Gen Z prefere pagar caro a fazer serviços como trocar lâmpada
Pesquisa de rede varejista mostra que o 'faça você mesmo' foi trocado pelo 'chame os outros para fazer por você'

Trocar a lâmpada da sala, colocar quadros na parede, instalar um chuveiro (ou substituir a resistência) ou fazer o reparo de uma dobradiça que está rangendo parecem ser atividades comuns para parte das pessoas. Sim, para uma parte, porque a Geração Z prefere pagar e ter um profissional em casa para resolver essas rotinas de cuidados com a casa ou o carro, o faça-você-mesmo.
Pesquisa feita pela Halford, maior rede varejista de produtos e serviços de automobilismo e ciclismo do Reino Unido, mostra que esses consumidores, nascidos entre 1997 e 2012, não querem colocar a mão na massa quando se trata de fazer algum tipo de reparo doméstico.
A conclusão é que os britânicos estão deixando de ser uma nação de DIY-ers (iniciais da expressão Do It Yourself”, ou 'faça você mesmo") para se tornarem GOTDITs (iniciais em inglês de 'Get Othes To Do It' ou, em livre tradução, 'Faça com que outros façam isso').
MAIS DE R$ 9 MIL PARA PEQUENOS REPAROS
Claro que a decisão de delegar a um profissional as pequenas atividades manuais tem um custo. Segundo o levantamento, conduzido pela Mortar Research junto a 2.012 adultos do Reino Unido em dezembro passado, a Geração Z gasta, em média, £ 1.300.
Em moeda local, o valor é equivalente a cerca de R$ 9.316,20 (cotação no dia 5/02) desembolsados para que alguém faça o que provavelmente poderia ser feito pelos jovens adultos. Bastaria um pouco de conhecimento básico sobre ferramentas e algumas outras habilidades pontuais.
Porém, entre as gerações mais maduras a conta é bem menor. Os adultos da Geração X gastam por ano, em média, £ 386 (ou R$ 2.765). A despesa cai para £ 253 (ou R$ 1.812) entre os Baby Boomers.
CHAVE DE FENDA? NÃO CONHEÇO
O desinteresse por pequenos reparos em casa ou na garagem é generalizado. Quer um exemplo? Um quinto da Geração Z não sabe o que é uma chave inglesa e 30% não tem a habilidade de identificar uma chave de fenda.

Chama atenção ainda o fato de quase um quarto dessa faixa etária não conseguir trocar uma lâmpada de teto. O motivo para 20% é que subir uma escada seria "muito perigoso" e 24% justificaram ter preocupação com a temperatura do item.
Enquanto isso, 68% da Geração Y não substituiriam uma lâmpada porque "não gostariam de mexer com eletricidade". Ao todo, 22% da Geração Z pediria ajuda a um dos pais. Na Geração Y, o número cai para 19%.
NÃO SABEM CALIBRAR O PNEU
Outra revelação da pesquisa é que apenas um terço consegue identificar uma bateria de carro no compartimento do motor.
Veja outras curiosidades sobre a relação da Geração Z com os veículos:
- 57% dizem que saberiam como encher um pneu de carro - algo que pode ser feito facilmente em qualquer posto de gasolina.
- Ao todo, 22% disseram que precisariam de um profissional para fazer a calibragem e outros 22% responderam que precisariam de um pai para fazer isso.
- 35% conseguiriam instalar a palheta de limpador de para-brisa sem ajuda (algo que leva cerca de um minuto e meio) e 44% pagariam um profissional para fazer isso.
- 27% revelaram a necessidade de um profissional para limpar o carro e um em cada dez (9%) dizendo que chamaria um pai para a faxina.
TAREFAS PERDIDAS ENTRE OS MAIS JOVENS
"Os resultados mostram muito claramente que a capacidade de fazer tarefas básicas e práticas está sendo perdida entre as gerações mais jovens", declarou em material oficial Andy Turbefield, especialista em automobilismo da Halfords.
"O conhecimento sobre automobilismo em particular parece estar em declínio, com muitos relutantes em assumir até mesmo as tarefas mais básicas, como substituir limpadores de para-brisa", acrescentou Turbefield. Para a empresa, a solução foi passar a oferecer alguns desses serviços.
Pode ser a hora de dar "uma folga aos adultos mais jovens", avalia o especialista. Turbefield justifica que os compartimentos do motor dos veículos hoje são mais complicados do que quando a Geração X e os Baby Boomers.
E NO BRASIL?
O comportamento do consumidor mais jovem em relação ao faça-você-mesmo, como disse o especialista da Halfords, se tornou uma oportunidade de negócio para a rede varejista. No Brasil, no entanto, os novos hábitos ainda não se traduziram em estratégia de segmentação.
As maiores seguradoras com atuação no país costumam oferecer a possibilidade de incluir nos contratos uma série de serviços de manutenção residencial. Por exemplo, troca de torneira e limpeza de calha.
Marcelo Sebastião, diretor de Porto Serviço, explica que a demanda recebida por esses serviços é bem dividida entre as faixas etárias, tanto nos serviços residenciais quanto para veículos. Por ora a seguradora não identifica uma tendência de crescimento das demandas pela Geração Z
"As assistências da Porto Serviço atendem tanto emergências, quanto manutenções preventivas. É aí que as faixas etárias acabam se misturando", diz o executivo. Hoje, entre os serviços residenciais com maior demanda estão a limpeza de estofados, limpeza de ar-condicionado e instalações de eletrodomésticos.