Feriados prolongados de 2025: viaje sem se endividar

Dá para curtir uma viagem com dinheiro no bolso; veja como fazer um orçamento e investir um pouco por mês

Fabian Wiktor/Pexels, xadartstudio/Freepik

Maira Escardovelli 6 minutos de leitura

O ano de 2025 se tornou particularmente especial para quem quer viajar. São, ao todo, 11 feriados nacionais e seis pontos facultativos. A boa notícia é que a maioria das celebrações acontecerá perto dos finais de semana.

As chamadas "pontes" ou "emendas" de feriados possibilitam curtir um descanso prolongado, já que são mais dias de permanência no destino escolhido. 

O planejamento de uma viagem pode ser desafiador para muitas pessoas. É preciso levar em consideração uma série de despesas - do hotel à água de coco na praia - e ainda as variáveis que podem surgir nos feriados prolongados, como um aumento dos preços.

VIAGENS DE ACORDO COM O BOLSO

As despesas, é claro, devem se moldar ao orçamento. Estudo realizado pela Futura Inteligência, empresa de pesquisa da Apex Partners, mostra que famílias que ganham até um salário mínimo investem em turismo cerca de R$ 1.835,78. Já os núcleos com renda maior do que 20 salários mínimos gastam, em média, R$ 14.450,52.

Mas, afinal, como se preparar financeiramente para uma viagem? Quanto dinheiro economizar antes e em quais ativos investir para buscar uma boa rentabilidade até o dia de fazer as malas? Em meio a tantas dúvidas, a resposta tranquilizadora dos especialistas é: sim, dá para viajar sem ficar no vermelho.

DEFINA UM ORÇAMENTO

Especialistas ouvidos pela Fast Company Brasil indicam que uma das primeiras coisas a se fazer antes de viajar é estipular um orçamento realista para aproveitar o destino.

É preciso planejar os gastos com base no que realmente se pode gastar sem comprometer outras metas financeiras. Nada de pensar apenas no que gostaria de consumir, mas sim no que não vai jogá-lo no grupo dos endividados.   

“Essa prática é importante para que a pessoa consiga voltar para casa sem problemas financeiros futuros. Não é preciso anotar exatamente tudo o que gastou, mas é bom ter uma ideia do quanto ela pode gastar em todos os seus dias de viagem”, explica Kelvin Saegussa, CEO da Okame Educação Financeira

Assim, vale também acompanhar diariamente o valor estipulado para cada momento. Saegussa lembra que, em situações de lazer, é normal que os gastos saiam um pouco do controle e o planejamento fique de lado. Por isso é tão importante ter uma visão diária das despesas. 

OLHE PARA A RESERVA DE EMERGÊNCIA

Outro ponto importante é construir um recurso para além da reserva de emergência. Segundo Carol Stange, consultora financeira, criar uma “poupança” de viagem e guardar um valor fixo por mês pode facilitar muito o planejamento e evitar um peso adicional na fatura do cartão de crédito. 

Aliás, os consultores recomendam ter cuidado ao utilizar o cartão de crédito, principalmente em momentos de lazer. 

“Muitas pessoas acabam se endividando porque usam o cartão como se fosse uma extensão da renda, mas ele deve ser encarado como uma ferramenta de conveniência, não de financiamento”, alerta Carol. 

QUANDO COMEÇAR A ME PREPARAR? 

Definir o início do planejamento financeiro depende do tipo da viagem (por exemplo a antecedência com que se vai fechar a reserva) e do orçamento disponível

Em viagens de curto prazo (até 12 meses), explica Carol, o ideal é já ter uma boa parte do valor guardado e focar em cortar gastos supérfluos no dia a dia para complementar o montante necessário. 

A especialista indica já começar a poupar uma quantia fixa mensal, ajustando o orçamento para priorizar esse objetivo, para os casos de viagens que acontecerão daqui a um a dois anos.

Se as contas estiverem em dia e já houver uma folga maior nas finanças, para viagens nacionais e fora de temporada, por exemplo, Saessuga recomenda que o ideal é se preparar com pelo menos três semanas de antecedência. Conforme a data do embarque, a é comum que os preços das passagens aéreas e das hospedagens aumentem significativamente.

INVESTIR PARA VIAJAR?

Para além de economizar, fazer o planejamento da viagem com antecedência também pode ser interessante para criar uma estratégia de aplicações que garanta uma rentabilidade complementar ao orçamento da viagem. 

“Ao investir, leve em consideração um prazo em que você não precise do dinheiro e considere títulos que estejam garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC)”, pontua Saegussa. 

O FGC integra a rede de proteção do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e atua na proteção de depositantes e investidores em casos de intervenção ou liquidação de instituição financeira associada. Entretanto, só vale para alguns ativos e dentro de certas regras.

Para viagens que acontecerão em prazos curtos, os especialistas indicam aplicar em títulos de baixa volatilidade como o Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária. “Eles são seguros e permitem resgates rápidos, caso você precise do dinheiro”, afirma a planejadora financeira.

QUE TAL SALVADOR?

Uma viagem para Salvador, por exemplo, feita no feriado do Dia da Consciência Negra (20 de novembro), que neste ano será na quinta-feira (ou seja, um dos feriados prolongados), pode custar em média R$ 6 mil para duas pessoas - considerando o período de 19 a 24 de novembro, com o custo de R$ 1.449 para os voos e R$ 2.100 para hospedagem quatro estrelas (cotações simuladas no e-commerce de viagens Decolar, na quarta-feira, 5).

Nesse caso, o investimento para somar o valor de R$ 6.000 para a viagem pode ser feito da seguinte forma:

- Aplicação de R$ 572,40 por 10 meses no Tesouro Selic 13,25% ao ano ou CDB com rendimento de 100% do CDI.

O cálculo, no entanto, não considera tributação do IRPF.

Para prazos mais longos, vale considerar fundos de renda fixa ou até mesmo LCIs e LCAs, que são isentos de imposto de renda e podem render um pouco mais. 

“A chave aqui é alinhar o investimento ao prazo da sua viagem e ao seu perfil de risco”, conclui a educadora financeira. 

COMO ECONOMIZAR? 

Ao planejar o orçamento, é importante pesquisar detalhadamente e anotar todas as informações sobre o destino escolhido, incluindo passagens, hospedagem, restaurantes, passeios e compras.

“Quando você já sabe onde quer ir e quanto custa aquilo que quer fazer, você reduz a chance de surpresas no seu orçamento”, pontua Saegussa.

Os especialistas dão dicas para garantir uma economia maior durante a viagem

  • Conheça e aproveite os benefícios do seu cartão de crédito, como o seguro viagem, o seguro de locação de veículos, o serviço de concierge, as salas vips e os descontos em IOF; 
  • Para quem topa abrir mão dos feriados prolongados, dá para economizar com a escolha de datas flexíveis - fora da temporada de férias, por exemplo;
  • Pesquise antes de reservar: sites de comparação de preços podem ajudar a encontrar passagens e hospedagens mais baratas;
  • Use milhas e cashback – é possível usar os pontos acumulados na passagem aérea e até no hotel;
  • Coma como um local – restaurantes turísticos são sempre mais caros, então vale buscar opções menos óbvias para economizar e ainda ter uma experiência mais autêntica;
  • Atente-se às taxas de câmbio e conversão, que podem encarecer muito a viagem se não forem bem calculadas; 
  • Se a viagem for internacional, uma alternativa é comprar moeda estrangeira de forma recorrente até o momento da sua viagem, para não ficar  refém de uma cotação única. 

OLHE A REPUTAÇÃO DA HOSPEDAGEM

Não se esqueça de, antes de qualquer desembolso referente a reservas, de checar como é avaliação do lugar (hotel, pousada, imóvel oferecido em plataformas como Airbnb) onde pretende se hospedar. Esse é o tipo de serviço frequentemente denunciado por vítimas de golpes, como os falsos anúncios.

Dá para fazer uma pesquisa no Procon da sua cidade ou estado ou ainda em sites de reputação, como o Reclame Aqui e no Google.


SOBRE A AUTORA

Maira Escardovelli vive entre palavras, números e uma boa dose de poesia. É jornalista e gosta de ter um olhar atento para o que a soc... saiba mais