Estudo aponta que lideranças femininas se sentem solitárias e isoladas
A maioria das mulheres pesquisadas se sente mais solitária conforme sua carreira progride
Não é de hoje que autoridades médicas – como Vivek Murthy, cirurgião geral dos EUA – têm descrito a solidão como uma grande crise de saúde contemporânea. Os pesquisadores descobriram que a solidão e a fragilidade das conexões sociais estão associadas a uma redução na expectativa de vida semelhante à causada por fumar 15 cigarros por dia, e que a solidão reduz o desempenho dos trabalhadores. E o trabalho pode estar agravando essa crise de solidão, principalmente entre as mulheres.
De acordo com um novo relatório da comunidade de liderança TheLi.st, da agência criativa Berlin Cameron e da
Quase metade das mulheres afirma que seus relacionamentos com amigos e familiares sofreram por causa das demandas do trabalho.
empresa de pesquisa Benenson Strategy, a solidão está prejudicando a saúde, os relacionamentos e as oportunidades de sucesso das mulheres – e a coisa fica ainda pior conforme suas carreiras avançam.
Pesquisadores entrevistaram mais de 600 homens e mulheres e descobriram que 55% das mulheres de nível sênior se sentiram solitárias em seus empregos pelo menos uma vez no mês passado. Além disso, 69% se sentiram desamparadas em seus empregos pelo menos uma vez no mês passado.
Enquanto muitos homens relataram sentir-se menos solitários à medida que suas carreiras progrediam, 60% das mulheres na liderança dizem que seus sentimentos de solidão ou isolamento, na verdade, aumentaram à medida que suas carreiras progrediam.
“Estamos agora na era posterior ao fenômeno girl boss, posterior ao 'faça acontecer', quando ainda havia esse sentimento de que 'as mulheres serão apoiadas' e 'estamos todos e todas juntos nisso'. Mas não é assim que acontece na prática, e isso se revela nesses números”, diz Ann Shoket, CEO da TheLi.st. “As mulheres estão se sentindo tremendamente desamparadas.”
Existem várias razões potenciais pelas quais as mulheres experimentam taxas tão altas de solidão no trabalho. Por exemplo, 40% das de nível sênior sentem que os desafios no trabalho vão além das expectativas razoáveis, 40% das mulheres sentem que a empresa onde trabalham não as ajuda a ter sucesso e 67% das trabalhadoras (e 60% das de nível sênior) sentem que estão sendo podadas de propósito.
“Claramente, temos um problema estrutural no trabalho. Precisamos ser capazes de apoiar as mulheres em posições de maior poder e de maiores oportunidades”, diz Shoket.
“Muitas vezes, as mulheres são realmente escolhidas para liderar ERGs, para liderar o grupo de mulheres no trabalho, ou de mulheres negras, ou de latinas no trabalho. Tudo isso sem receber remuneração a mais e com uma quantidade enorme de responsabilidade adicional.”
VIDA PESSOAL x PROFISSIONAL
Mulheres negras relatam taxas ainda mais altas de solidão no trabalho. Apenas 19% se declaram felizes e satisfeitas com a sua carreira como ela está hoje, em comparação com 30% das brancas. Além disso, 27% das mulheres negras não se sentem respeitadas ou apoiadas por aqueles que se reportam a elas, em comparação com 19% das brancas que dizem se sentir da mesma forma. Apenas uma em cada cinco mulheres negras afirma que se sente respeitada no trabalho, em comparação com mais de um terço das mulheres brancas.
Precisamos ser capazes de apoiar as mulheres em posições de maior poder e de maiores oportunidades.
A solidão está afetando negativamente não apenas as carreiras das mulheres, mas também sua saúde e vida pessoal. A maioria das trabalhadoras pesquisadas diz que deu uma desacelerada na carreira devido a efeitos negativos em sua vida pessoal e dois terços das mulheres de nível sênior dizem que o trabalho, combinado com as responsabilidades em casa, as deixou esgotadas, estressadas e sobrecarregadas.
Quase metade das mulheres afirma que seus relacionamentos com amigos e familiares sofreram por causa das demandas do trabalho. Talvez o mais surpreendente seja que 92% das de nível sênior que se sentem solitárias dizem que se envolveram em algum tipo de comportamento negativo em algum momento de sua carreira, incluindo uso de drogas ilegais, exercícios excessivos, gastos exagerados ou jogos de azar.
Promover o senso de comunidade dentro e fora do trabalho, oferecer apoio e orientação aos trabalhadores e implementar políticas como uma generosa licença parental para pessoas de todos os gêneros são apenas algumas das possíveis soluções para essa crise de solidão, aposta Shoket.
Ela acrescenta que encontrar alegria e motivação pessoal, em vez de seguir as expectativas de trabalho tradicionais (e potencialmente prejudiciais), pode ser uma das soluções mais revolucionárias. “O seu trabalho, aquilo que você faz para viver, precisa ser encarado como uma questão vital.”
