecnologia pode ser realmente útil para artistas além dos quatro que participaram do projeto”, afirma Carey.

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O Google Creative Lab trabalha com profissionais de diversas áreas em suas “Lab Sessions”, séries de colaborações experimentais de IA. “Muitas dessas ferramentas que estão saindo dos Labs do Google são vislumbres incríveis do que o futuro da criação pode ser e maneiras de complementar o processo criativo”, diz Carey.

O Google Creative Lab está buscando executar essa proposta rapidamente com o StyleDrop e atualmente explora maneiras de integrá-lo aos produtos da empresa para o grande público.

Carey descreve o Infinite Wonderland como um projeto experimental. “Esperamos usar tudo o que aprendemos, e que os artistas aprenderam, sobre o uso dessa tecnologia para torná-la melhor para eles e para as pessoas em suas comunidades, para construir com ferramentas e alcançar coisas em escala que talvez não pudessem antes”, acrescenta.


SOBRE A AUTORA

Lilly Smith escreve sobre design na Fast Company. saiba mais