Empoderar para transformar

Mais do que nunca, se faz necessário que as organizações olhem mais as pessoas, especialmente aquelas que fazem parte de grupos minorizados

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Rachel Maia 2 minutos de leitura

Estamos vivenciando um momento atípico, com plena consciência da dificuldade atual de se ter uma visão a longo prazo tanto do Brasil como do mundo. Por isso, tenho colocado em prática tudo que venho estudando há pouco mais de 10 anos sobre ESG (do inglês environmental, social, governance) – ou seja, as melhores práticas empresariais em termos ambientais, sociais e de governança.

Interesso-me, sobretudo, pelo S porque, na minha opinião, o fator social é o mais importante em todos os aspectos, especialmente no Brasil. Vale ressaltar que uma sociedade só se impulsiona por meio da educação e do empoderamento dos indivíduos e que sempre deve haver tempo e espaço para cuidar do próximo.

Já fui a única mulher negra em posição de comando no Brasil, mas devo dizer que temos feito alguns avanços que não devem ser ignorados. Ao mesmo tempo, devemos dar espaço ao interlocutor – que vai do investidor ao consumidor – para assimilar essas transformações.

No mercado da moda, por exemplo, no qual atuei por um longo período, é preciso que haja uma mudança de mindset nas empresas, para que os desfiles e as campanhas publicitárias de uma marca, com modelos negros encontrem a mesma representatividade tanto em seu atendimento quanto em sua liderança.

autoempoderamento consiste em tomar as rédeas da própria vida, sem se submeter à aprovação de terceiros.

É esse o momento de transformação que estamos vivendo. Porque, enquanto a geração anterior ainda é resistente à mudança, a nova geração chega com um olhar muito mais amplo e um comportamento ativista contra o preconceito racial.

O fato é que não basta mais apenas não compactuar com o preconceito. Precisamos ser ativos no combate de comportamentos e falas pejorativas, que reduzam ou ridicularizem o outro sob qualquer circunstância.

É chegada a era de nos colocarmos como opositores da discriminação. E, posso garantir uma coisa: os consumidores estão muito atentos a isso.

Crédito: Pict Rider/ iStock

Outro ponto relevante é que, agora, mais do que nunca, se faz necessário que as organizações olhem mais as pessoas, especialmente aquelas que fazem parte de grupos minorizados (mulheres, pretos e pardos, indígenas, pessoas com deficiências e LGBTQIA+) e suas intersecções – uma transversalidade que se faz presente todos os dias.

Gosto sempre de ressaltar que não devemos apenas esperar que o outro nos empodere. Não delegue a parte que pode ser

Precisamos ser ativos no combate de comportamentos e falas pejorativas, que reduzam ou ridicularizem o outro.

feita por você mesmo! Sinta-se capaz e tome para si o poder de executar com primor as tarefas que lhe são delegadas, de superar as dificuldades, desafios e papéis sociais. Seja a sua melhor versão, sempre.

É preciso que tenhamos o poder para guiar nossas metas e conquistar nossos objetivos, nos colocar como sujeito e não objeto de nossas ações, ser protagonista. E, sim, é importante termos inspirações, apoio e pessoas que nos estimulem a seguir caminhando.

Mas lembre-se sempre: autoempoderamento consiste em tomar as rédeas da própria vida, sem se submeter à aprovação de terceiros. No fim das contas, suas escolhas, seus caminhos e suas conquistas dependem primeiramente de você mesmo. Acredite e faça acontecer!


SOBRE A AUTORA

Rachel Maia é CEO da RM Consulting e presidente do Pacto Global da ONU Brasil. saiba mais