Geração Alpha: você está preparado para trabalhar com ela?
Você com certeza já ouviu falar sobre gerações, certo? O que talvez você ainda não saiba é que a quinta geração já catalogada, chamada Geração Alpha, e que compreende os nascidos a partir de 2010, começa a ingressar no mercado de trabalho este ano. E esse fenômeno pode mudar um pouco o jogo das relações de trabalho e diversidade nas empresas: para muito melhor!
Sabemos que hoje o ambiente corporativo possui integrantes das gerações Baby Boomers, de nascidos entre 1940 e 1960, da Geração X, de nascidos entre 1960 e 1980, da Geração Y ou Millennials, de nascidos entre 1980 e 1995, e da Geração Z ou Centennial, de nascidos entre 1995 e 2010. A cada nova geração que passa a integrar o mercado de trabalho, novas competências e questões práticas se colocam para as empresas e para os profissionais, em um processo natural de adaptação e conexão com os novos colaboradores.
Completando 14 anos em 2014, a legislação trabalhista do Brasil já permite o ingresso destes jovens no mercado de trabalho, como aprendizes, inicialmente. A Geração Alpha traz características como maior velocidade de aprendizagem, consciência social aflorada, intolerância a discriminação e comunicação assertiva. Ou seja, teremos, na prática, profissionais que precisarão de um propósito social bem definido para sua atuação e do negócio em que atuam, além de necessitarem de um processo comunicacional diferenciado, em termos de análises, feedbacks e reuniões em grupo.
Por um lado, temos toda a forte lealdade e a maior resistência a mudanças dos Baby Boomers para a empresa com a qual trabalham e a desconfiança da liderança e maior abertura a mudanças da Geração X. Como liderar a relação destes membros com uma nova geração que já cresce sob o impacto da inteligência artificial?
Os Millennials trouxeram maior senso de propósito e conectividade, o que foi intensificado pela Geração Z, multitarefa, ultra conectada e à procura de flexibilidade. Como conciliar estas necessidades com uma nova geração em busca de significado e benefícios em escala social?
Geração Alpha entra no mercado este ano. E pode mudar as relações nas empresas: para melhor!
Para o mercado, caberá o desafio de lidar com pessoas de perfis cada vez mais diferentes, trabalhando as diferenças de cultura e mentalidade para promover harmonia no ambiente de trabalho. Esta será a “fórmula de milhões” para manter a atratividade da organização para novos talentos ou mesmo para o quadro de colaboradores que ela já possui.
E embora não haja uma receita mágica, parte da resposta para esta nova equação está na diversidade: promover um ambiente capaz de unir as gerações, fortalecendo e incentivando o que cada uma delas tem de melhor, pode ser um bom início na gestão de pessoas requerida hoje. Ao contrário da polarização que assistimos em todos os campos, desde a política à questões sociais, de gênero e idade, a coalizão dos diferentes perfis, estimulando a convivência pacífica, os relacionamentos empáticos e a escuta ativa pode ser o início do caminho que precisaremos percorrer agora, como gestores de pessoas.
Intuitivamente, já podemos imaginar como lidar com as diferenças e com os jovens que passarão a conviver conosco no mercado de trabalho, hoje como liderados, amanhã como líderes. A máxima de proporcionar ao outro o que gostaríamos que nos fosse proporcionado nunca sairá do foco. Promover a harmonia, aquela pela qual o bem-estar e a satisfação pessoal nos trazem paz, são iniciativas que não saem de moda. Pelo contrário: precisarão estar, cada vez mais, na cartilha de gestão de pessoas e talentos das organizações.
Fernando Brancaccio é sócio-diretor da FairJob, especializada em mensuração e análise de índices de bem-estar dos colaboradores no ambiente corporativo