Cannes Lions 2024 | Leopoldo Jereissati

Leopoldo Jereissati é CEO da All Set

Crédito: Fast Company Brasil

Redação Fast Company Brasil 3 minutos de leitura

As marcas sempre ditaram conversas e criaram tendências. Agora, também respondem às demandas da sociedade, principalmente em relação a uma pauta ESG. Como você enxerga o papel da All Set na promoção de uma sociedade mais justa e sustentável?

O papel da All Set é de liderança pelo exemplo e busca incessante pela evolução, não pela perfeição. O que o consumidor está buscando é a verdade e o que é de verdade. Ganhamos um prêmio recente do Sistema B Global e estamos entre as 5% melhor ranqueadas em governança corporativa, chamadas Best for The World (empresas melhores para o mundo).

Somos quase 170 pessoas hoje, 50% são mulheres declaradas, líderes inclusive; 30% são pessoas pretas e pardas declaradas, líderes inclusive. Uma comunidade LGBTQIAP+ de aproximadamente 40% da agência. Apoiamos pro bono projetos de educação, de equidade de gênero, de inclusão e ambientais.

Dessa forma, toda a comunidade All Setter tem a oportunidade de se envolver e se doar para uma causa que tenha maior afinidade. O importante é estimular a consciência do retorno, de devolver para a sociedade parte do fruto do nosso desenvolvimento.

Entendo que as empresas têm o papel cívico de fazer com que pessoas que nela entrem se tornem cidadãs melhores enquanto lá estiverem e depois que saírem, além de todo o hard skill em si.

Como você mede o impacto de uma campanha em termos de sustentabilidade e justiça social? Quais são os maiores desafios que as marcas enfrentam ao tentar alinhar suas operações com objetivos socioambientais?

Hoje em dia, os dados são abundantes para apoiar uma criação original. Original é aquilo que demonstra nossa origem, e não necessariamente algo novo, que nunca vimos antes. Impacto se mede pela mudança de comportamento e de ponto de vista que uma campanha pode estimular.

Muito se fala sobre polos, lados, escolhas binárias, simplificadas demais para uma sociedade hipercomplexa. Para mim, a justiça social vem aliada a uma mensagem de dignidade, de estado e não de partidos.

As marcas que se conectarem com o diálogo, com a construção de pontes e não mais muros, têm grande probabilidade de serem reconhecidas em Cannes, pois o mundo está precisando de mais amor. Tem muita gente com vontade de conversar e só está acuada pelos algoritmos que evidenciam mais o conflito do que pontos em comum.

Entre os maiores desafios está o de se posicionar aberto a tudo, uma vez que a identidade da população está conectada demais com o candidato que escolhemos nas urnas e isso vem impactando de forma desenfreada as escolhas que fazemos. 

Como você vê o futuro da publicidade em um contexto de maior demanda por práticas socioambientais? 

Marcas precisam ter voz e representar muito bem seu nicho. Assim como faz a Ben & Jerry's e a Patagônia. Vejo espaço para mais marcas ativistas crescerem.  Quando a comunicação é massiva, acredito no equilíbrio.

Todos temos responsabilidade com o todo? Sim. Mas parte da nossa rotina passa por indulgência, humor, descanso mental, emoção, desejo etc.

Institucionalmente, as empresas estão se fortalecendo na pauta ESG e como tudo, com o tempo, vão se destacando as que têm verdade das que tentaram apenas surfar uma onda.

O que quero dizer aqui é que podemos assistir a um comercial de cerveja em que a marca fale da sede, do verão, enquanto a holding detentora dessa marca garante o arcabouço sócio-ambiental para que ela se desenvolva de forma responsável.

Meu desejo é que praticar ESG não seja mais uma área de uma empresa ou uma pauta, mas a realidade empresarial lucrativa.


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