6 sinais de que você não é um bom ouvinte e como melhorar essa habilidade
Dois pesquisadores apresentam seis práticas recomendadas e seis comportamentos a evitar para melhorar suas habilidades de escuta no trabalho

Vivemos em um mundo que parece estar cada vez mais acelerado. Além das tarefas diárias, temos mais reuniões, deslocamentos mais longos e interações com mais pessoas em mais lugares do que em qualquer outro momento da história do trabalho.
Além das muitas distrações externas reais e presentes, existem também obstáculos internos que dificultam a escuta eficaz. Nosso mundo interno pode ser barulhento. Às vezes, ele se torna um ruído ensurdecedor de emoções, atitudes e motivações, tornando impossível dar atenção total aos outros.
Como especialistas em psicologia positiva, identificamos seis das barreiras internas mais comuns que podem prejudicar sua capacidade de escutar com atenção e desenvolvemos um conjunto de seis habilidades de "escuta radical" que podem ajudá-lo a ter melhores conversas e construir relacionamentos mais sólidos.
SEIS BARREIRAS QUE IMPEDEM UMA BOA ESCUTA
1. Comparação: “isso já aconteceu comigo”
Às vezes, o tema de uma conversa parece convidá-lo a compartilhar suas próprias experiências. Em vez de valorizar a experiência do interlocutor, você se pega relembrando mentalmente e se preparando para contar sua própria história.
Chamamos isso de comparação. O que a outra pessoa está realmente buscando na conversa? Pode ser admiração, um reconhecimento do entusiasmo dela ou um pouco de respeito pelo seu trabalho.
2. Competição: “isso não é nada, passei por algo muito pior”
Somos seres sociais e é comum que amigos e colegas compartilhem desafios que estão enfrentando. Um colega de trabalho pode dizer: “estou tendo muita dificuldade para lidar com meus e-mails. Tenho mais de 200 mensagens não lidas na minha caixa de entrada”. É fácil presumir que ele esteja buscando simpatia ou ideias para lidar com essa sobrecarga.
No entanto, em vez de oferecer apoio, você responde: “só 200? Eu tenho mais de mil e-mails para responder!”. Chamamos isso de competição. Compartilhar sua experiência não é necessariamente um problema, mas pode fazer você parecer insensível, egocêntrico ou desligado da conversa.
3. Leitura mental: “já sei o que você vai dizer”
Consegue se lembrar de alguma interação recente na qual você tinha certeza do que aconteceria antes mesmo de a conversa começar? Isso é o que chamamos de leitura mental. Esse viés, mesmo que baseado na experiência, interfere na sua capacidade de se envolver positivamente com a equipe.
A leitura mental faz com que você se concentre mais em suas próprias suposições do que nos pensamentos e interesses dos outros. A menos que você tenha poderes telepáticos, acreditar que sabe o que a outra pessoa vai dizer se torna um obstáculo para a escuta genuína.
4. Conselhos não solicitados: “se eu estivesse no seu lugar…”
Um líder de outra equipe comenta que tem dificuldade em tirar férias e se desconectar totalmente do trabalho. Esse é um exemplo clássico onde o melhor apoio nem sempre é um conselho. Em vez de sacar imediatamente sua "caixa de ferramentas" para resolver o problema, o mais sensato é ouvir com atenção.
Talvez seu colega realmente queira sugestões, ou talvez ele só queira um ombro amigo para desabafar. Seja qual for o caso, uma coisa é certa: se você está ocupado dando conselhos não solicitados enquanto a outra pessoa fala, então você não está ouvindo.
5. Prioridade do status: “eu sei mais do que você”
Imagine que você está em uma reunião de trabalho e as pessoas estão discutindo um problema técnico na sua área de especialização. Você tem anos de experiência resolvendo questões como essa. O problema é que essa expertise pode levá-lo a pensar que a sua opinião é mais importante do que as outras. Chamamos isso de prioridade do status.
Ela ocorre quando as pessoas param de ouvir e passam a se concentrar apenas em compartilhar suas próprias ideias. Normalmente, isso acontece com a intenção de ajudar, mas o excesso de entusiasmo pode fazer com que você simplesmente pare de prestar atenção à conversa.
6. Falta de tempo: “não tenho tempo para isso”
Infelizmente, o dia tem apenas 24 horas e, muitas vezes, a gente sente que nunca temos tempo suficiente. Essa chamada "pobreza de tempo" pode afetar a concentração e o foco.
Nessas situações, você pode parecer impaciente ou dar a entender que já julgou a relevância do que está sendo dito. Essa impaciência faz com que os outros sintam que suas palavras não são valorizadas e que você não está realmente ouvindo.
COMO PRATICAR A ESCUTA RADICAL
Então, qual o melhor a fazer? Desenvolvemos um conjunto de seis habilidades essenciais de "escuta radical". Em vez de permitir que as barreiras tomem conta, tente adotar essas práticas.
Isso não significa que você precisa concordar com tudo que está sendo dito, mas sim permitir que a outra pessoa expresse livremente suas ideias, promovendo conversas que fortalecem os laços interpessoais.
Percepção envolve estar atento durante as conversas. Quem domina essa habilidade consegue focar no que realmente importa para a interação. Isso inclui a capacidade de prestar atenção, buscar informações e identificar o que é relevante.
Tranquilidade é a habilidade de trazer um senso de calma para a conversa por meio do uso estratégico de silêncios e pausas. Isso inclui controlar o diálogo interno e as emoções para poder dar atenção total à outra pessoa.
Aceitação pode ser um grande desafio para algumas pessoas. Trata-se de manter uma postura aberta ao que os outros trazem para a conversa. O ouvinte respeita o direito dos outros de terem opiniões próprias e aceita suas visões como válidas dentro do diálogo.
Reconhecimento é o ato de valorizar explicitamente os esforços, perspectivas, qualidades, valores ou princípios do outro. Quando reconhecemos alguém, essa pessoa se sente vista, compreendida e apreciada.
Questionamento é a habilidade de fazer perguntas instigantes que demonstram interesse e curiosidade. Quando usadas intencionalmente, as perguntas incentivam reflexões mais profundas, novas perspectivas e ideias inovadoras.
Interrupção estratégica pode parecer contraditória como habilidade de escuta. No entanto, interromper o interlocutor pode ser uma maneira de demonstrar engajamento e entusiasmo. Quando usada corretamente, essa técnica ajuda a gerar energia na conversa, fortalecer conexões e demonstrar interesse genuíno.
Com essas práticas, você pode melhorar significativamente sua capacidade de escuta, ter conversas mais ricas e construir relações mais fortes no ambiente de trabalho.