Pix por aproximação: carteira digital fica mais atraente com novas funções
A novidade pode ser incluída em carteiras digitais, como Google Pay; vida do cliente fica mais fácil, já que não será necessário acessar o app do banco a cada operação

O uso do Pix como alternativa ao uso de dinheiro, cartão de crédito e débito é crescente, mostram os dados do Banco Central (BC). A autoridade monetária anunciou recentemente a previsão de novas funcionalidades no segundo semestre deste ano, como o Pix em garantia, autoatendimento do Mecanismo Especial de Devolução (MED) e o Pix parcelado.
O fato de ser um pagamento instantâneo, que leva até 10 segundos para ser processado, é um dos principais atrativos do recurso.
Mas em uma época em que as pessoas querem desperdiçar nem sequer alguns segundos, ainda há quem ache que entrar no aplicativo do banco com seus dados seja uma operação que leva tempo demais.
NOVA OPÇÃO PARA O PIX
A funcionalidade mais recente disponibilizada pelo BC está em operação há 40 dias. Com o novo recurso, as instituições financeiras passaram oferecer o Pix por aproximação – em que basta encostar o celular ou smartwatches na maquininha, por meio da tecnologia Near Field Communication (NFC). Com isso, dá para fazer uma operação via aplicativo do banco ou da carteira digital (ou wallet) oferecida por instituições autorizadas pelo BC.
No caso das compras pela internet, um clique é suficiente para concluir a compra, dispensando a leitura do Código QR ou usar a função Copia e Cola do Pix (que continuam valendo). O processo acontece dentro do site da empresa ou do vendedor.
PASSO A PASSO
Segundo a autoridade monetária, é necessário vincular a conta bancária a essa carteira para ativar o Pix por aproximação, seguindo a mesma lógica dos cartões de pagamento. Na hora da vinculação da conta, o cliente será automaticamente direcionado para a instituição na qual possui conta para confirmar a autorização.
Ainda de acordo com o BC, após a vinculação da conta, no momento do pagamento, basta optar pelo pagamento por Pix, aproximar o celular, revisar as informações do pagamento e confirmar. As transações terão um valor máximo padronizado de R$ 500. Será preciso fazer um ajuste – para mais ou para menos – caso o cliente deseje outra cifra máxima.
A novidade entre os recursos do Pix guarda semelhança com o pagamento por aproximação com cartão de crédito ou débito.
GOOGLE PAY
Até agora, apenas o Google Pay (carteira digital do Google) está cadastrado no Banco Central como iniciadora de pagamento. Com isso, as instituições financeiras associadas ao open finance, que envolve o compartilhamento de dados entre elas, terão de estar no Google Pay.
Até que a Apple Pay e a Samsung Pay estejam registradas no BC, apenas os dispositivos móveis do sistema Android (que usam o Google Pay) poderão ser habilitados para o Pix por aproximação.
SEGURANÇA E PRATICIDADE
Entre as instituições financeiras que passam a oferecer o Pix por aproximação por meio do Google Pay estão o Santander e a Getnet, empresa de tecnologia para meios de pagamento da PagoNxt, do Grupo Santander.
A nova funcionalidade permite que clientes realizem pagamentos automaticamente a partir da Carteira do Google, apenas aproximando seus dispositivos móveis das maquininhas habilitadas.
Izabella Belisário, diretora de Pagamentos e Serviços Pessoa Física do Santander, diz que a novidade “reforça o compromisso do Santander em oferecer soluções de pagamento que combinam inovação, conveniência e segurança, sempre com foco na melhoria da experiência do cliente.”
NFC E A CRIPTOGRAFIA
Os clientes pessoas jurídicas da Getnet poderão oferecer a nova solução de pagamento em suas maquininhas, o que aumenta a praticidade e a segurança à experiência do consumidor. Isso porque a tecnologia NFC garante segurança avançada por meio de criptografia e autenticação biométrica, protegendo os dados dos usuários.
Além disso, a agilidade nas transações garantirá um atendimento mais rápido e uma experiência de compra mais fluida, segundo a empresa. “O rollout para os clientes do Santander será realizado por grupos, com previsão de término para o meio de março”, informa.
Mayra Borges, vice-presidente de Negócios da Getnet, afirma que inovação representa um passo importante na evolução dos pagamentos digitais no Brasil. “Essa tecnologia aplicada ao Pix não só facilita o dia a dia do cliente, mas traz também uma padronização e melhora importante na experiência do nosso consumidor”, diz.
Ainda segundo a vp, isso quer dizer que todo usuário com acesso a um device Android com NFC poderá pagar com Pix por aproximação nas maquininhas Getnet “com a mesma experiência de pagamentos que já tem com o cartão.”
FUTURO DAS CARTEIRAS
As carteiras digitais têm evoluído rapidamente e hoje oferecem um portfólio diversificado de serviços financeiros, detalha Gustavo Lino, diretor executivo da INIT.
Além dos pagamentos instantâneos via Pix e transferências bancárias, elas permitem pagamentos de boletos e contas, recargas de celular e transporte público, além da oferta de cartões virtuais e físicos nas modalidades crédito e débito.
Outro movimento importante é a crescente oferta de crédito e seguros diretamente dentro dos wallets, o que democratiza o acesso a esses serviços. No entanto, o que realmente deve transformar o setor é a evolução da iniciação de pagamentos dentro do Open Finance”, aponta Gustavo Lino.
Com tanta inovações, no futuro, as wallets deixarão de ser apenas um meio de pagamento para se tornarem hubs financeiros completos, completa Gustavo Lino.
PESQUISA
Ainda segundo o executivo da INIT, o Brasil é um dos países com maior adoção de carteiras digitais no mundo. Estudo da PYMNTS em parceria com o Google, divulgado em setembro do ano passado, aponta que 84% dos brasileiros usaram carteiras digitais nos últimos 12 meses.
O uso, completa o executivo, não se limita a pagamentos. Ao todo, 47% dos entrevistados utilizaram carteiras para pagar contas e 27% para realizar compras online, demonstrando que essas soluções já fazem parte do cotidiano financeiro de parte da população.
A expectativa é de que a tendência de crescimento persista, impulsionada pela digitalização dos serviços financeiros e a popularização do Pix. “No entanto, ainda há desafios para expandir o uso das carteiras digitais no país, como a experiência do usuário em pagamentos online e a integração com grandes varejistas”, ressalva.
O QUE EXPLICA AS ADESÕES
Grande parte da adesão ao pagamento por aproximação se dá devido a praticidade que o método proporciona. A segurança é outro atrativo, já que dispensa a inserção de senhas em locais públicos, diz Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma.
Estudos da Experian, cita Bulla, indicam que 87% dos brasileiros consideram as wallets seguras. Entre os mecanismos mais utilizados para proteção dos usuários estão a autenticação biométrica, a criptografia avançada e a tokenização de dados, que reduzem riscos de vazamento de informações sensíveis.
GEN Z E MILLENNIALS
Os usuários de wallets se concentram principalmente entre os mais jovens, como a Geração Z e os Millennials, mais atentos às tendências digitais e aos meios que, de alguma forma, garantam mais agilidade em atividades do dia a dia.
Entretanto, segundo Bulla, a adesão se mostra mais consistente entre as classes A e B e em regiões com maior poder aquisitivo, como Sul e Sudeste.
“Isso demonstra a existência de barreiras econômicas e a falta de divulgação dos benefícios do pagamento por aproximação.” Para avançar, o especialista acredita na necessidade de mostrar a quem ainda não aderiu que suas necessidades podem ser atendidas, enfatizando-se a segurança e a comodidade.