Atenção líderes: jovens profissionais precisam de segurança para poder errar

Os erros criam resiliência e são a chave para o sucesso a longo prazo dos próprios jovens e dos negócios

Crédito: Mikhail e Yankrukov/ Pexels

Chris Moore 4 minutos de leitura

Desde cedo, o feedback das figuras de autoridade molda nossa autopercepção. Infelizmente, muitos jovens internalizam a mensagem de que devem seguir apenas o que é fácil para eles.

Sei disso por experiência própria. Quando era estudante, eu tinha interesse por STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), mas achava difícil. Depois que um professor me disse para focar no que eu era “bom”, acreditei que nunca teria sucesso nas ciências ou na tecnologia – e desisti.

O que aconteceu comigo não é uma experiência isolada. Frequentemente, os jovens não têm a oportunidade de errar de forma segura, o que os leva a impor limites ao seu próprio potencial. As consequências não afetam apenas o indivíduo – indústrias inteiras também sofrem.

Pesquisas mostram que profissionais com muita confiança ganham US$ 8 mil a mais por ano do que seus colegas com menos autoconfiança, sendo que 93% deles citam a confiança como chave para o sucesso na carreira.

Sem uma mudança cultural que abrace a possibilidade do erro seguro – ou seja, a oportunidade de falhar, de aprender e tentar de novo –, a inovação vai estagnar e as novas gerações de talentos vão ficar enfraquecidas.

Como líder da First, uma comunidade global de robótica dedicada a despertar a paixão dos jovens por ciência, tecnologia, engenharia e matemática, vi de perto o impacto que o estímulo da autoconfiança em crianças desde a educação infantil pode ter no desenvolvimento educacional e nas habilidades interpessoais dos alunos.

Os mesmos princípios que aplicamos em alunos de quatro a 18 anos são relevantes para os jovens adultos que entram no mercado de trabalho. Um ambiente de negócios próspero depende de enaltecer o talento jovem e capacitá-los a enfrentar desafios.

CELEBRE O ERRO, NÃO TENHA MEDO DELE

Dean Kamen, fundador da First e inventor prolífico com mais de mil patentes, acredita que é assim que funciona: um projeto pode falhar, mas nunca uma pessoa. Ele diz: “Um passo para trás é um erro, mas e se, para cada passo para trás, você der dois passos à frente?”

Aprender com a falha é um passo importante no progresso, algo que mais de 3,2 milhões de participantes e ex-participantes da First entendem bem.

Empresas que incentivam o aprendizado contínuo vão reter talentos e impulsionar a inovação.

Os líderes de negócios devem criar ambientes onde o erro não somente seja aceito, mas seja esperado. Falhas controladas e de baixo risco oferecem aos jovens profissionais experiências de aprendizado preciosos, que permitem a eles melhorar e evoluir.

As equipes deveriam ver a falha não como um sinal de incapacidade, mas sim como uma ferramenta de crescimento. Se esperamos que os jovens profissionais enfrentem desafios, então devemos oferecer a eles uma rede de segurança para fazer isso.

MENTORIA PARA DESENVOLVER RESILIÊNCIA E DAR ORIENTAÇÃO

A mentoria é uma maneira poderosa de ajudar os jovens profissionais a desenvolver resiliência. Seja aprendendo uma nova habilidade ou questionando se eles têm o que é preciso para “se tornar profissionais” em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, não é nada incomum na First ver jovens saindo da sua zona de conforto, buscando orientação e precisando de incentivo.

Nosso papel como líderes não é apenas ensinar, mas ajudar os jovens a encontrarem seu lugar de pertencimento. A mentoria é uma peça-chave desse quebra-cabeça. Mentores fortes – que já enfrentaram dificuldades e perseveraram – oferecem apoio, modelam confiança e ajudam os jovens a superar obstáculos.

jovens da geração  Z se reúnem para comemorar
Crédito: Rawpixel

A mentoria não beneficia apenas quem a recebe. Ela também fortalece as habilidades de liderança dos mentores. Líderes corporativos com quem conversei que investem em mentoria relatam melhorias na comunicação, resolução de problemas e compromisso de longo prazo com os funcionários.

Líderes de empresas deveriam considerar programas estruturados de mentoria, para cultivar uma cultura de apoio e desenvolvimento profissional para seus colaboradores.

FLEXIBILIDADE E MENTALIDADE DE CRESCIMENTO

As trajetórias de carreira raramente são lineares. Muitos jovens profissionais fazem mudanças conforme descobrem suas paixões e se adaptam às indústrias que mudam.

Empresas que incentivam o aprendizado contínuo e o desenvolvimento de habilidades – não só a expertise técnica, mas também a comunicação, o trabalho em equipe e a adaptabilidade – vão reter talentos e impulsionar a inovação.

Nosso papel como líderes é ajudar os jovens a encontrarem seu lugar de pertencimento.

Quando olho para a minha experiência, gostaria de ter compreendido que eu tinha, sim, uma escolha: poderia aceitar o desencorajamento do meu professor ou ignorar suas palavras e acreditar no meu potencial.

Como líderes de negócios, devemos criar espaços onde os jovens profissionais sintam confiança para correr riscos, aprender e crescer. A inovação exige que se corram riscos e que se erre e tente novamente. E, para que a inovação floresça, devemos dar a eles permissão para se arriscar, com a certeza de que terão uma rede de segurança a ampará-los.

Se conseguirmos redefinir o erro como uma oportunidade, oferecer mentoria e incentivar a resiliência, podemos garantir que os jovens profissionais – e as empresas que eles impulsionam – vão atingir seu pleno potencial.


SOBRE O AUTOR

Chris Moore é CEO da organização sem fins lucrativos First, uma comunidade robótica focada em preparar jovens para o futuro. saiba mais