Evolução da IA faz crescer as preocupações com segurança e privacidade
Líderes de empresas estão empolgados com o potencial da inteligência artificial autônoma, mas ainda têm preocupações legítimas com privacidade de dados, segurança e compliance

A inteligência artificial está evoluindo a passos largos. Novos modelos são lançados a toda hora, recursos que antes eram considerados premium agora são rapidamente igualados ou superados por alternativas gratuitas e há mais preocupação com a segurança da IA.
Um exemplo disso é a OpenAI, que lançou a ferramenta Deep Research, capaz de gerar relatórios detalhados sobre temas complexos em poucos minutos dentro de seu plano Pro, que custa US$ 200 por mês. Mas concorrentes como a Perplexity já oferecem acesso gratuito a recursos semelhantes.
Com menos inovações disruptivas surgindo, grandes empresas como OpenAI, Anthropic e xAI agora disputam a liderança do setor com pequenas melhorias na capacidade de busca e raciocínio de seus modelos.
À medida que os preços da IA caem e as diferenças de desempenho diminuem, a novidade deixa de ser uma prioridade e o foco passa a ser o valor real que essas tecnologias podem trazer para os negócios.
UMA NOVA ERA PARA A IA
A IA autônoma está mudando as regras do jogo. Segundo o Gartner, até 2028, cerca de 33% dos softwares empresariais terão inteligência artificial autônoma integrada – um salto enorme em comparação com os menos de 1% registrados em 2024.
Além disso, estima-se que 15% das decisões operacionais diárias poderão ser tomadas por agentes de IA, aumentando a produtividade e permitindo que os funcionários se concentrem em tarefas mais estratégicas.
Não por acaso, a OpenAI – que levou anos para lançar o ChatGPT “sem saber exatamente quem seriam seus clientes”, de acordo com seu CEO, Sam Altman – agora está apresentando seu primeiro roadmap de produto. Nada demonstra mais maturidade de mercado do que um planejamento sólido de lançamentos.
Durante a AI Action Summit, em Paris, onde a União Europeia anunciou um investimento de € 200 bilhões em IA, o investidor Finn Murphy comentou no X/ Twitter: “parece que a era dos grandes avanços técnicos ficou para trás. Agora, entramos na era das regulamentações, parcerias estratégicas e grandes aportes financeiros.”
A SEGURANÇA DA IA PASSA A SER PRIORIDADE
Com a evolução do setor, a preocupação com a segurança da IA cresce, especialmente no ambiente corporativo. Uma pesquisa do Boston Consulting Group (BCG) revelou que 76% dos executivos de alto escalão reconhecem que suas estratégias de cibersegurança para IA ainda precisam ser aprimoradas. Na verdade, esse número deveria estar mais próximo de 100%.
Para esses líderes, a privacidade e a segurança de dados são os principais desafios da inteligência artificial. Além disso, questões regulatórias e de compliance também estão no radar.
Essas preocupações são justificadas: sistemas baseados em IA criam novas vulnerabilidades para ataques cibernéticos. Especialistas em segurança já conseguiram “quebrar” todos os modelos mais avançados até agora.

Mas foi a chegada repentina do DeepSeek que colocou a segurança da inteligência artificial no centro das discussões.
Curiosamente, empresas e consumidores demonstram receio de compartilhar dados com uma companhia chinesa, mas não questionam as empresas dos EUA ou da Europa – mesmo que suas políticas de uso de dados sejam muito semelhantes. A segurança deve ser uma prioridade para todas as IAs, independentemente de sua origem.
A história nos mostra que criminosos costumam ser os primeiros a explorar novas tecnologias – desde fraudes bancárias até golpes por telefone, SMS e e-mail. Em um cenário no qual agentes de IA têm acesso a sistemas internos e informações sensíveis, as consequências de um ataque podem ser devastadoras.
MUDANÇA DE ESTRATÉGIA
Dizem que a melhor defesa é o ataque. No contexto da tecnologia, isso significa investir em testes contínuos de segurança da IA, simulando ataques para identificar vulnerabilidades antes que os sistemas sejam implementados – algo tão fundamental quanto o desempenho dos modelos.
A segurança da IA deve ser tratada como prioridade em todas as etapas do desenvolvimento e escolha de um modelo, e não apenas como um detalhe a ser corrigido depois que algo dá errado.
a chegada repentina do DeepSeek colocou a segurança da IA no centro das discussões.
Tanto quanto o custo, a relação segurança-desempenho será um dos principais critérios na seleção de modelos e aplicativos. Esse é um caminho sem volta para garantir que a inteligência artificial seja implementada de forma segura e eficaz.
Um trecho interessante do relatório do BCG ressalta: “a interface intuitiva e amigável da IA generativa pode mascarar a disciplina, o comprometimento e o esforço necessários para sua implementação no ambiente corporativo.”
De fato, adotar a inteligência artificial exige planejamento e trabalho. Mas os benefícios podem ser imensos. Assim como o avanço dos softwares impulsionou a inovação e a produtividade em diversas indústrias, a IA autônoma tem o potencial de transformar radicalmente todos os setores – desde que a segurança seja prioridade desde o início.