Por que a marca de moda H&M investe em energia eólica em Bangladesh

Marcas de vestuário se mobilizam em um esforço para ampliar a energia renovável em Bangladesh, onde estão localizadas milhares de fábricas

Crédito: Sander Weeteling/ Unsplash

Adele Peters 3 minutos de leitura

A rede elétrica em Bangladesh funciona quase inteiramente à base de combustíveis fósseis. Mas um novo parque eólico de grande porte desenvolvido ao longo da costa ajudará a acelerar a transição do país para a energia renovável. Um dos apoiadores desse projeto é surpreendente: a gigante sueca H&M, do ramo de roupas.

A H&M e a Bestseller, marca de vestuário dinamarquesa com mais de 2,7 mil lojas, são os primeiros investidores do parque eólico de 500 megawatts. Cinco a 10 outras marcas de moda com produção no país do sudeste asuático também devem participar.

"Percebemos um enorme potencial para alavancar o investimento de grandes marcas globais de moda em um projeto que contribuirá para a infraestrutura daquele país", declarou Holly Syrett, vice-presidente de programas de impacto e sustentabilidade da Global Fashion Agenda, organização sem fins lucrativos voltada para ajudar o setor da moda a melhorar seu impacto social e ambiental.

O grupo passou um ano e meio trabalhando em um programa de ação coletiva para empresas de vestuário que poderiam ajudar a ampliar em grande escala a energia renovável.

Bangladesh é um centro de produção de roupas que reúne milhares de fábricas. Para esses fornecedores, fazer a transição para a energia renovável não é uma tarefa simples.

O novo parque eólico em Bangladesh deve entrar em operação até 2028.

"O que se observa é a falta de uma infraestrutura básica para viabilizar a eletrificação, e Bangladesh depende muito do gás natural", explica Ulrika Leverenz, diretora de investimentos verdes do Grupo H&M. "Também constatamos que a estrutura legislativa atual não apoia suficientemente a transição para a eletrificação."

A lei atual do país não permite que as empresas usem contratos de compra de energia, por exemplo, um modelo que a H&M e suas contrapartes usam em outras localidades para ajudar a construir novos projetos eólicos e solares.

REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE CARBONO

No ano passado, a H&M criou um programa coletivo de empréstimos verdes para fornecedores e já está ajudando alguns de seus parceiros em Bangladesh a instalar painéis solares e melhorar a eficiência energética. "Eles precisam de apoio financeiro e técnico para reduzir as emissões no ritmo necessário para que as marcas de moda atinjam suas metas com base científica", observa Leverenz.

Ainda assim, a empresa sabia que as soluções em fábricas individuais por si só não seriam suficientes para atingir sua meta: chegar a 100% de eletricidade renovável na cadeia de suprimentos até o final da década.

Com 500 megawatts, o novo projeto eólico ainda não será capaz de atender sozinho às necessidades do setor de vestuário de Bangladesh – seria necessária uma geração de energia cinco a seis vezes maior. Mas a iniciativa fará a diferença para a rede, reduzindo as emissões em 725 mil toneladas métricas por ano.

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Além disso, seu modelo poderá ser replicado com outros projetos de energia limpa, segundo Syrett. A mesma abordagem poderia ser usada em outros países com grandes indústrias de confecção de roupas, como o Vietnã.

O novo parque eólico em Bangladesh deve entrar em operação até 2028. A Copenhagen Infrastructure Partners, empresa dinamarquesa de investimentos especializada em projetos de energia eólica, está trabalhando agora no primeiro estágio de desenvolvimento.

Enquanto isso, a Global Fashion Agenda e empresas como a H&M estão pressionando por mudanças na política de Bangladesh, para ajudar a acelerar outros projetos de energia limpa.


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais