Liberdade para manifestar: como a participação social deve dar o tom da COP30?
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Depois de três anos no Oriente Médio, a COP – Conferência das partes sobre Clima, organizada pela UNFCCC – chega ao Brasil, mais precisamente a Belém, trazendo um ar mais democrático, com mais participações social na COP30.
Diversos grupos sociais já estão se mobilizando para manifestar, ocupar e cobrar acordos que possam, de fato, reduzir a aceleração das mudanças climáticas e financiar um novo modelo energético para a produção global.
Já falei em outros artigos sobre a importância do financiamento climático e da frustração em relação ao valor aprovado sobre a Nova Meta Quantificada Coletiva (NCQG, na sigla em inglês) durante a COP29. Hoje, no entanto, quero abordar um outro aspecto, tão essencial quanto os compromissos monetários: a participação da juventude nesses espaços.
As últimas edições da COP foram marcadas por discussões governamentais e pelo envolvimento de grandes corporações, o que é extremamente necessário. No entanto, esses atores públicos e privados precisam incluir a nova geração nas tomadas de decisão.
Certamente, vocês se lembram de Greta Thunberg, a jovem ambientalista sueca que fez discursos memoráveis sobre as mudanças climáticas e criou o movimento FridaysforFuture. Pois bem, ela não está sozinha. Há milhares de outros jovens ativistas, especialmente no Sul Global, que admiro profundamente e que lutam diariamente por justiça climática.
Uma pesquisa da Youth Climate Justice Study revela que menos de 1% dos financiamentos climáticos é destinado à juventude, sendo que, desse montante, aproximadamente dois terços são direcionados ao Norte Global.
Esses dados não apenas evidenciam o desrespeito em relação aos que mais sofrerão com o aquecimento global no planeta, mas também perpetuam a lógica colonial entre países ricos e pobres e a necessidade de mais participação social na COP30..
Os jovens brasileiros precisam ocupar espaços estratégicos na COP30 e devem ser ouvidos em toda a sua diversidade. Essa é a COP para povos originários, comunidades tradicionais, periferias e outros grupos historicamente marginalizados, serem ouvidos.
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Os eventos paralelos às negociações formais têm o potencial de construir diálogos e conectar decisões políticas à realidade das comunidades mais afetadas pela crise climática. É isso que já estamos vendo acontecer em Belém, de acordo com a engenheira ambiental Karla Giovanna Braga, diretora de projetos da Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável (Cojovem) e Jovem Embaixadora da ONU.
“A participação das juventudes Amazônidas na COP30 tem pautado a construção de legados de direitos para crianças e jovens, principalmente quando pensamos em política climática internacional e doméstica. Estamos construindo junto a diversas outras instituições a primeira Cúpula de Jovens Líderes da Amazônia, que apresentará a primeira Declaração de Jovens Líderes da Amazônia, conectando os desafios e propostas de solução da base aos espaços de negociação da UNFCCC”, nos lembra Karla.
Agora cabe a cada um e a cada uma de nós nos mobilizarmos para dar espaço e força para a real participação social na COP30, criando espaços seguros e efetivos para manifestações e diálogos construtivos, que influenciem as tomadas de decisão dos negociadores a partir de perspectivas mais diversas e representativas.