Onde se faz mais Pix? E o valor mais alto? Veja estas e outras curiosidades
Censo feito pela FGV mostra quem faz mais e menos transações por Pix, as diferenças de valores; a média mensal de usuários ativos superou 60% da população brasileira em 2024

Depois de quatro anos desde o seu lançamento, o Pix atropelou o dinheiro e assumiu a liderança como o principal meio de pagamento usado pelos brasileiros.
Em dezembro do ano passado, de acordo com dados do Banco Central (BC), cerca de 150 milhões de pessoas físicas fizeram ao menos uma transação de pagamento utilizando o meio de pagamento instantâneo.
Pesquisa divulgada recentemente pelo Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira (FGVCemif), da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) revelou que, apesar da adesão ser tão grande, o comportamento tem entre os usuários é muito diferente.
O RETRATO DO USUÁRIO DO PIX
O estudo "Geografia do Pix", feito por Fabricio M. Trevisan, Lauro Gonzalez, Eduardo H. Diniz e Adrian Cernev, revela, por exemplo, que a média mensal de usuários ativos do Pix superou 60% da população brasileira em 2024. Cada usuário do Pix fez, em média, 32 transações por mês no ano passado.
O Distrito Federal teve a maior adesão. Ao todo, 77% dos moradores utilizaram o Pix. Já o Piauí foi o estado com menor adesão, cm apenas 54,7% de usuários.
O raio-X mostra ainda que a população do Amazonas é a que mais realizou transações por Pix (48). Já os catarinenses são os que fizeram menos operações (25).
O ESTADO COM VALOR MAIS ALTO
Em 2024, o valor médio das transações via Pix foi cerca de R$ 191. Apesar de São Paulo, com uma média de 29 operações por mês, ser o estado mais rico do país, o valor médio das transações - R$ 221,72 - ficou com o segundo lugar, atrás de Mato Grosso, com média de R$ 272,44.
Já os estados com menor valor médio de operações via Pix foram Amazonas e o Amapá, com, respectivamente, R$ 119 e R$ 129 apontados pela pesquisa.
O estado com maior frequência de uso do Pix é o Amazonas - cada usuário realizou, em média, 47 transações por mês em 2024. No entanto, é desse estado o menor valor médio das transações. Os dois números indicam para o uso incorporado aos hábitos cotidianos, com transações frequentes e de baixo valor. Santa Catarina, por sua vez, ficou em último lugar, com 25 transações/usuário/mês.
MAIS OPERAÇÕES
Ainda de acordo com o levantamento feito pelos pesquisadores, o número de operações com Pix por usuário é maior nos estados das regiões Norte (41) e Nordeste (37). No entanto, o volume é menor no Sul (27) e Sudeste (30).
O comparativo, sugere, segundo o censo, que aqueles aderem ao Pix nas regiões de menor renda tendem a usar o meio de pagamento mais vezes.
PARACAIMA, O FENÔMENO
Segundo os pesquisadores, um pequeno município de Roraima, Pacaraima, com 22.104 habitantes (dados do IBGE), possuía no ano passado mais de 5 usuários do Pix para cada habitante registrado no Censo.
A cidade apresentou uma média de 106.104 usuários do Pix por mês em 2024. Acredita-se que o número tenha relação com o fluxo migratório na região, que é divisa com a Venezuela e recebe muitos imigrantes.
“No futuro, o Pix deve expandir para novos serviços, como crédito, troco, saque e transações internacionais. No entanto, fraudes e segurança digital seguem como desafios a serem mitigados”, diz Gonzalez, coordenador do FGVCemif, em nota.
A METODOLOGIA
Os dados usados no censo da FGV foram obtidos nas Estatísticas do Pix por Município referentes ao ano de 2024, disponíveis na Plataforma de Dados Abertos do BC, e do cruzamento de dados do Pix com dados do Censo Demográfico de 2022, disponibilizado pelo IBGE.
Foram selecionadas apenas transações de pagamento feitas por pessoas físicas. A partir desses dados, segundo os pesquisadores, foram desenvolvidos três indicadores:
3. Valor médio da transação: Valor total transacionado em determinada área geográfica, dividido pelo total de transações realizadas nessa mesma área.
1. Adesão: Quantidade de pessoas cadastradas no Pix com residência em determinada área geográfica e que utilizaram o Pix ao menos uma vez no mês, dividida pela população total dessa mesma área;
2. Frequência de uso: Quantidade de transações realizadas em determinada área geográfica, dividida pela quantidade de usuários dessa mesma área;