IA gasta (muito) mais energia do que você imagina; veja projeções até 2030

Relatório da Agência Internacional de Energia alerta para o impacto crescente dos centros de dados de IA, que podem consumir mais eletricidade do que setores industriais inteiros

Rostos de robôs em perfil, com um dos rostos em vermelho, ao centro
Relatório da Agência Internacional de Energia revela que centros de dados de IA podem consumir mais energia do que grandes setores industriais. Veja os riscos e oportunidades. Crédito: Wildpixel/Getty Images.

Flávio Oliveira 2 minutos de leitura

A crescente adoção da Inteligência Artificial (IA) em escala global está prestes a causar uma revolução energética. De acordo com um novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA), o consumo de eletricidade pelos centros de dados dedicados à IA deve quadruplicar até 2030, atingindo níveis próximos ao consumo energético atual do Japão.

O relatório, primeiramente repercutido pelo The Guardian, destaca que, nos Estados Unidos, o uso de energia apenas para processamentos relacionados à IA superará o consumo somado da produção de aço, cimento, produtos químicos e demais setores industriais intensivos em energia.

Atualmente, um único centro de dados pode consumir o equivalente a 100 mil residências, mas os novos projetos que estão sendo construídos podem exigir até 20 vezes mais. Ainda assim, o relatório afirma que os temores de um impacto climático catastrófico são, por ora, “exagerados”.

“Com a ascensão da IA, o setor energético está na linha de frente de uma das revoluções tecnológicas mais importantes do nosso tempo. A IA é uma ferramenta, potencialmente poderosa, mas cabe a nós — nossas sociedades, governos e empresas — decidir como usá-la”, afirmou Fatih Birol, diretor executivo da IEA.

A expectativa é que a IA ajude a aumentar a eficiência dos sistemas energéticos, otimize o uso de fontes renováveis e promova avanços em áreas como planejamento urbano, mobilidade e até mineração de minerais críticos para a transição energética.

Entretanto, a agência também alerta que ações governamentais serão essenciais para mitigar os impactos negativos. O crescimento descontrolado da IA pode provocar efeitos adversos como:

  • Reabilitação de usinas a carvão e gás natural para suprir demanda;
  • Aumento das emissões de gases do efeito estufa;
  • Consumo excessivo de água potável para resfriamento de centros de dados, inclusive em regiões áridas.

“Em vez de fornecer recomendações práticas aos governos sobre como regular e, assim, minimizar o enorme impacto negativo da IA e dos megacentros de dados no sistema energético, a IEA e seu diretor Fatih Birol estão oferecendo um presente de boas-vindas à nova administração Trump e às empresas de tecnologia que a apoiam”, criticou Claude Turmes, ex-ministro da Energia de Luxemburgo e ex-parlamentar verde europeu.

O relatório destaca ainda que a IA pode reverter os ganhos recentes de eficiência energética em países desenvolvidos, ao estimular uma nova onda de consumo impulsionada pela pressão do mercado e pela demanda por dados em tempo real.

As projeções de futuro trazem uma conclusão clara: a Inteligência Artificial (IA) é promissora, mas sem regulação e planejamento energético, seu avanço pode representar uma nova crise para a sustentabilidade global.


SOBRE O AUTOR

Jornalista pela Universidade Federal de Pernambuco e mestrando em Ciências da Comunicação pela Universidade do Porto. Com passagem pel... saiba mais