Volatilidade, golpes, roubos: mercado de criptomoedas vive momento difícil

Que diferença fazem dois dias. No domingo (dia 02), o presidente Donald Trump anunciou seus planos para o governo dos EUA criar uma nova "Reserva Estratégica de Criptoativos". A notícia fez com que os preços no mercado de criptomoedas disparassem, algo que o setor precisava, após semanas de queda.
No entanto, menos de 48 horas depois, os preços despencaram. Desde o anúncio, as principais criptomoedas do mercado, incluindo Bitcoin, Ethereum, XRP e Solana, chegaram a registrar queda próxima ou superior a dois dígitos percentuais. O Bitcoin vive dias de alta volatilidade, com o preço oscilando mais de 5% ao dia.
Muitas das principais moedas-meme (memecoins) populares, como Dogecoin e Shiba Inu, também despencaram. O recente colapso das criptomoedas eliminou US$ 300 bilhões do valor total do mercado de criptoativos, segundo a CNBC TV18.
Essas variações de preço se devem principalmente ao próprio Trump – ou melhor, às tarifas que ele impôs às importações vindas do México e do Canadá. Mas por quê?
O presidente confirmou que seguirá adiante com sua decisão de impor tarifas de 25% sobre produtos de dois dos seus maiores parceiros comerciais. E não para por aí: Trump também impôs tarifas de 20% sobre determinados produtos importados da China, de acordo com a agência Reuters.
Os três países retaliaram com tarifas sobre produtos dos EUA, o que significa que será mais caro para empresas chinesas, mexicanas e canadenses comprarem produtos norte-americanos, reduzindo a demanda por esses bens e prejudicando as empresas dos EUA que os fornecem.
Além disso, grande parte do mundo pode ter acabado de entrar em uma guerra comercial, incluindo as nações por trás das duas maiores economias do planeta.
Criptomoedas são ativos altamente voláteis – seus valores podem oscilar 10% ou mais em um só dia.
Do ponto de vista econômico, há poucos benefícios em guerras comerciais. Os preços sobem, a demanda cai, salários e empregos podem ser perdidos e o impacto negativo na atividade econômica pode fazer os mercados despencarem.
É aí que entra o colapso do mercado de criptomoedas.
Elas já são ativos altamente voláteis. Seus valores podem oscilar 10% ou mais em um único dia de negociação. Essa volatilidade as torna um dos primeiros ativos que os investidores costumam vender quando há sinais de que a economia pode estar entrando em uma fase instável.
Os investidores odeiam volatilidade porque ela aumenta o risco. E uma maneira de se proteger disso é se desfazer de ativos mais suscetíveis a esses cenários. Para onde vão os preços das criptomoedas a partir daqui, é uma incógnita.
O MAIOR ROUBO DO MERCADO DE CRIPTOMOEDAS
Além da volatilidade inerente ao negócio, o mercado de criptomoedas tem sido alvo de roubos bilionários. No início de fevereiro, a corretora especializada Bybit revelou que hackers roubaram cerca de US$ 1,5 bilhão em ativos digitais, no que especialistas classificaram como o maior ataque da história das criptomoedas.
Segundo a empresa de pesquisa Elliptic, esse ataque foi mais do que o dobro do último maior roubo do setor e “provavelmente é o maior roubo já registrado, de qualquer tipo, na história”.

A crescente onda de ataques levanta dúvidas sobre a segurança dos fundos dos clientes. Apenas em 2024, os prejuízos com invasões ultrapassaram US$ 2 bilhões – o quarto ano consecutivo em que os golpes superam a marca de US$ 1 bilhão.
O CASO DA $LIBRA ARGENTINA
Quem também se complicou ao lidar com criptomoedas foi o presidente da Argentina, Javier Milei, que pode até ser alvo de um processo de impeachment, já pedido por deputados da oposição no Congresso.
Em 14 de fevereiro, Milei promoveu em sua conta pessoal no X/ Twitter a criptomoeda $Libra que, segundo a postagem, ajudaria a financiar pequenas empresas e empreendimentos argentinos. Não era uma memecoin, mas causou estragos.
Apenas em 2024, os prejuízos com invasões a carteiras de criptoativos ultrapassaram US$ 2 bilhões.
Incentivados pela publicação do presidente, milhares de pessoas compraram a $Libra. Os primeiros investidores, que haviam comprado barato, começaram a vender suas cotas por um valor muito maior. No mesmo dia, a moeda despencou e não valia mais nada.
Em entrevista ao canal TN, Milei garantiu que não agiu de forma a promover a $Libra e o projeto Viva La Libertad, do qual o lançamento da criptomoeda fazia parte. “Eu não a promovi. Eu a difundi”, afirmou.
O Ministério Público argentino anunciou uma investigação contra Milei e quatro empresários ligados à Libra por fraude financeira, tráfico de influência, abuso de autoridade e corrupção. O Departamento de Justiça dos EUA também investiga o caso.
Com informações da Reuters e da Agência Brasil