Computação quântica: segundo a Microsoft, estamos mais perto do que nunca

A empresa diz que seu novo chip Majorana 1 é menos propenso a esses erros do que os dos concorrentes

Créditos: John Brecher/ Microsoft/ Google DeepMind/ Pexels

Stephen Nellis 3 minutos de leitura

Esta semana, a Microsoft revelou o chip Majorana 1 que, segundo a empresa, demonstra que a computação quântica está a “anos, não décadas” de distância. Com isso, a big tech se junta ao Google e à IBM na previsão de que uma mudança fundamental na tecnologia de computação está muito mais próxima do que se acreditava até agora.

A computação quântica promete realizar cálculos que levariam milhões de anos nos sistemas atuais e pode possibilitar descobertas em medicina, química e muitas outras áreas onde os computadores clássicos são incapazes de lidar com a imensa quantidade de combinações possíveis.

No entanto, os computadores quânticos também representam um risco para os sistemas de segurança cibernética atuais, pois a maioria das criptografias se baseia na suposição de que levaria tempo demais para quebrá-las por força bruta.

O maior desafio da computação quântica é que seu bloco de construção básico, chamado qubit (semelhante ao bit na computação clássica), é incrivelmente rápido, mas extremamente difícil de controlar e suscetível a erros.

A Microsoft diz que o chip Majorana 1, que ela desenvolveu, é menos propenso a esses erros do que os chips concorrentes e apresentou como evidência um artigo científico que será publicado na revista acadêmica Nature.

O momento da chegada dos computadores quânticos tornou-se um tema de debate entre os líderes da indústria de tecnologia. Refletindo um amplo ceticismo, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, disse que a tecnologia quântica está a duas décadas de superar os chips de sua empresa (que são essenciais para a inteligência artificial).

Essas declarações levaram o Google – que, no ano passado, apresentou seu próprio novo chip quântico – a afirmar que as aplicações comerciais da computação quântica estarão disponíveis em apenas cinco anos. Já a IBM prevê que computadores quânticos em larga escala estarão operacionais até 2033.

O chip Majorana 1 da Microsoft está em desenvolvimento há quase duas décadas e se baseia em uma partícula subatômica chamada férmion de Majorana, cuja existência foi teorizada na década de 1930. 

Essa partícula possui propriedades que a tornam menos suscetível aos erros que afetam os computadores quânticos, mas tem sido difícil para os físicos detectá-la e controlá-la.

Crédito: Microsoft

A Microsoft afirma que criou o chip Majorana 1 utilizando arseneto de índio e alumínio. O dispositivo usa um nanofio supercondutor para observar as partículas e pode ser controlado com equipamentos de computação convencionais.

O chip apresentado pela Microsoft tem bem menos qubits do que os concorrentes do Google e da IBM, mas a empresa acredita que serão necessários muito menos qubits baseados em Majorana para criar computadores úteis, pois suas taxas de erro são mais baixas.

A Microsoft não forneceu um prazo de quando o chip será ampliado para criar computadores quânticos que superem as máquinas atuais, mas afirmou em um post no blog da empresa que esse momento está “a anos, não décadas" de distância.

O momento da chegada dos computadores quânticos é tema de debate entre os líderes da indústria de tecnologia.

Jason Zander, vice-presidente executivo da Microsoft responsável por apostas estratégicas de longo prazo da empresa, descreveu o Majorana 1 como uma estratégia de "alto risco, alta recompensa".

O chip foi fabricado nos laboratórios da Microsoft no estado de Washington, nos EUA, e na Dinamarca. "A parte mais difícil foi resolver a física. Não há um manual para isso, tivemos que inventá-lo", disse Jason Zander, vice-presidente executivo da Microsoft responsável por apostas estratégicas de longo prazo da empresa.

Philip Kim, professor de física da Universidade de Harvard (que não esteve envolvido na pesquisa da Microsoft), diz que os férmions de Majorana têm sido um tema quente entre os físicos há décadas e acredita que o trabalho da Microsoft coloca a empresa na vanguarda da pesquisa quântica.


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