Quiet quitting, quiet firing: como os “quiets” afetam o ambiente de trabalho

Especialista em tendências de vida profissional explica por que as “tendências silenciosas” são problemáticas

Créditos: Andrea Piacquadio/ Jackson Simmer/ Pexels

Amanda Livingood 4 minutos de leitura

Para o bem ou para o mal, 2023 já pode ser lembrado como o ano em que o "silêncio" impregnou o local de trabalho.

Termos como  “quiet quitting” (desistência silenciosa), “quiet hiring” (contratação silenciosa), “quiet promoting” (promoção silenciosa) e até mesmo “quiet firing” (demissão silenciosa) chamaram a atenção enquanto empregadores e funcionários se recuperavam da confusão causada pela pandemia de Covid-19.

Todas essas tendências "silenciosas" são problemáticas, pois o silêncio corrói a confiança. Sem confiança, o entusiasmo dos funcionários é afetado e o engajamento diminui.

Os trabalhadores de hoje estão ansiosos e prontos para um diálogo aberto, honesto e transparente. Eles querem ser parte da comunidade da empresa e querem ter uma noção de qual é sua situação, tanto entre seus colegas quanto perante a liderança. 

A sensação de estar psicologicamente seguro no trabalho aumenta a disposição das pessoas para atuarem como membros ativos da comunidade profissional.

muitos da geração Z se sentem desconectados, em parte porque nem sempre estão à vontade para expressar suas preocupações.

Pesquisa da Glassdoor com mil trabalhadores norte-americanos qualificados e atualmente empregados, com idades entre 22 e 64 anos, revelou que menos da metade se sente psicologicamente "muito segura" no emprego. Isso significa que as equipes estão perdendo a chance de ter conversas abertas e honestas sobre suas ideias, preocupações, dúvidas e erros.

O ambiente de trabalho mudou e as empresas que ficarem caladas e agirem sem transparência terão dificuldades nesse novo mundo.

A seguir, apresentamos algumas maneiras com as quais os empregadores podem ajudar a criar um ambiente onde todos se sintam seguros para dar feedback e fazer com que suas vozes sejam ouvidas.

1. Reconheça as diferenças entre as gerações

Na nossa pesquisa, dois em cada três millennials e GenZs afirmaram que se sentir psicologicamente seguros no trabalho aumenta muito a capacidade de se comportar de forma autêntica e de trazer à tona as suas questões com mais liberdade.

Crédito: Mizuno K

Entretanto, um em cada quatro funcionários relata que se sente sozinho no trabalho. Infelizmente, muitos da geração Z se sentem desconectados, em parte porque nem sempre estão à vontade para expressar suas preocupações no trabalho.

Em comparação com a geração X e com os baby boomers, essa nova geração de trabalhadores também confia duas vezes mais em canais de feedback anônimos para discutir questões do trabalho. 

2. Recorra ao anonimato

Há muito tempo, o anonimato é uma ferramenta que ajuda a promover mais transparência. No novo mundo do trabalho, ele está ajudando a ampliar mais democraticamente as diferentes vozes, por meio de novos canais.

De acordo com uma pesquisa da Glassdoor realizada pela The Harris Poll, mais de dois terços (68%) dos funcionários dos EUA gostariam de ter alguma forma de fazer perguntas anônimas aos colegas de trabalho e aos líderes da empresa.

O ambiente de trabalho mudou e as empresas que ficarem caladas e agirem sem transparência terão dificuldades nesse novo mundo.

Normalmente, as empresas usam pesquisas semestrais para avaliar os sentimentos dos funcionários. Mas há um benefício incrível quando se tem acesso a feedback em tempo real, todos os dias.

É como um amortecedor virtual de conflitos – são conversas reais sobre tudo relacionado à vida profissional, desde decisões no ambiente profissional até eventos mundiais, momentos culturais e muito mais.

Ao incentivar e participar de comunidades anônimas ou semianônimas, os empregadores podem conhecer em primeira mão as necessidades dos funcionários e trabalhar ativamente para criar um ambiente melhor.

3. Sinta-se confortável com as críticas

Pode ser complicado lidar com a transparência e, com feedback constante e em tempo real, as críticas aumentam. É importante lembrar que, às vezes, o processo de diálogo transparente é mais importante do que o resultado.

As pessoas vão encontrar maneiras de ter essas conversas de qualquer jeito. Portanto, oferecer a elas um lugar para expressar com segurança suas preocupações de uma forma que as faça se sentirem vistas e ouvidas acabará gerando um ambiente mais colaborativo, onde as discussões acontecem em voz alta, e não em silêncio.

A Glassdoor lançou recentemente novos recursos centrados na comunidade e viu mais de 95% dos seus próprios funcionários participarem do Glassdoor Company Bowl, onde eles iniciam e se envolvem em conversas com vários níveis de anonimato.

Essa experiência foi extremamente marcante e, às vezes, também difícil. Ao iniciarmos este novo ano, as coisas não estão nada calmas na nossa própria comunidade de trabalho. Mas é exatamente assim que deve ser.


SOBRE A AUTORA

Amanda Livingood é especialista em tendências de vida profissional na Glassdoor. saiba mais