Instalação de arte do Google reflete nossa complicada relação com a tecnologia

Empresa se junta ao artista Lachlan Turczan para criar metáfora sobre o futuro da nossa relação com a tecnologia

Crédito: Lachlan Turczan/ Google

Mark Wilson 2 minutos de leitura

Como será o futuro da computação? Conversas por voz? Telas holográficas flutuantes? Um delírio infinito de IA generativa? No Salone del Mobile – a tradicional feira de design em Milão –, o Google propõe algo menos literal: uma luz tão maleável quanto um tecido.

Desde sua primeira participação em 2018, o Google se tornou uma presença constante no evento, com instalações que atraem filas e dão o que falar. A empresa já mostrou como diferentes espaços afetam nossas emoções, como a água influencia seu processo criativo e como as cores se conectam às emoções, tudo por meio de experiências imersivas.

Na edição deste ano, o Google expõe um projeto chamado “Making the Invisible Visible” (Tornando o invisível visível), que está em exibição no espaço Garage 21, em Milão, até domingo (dia 13 de abril).

A instalação de arte do Google consiste em uma série de “chuveiros de luz” com cerca de dois metros de diâmetro. Feixes de laser são projetados a partir de um anel suspenso. Ao passar as mãos por eles, as luzes reagem com animações que lembram tanto tecidos flutuantes quanto as cordas de uma harpa.

Crédito: Google

A inspiração veio de conversas entre Ivy Ross, diretora de design dos dispositivos de consumo do Google, e o artista Lachlan Turczan, sobre o papel da tecnologia nas nossas vidas.

Turczan explora a interseção entre luz e ambiente, criando obras surreais que misturam o orgânico com o tecnológico. Com um pouco de imaginação, é possível enxergar ali uma visão poética da chamada “tecnologia ambiente”.

Crédito: Lachlan Turczan/ Google

“Estamos em um momento no qual questionamos qual deve ser o papel da tecnologia. O que significa ser humano?”, diz Ross. “Precisamos parar de tentar competir com a tecnologia e conviver com ela de forma harmônica, fazendo juntos a vida moderna avançar.” Os feixes de luz representam essa ideia – não de maneira literal, mas como um convite à reflexão.

No restante da instalação, o Google mostra como tem aplicado esse conceito de tornar o invisível visível em seus próprios produtos.

Crédito: Google

Um exemplo são os fones Pixel Buds, cujo formato foi desenvolvido com base em escaneamentos a laser de mais de 3,2 mil ouvidos para garantir um encaixe universal. Outro é o novo termostato Nest, que fica apagado até perceber a aproximação do usuário e, então, exibir sua interface.

Na última sala da instalação de arte do Google, os designers apresentam alguns objetos que inspiraram seus produtos – como pedras de rio, que influenciaram o desenho do estojo dos fones, ou um macaron, doce francês que serviu de referência para uma caixa de som.

Crédito: Google

Apesar de ser uma exposição aberta ao público, Ross destaca os muitos benefícios que ela traz para sua equipe. “É uma oportunidade de trabalhar em uma escala diferente, enfrentando novos desafios – o que é ótimo para exercitar a criatividade”, afirma.


SOBRE O AUTOR

Mark Wilson é redator sênior da Fast Company. Escreve sobre design, tecnologia e cultura há quase 15 anos. saiba mais