3 formas de manter o controle emocional em situações de grande estresse
Prestar atenção ao que você realmente sente, inclusive às emoções ruins, é uma habilidade de liderança poderosa e pouco utilizada
O controle emocional é a capacidade de alguém compreender as próprias emoções e regulá-las – e é pré-requisito para uma liderança forte. Essa habilidade favorece os líderes de todos os setores.
Como coaches, sabemos que se manter firme sob pressão e apresentar respostas emocionais previsíveis e razoáveis diante de situações desafiadoras é algo que contribui tanto para a segurança psicológica quanto para a eficácia da equipe.
Com muita frequência, porém, os líderes acham que controlar as emoções significa suprimi-las ou descartá-las, especialmente aquelas consideradas “negativas”, como raiva, ciúme, solidão ou vergonha.
Mas prestar atenção ao que realmente estamos sentindo é uma habilidade de liderança poderosa e pouco utilizada. Na realidade, ter controle emocional significa reconhecer, nomear e responder cuidadosamente a todo o espectro de emoções, mesmo as mais desagradáveis.
Como as emoções desagradáveis podem ser difíceis de se lidar, os clientes com os quais trabalhamos costumam pedir “ferramentas, dicas e táticas” para que possam evitar os sentimentos “ruins”.
Só que, para enfrentar de fato desafios complexos, é essencial ir além da superfície: em vez de apenas procurar por saídas fáceis, explore as várias camadas dos sentimentos. Veja a seguir três maneiras de fazer isso:
1. Melhore o seu "letramento emocional"
As pessoas costumam separar bem as emoções positivas das negativas, mas têm mais dificuldade na hora de distinguir umas das outras. Geralmente, se limitam ao que já conhecem: irritado, triste, maldoso.
Entretanto, pesquisas indicam que a capacidade de identificar com precisão nossas emoções – você está bravo ou frustrado? Triste ou desapontado? Cruel ou ressentido? – leva a uma melhor condução do estresse, a uma gestão mais hábil de conflitos e a relacionamentos mais positivos. Em resumo, todas as principais habilidades necessárias ao exercício da liderança.
Muitas vezes evitamos explicitar as emoções negativas por medo de que isso amplie nossa infelicidade. No entanto, é exatamente o contrário: ficamos menos deprimidos quando aceitamos nossas emoções negativas e positivas. O foco excessivo em sentimentos positivos pode levar a uma piora na saúde mental.
O esforço em ser sempre “alegre e otimista” geralmente requer hipervigilância, exigindo que analisemos constantemente os ambientes em busca de possíveis problemas, nos exaurindo mentalmente para evitar resultados negativos.
Para melhorar o letramento emocional, recomendamos que as pessoas façam uma pausa de duas a quatro vezes por dia e identifiquem seu estado emocional em uma ferramenta como a roda dos sentimentos. Ferramentas e práticas como essa ajudam a prestar atenção às nuances sutis de cada emoção e a aprimorar o vocabulário emocional.
2. Faça uma pausa e se acolha antes de agir
É desconfortável sentir emoções negativas, como constrangimento, ódio ou insegurança. Por causa desse desconforto, a reação das pessoas é entrar em ação, muitas vezes desviando a atenção do sentimento para se concentrar em “consertar” aquilo ou “fazer” alguma coisa. Por exemplo, clicar em responder a uma mensagem de texto, marcar coisas em uma lista de tarefas, responder imediatamente após ser pressionado em uma reunião.
Embora essa seja uma maneira comum de o sistema nervoso reduzir a tensão de se sentir mal, não é aconselhável que os líderes adotem essa atitude. O primeiro impulso quando estamos em um estado negativo raramente é o impulso ponderado que usaríamos depois de examinar nossos sentimentos com mais calma e cuidado.
Os líderes que procuram ser menos críticos em relação às suas emoções, aceitando todos os sentimentos – sejam eles positivos ou negativos – acabam se estressando menos do que seus colegas. Para lidar com os fatores estressantes da vida diária, os líderes devem:
a) identificar com precisão suas emoções;
b) compreender que não tem problema sentir uma emoção, mesmo que ela seja desagradável;
c) resistir ao impulso de agir sem pensar para alterar seu estado emocional.
3. Identifique a necessidade não atendida
Os pesquisadores descobriram que as emoções negativas são a forma pela qual o subconsciente chama nossa atenção e aponta para uma necessidade mais profunda e não atendida .
Quando entramos rapidamente em ação para atenuar esse sentimento, perdemos detalhes importantes que são essenciais. A raiva, por exemplo, pode indicar que a pessoa se sente desvalorizada ou em risco de ser explorada. A culpa ou o constrangimento podem indicar que é preciso fazer correções.
Reservar um tempo para se aprofundar em uma emoção e examinar o que você mais quer e precisa pode fornecer elementos práticos sobre o que fazer em seguida. A ação responsiva, então, vem de um lugar ponderado, em vez de uma resposta automática que traria mais problemas.
É claro que nem toda emoção desagradável precisa ser investigada. Mas os líderes precisam estar dispostos a se sintonizar regularmente com seu estado emocional e a ser curiosos quando suas emoções negativas têm força de permanência.
Nos ambientes dinâmicos e complexos de hoje, os líderes devem prestar atenção, fazer uma pausa – não apenas agir – e analisar as necessidades ocultas que suas emoções sinalizam, para ter sucesso a longo prazo.