Uma reação positiva em cadeia das empresas para a COP 30 em Belém

A COP vai acontecer no Brasil e é do interesse de cada um de nós que seja um sucesso. Precisamos fazer dar certo

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Flora Bitancourt 3 minutos de leitura

A nove meses da COP30 em Belém, muitas pessoas ainda se perguntam se ela realmente vai acontecer no Brasil. A recente visita tanto da ONU como do governo federal à capital paraense confirmou que os planos estão mantidos: a COP da Floresta vai ocorrer em território paraense.

Parte do time da World Climate Foundation tem ido a Belém com frequência e vemos a cada vez novos esforços e investimentos para que o evento seja realizado da melhor forma possível. Por que então tanta hesitação?

Antes de mais nada, precisamos lembrar que a COP é um evento global, organizado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). A instituição avalia a capacidade de receber uma estrutura robusta, com múltiplos fornecedores, oferta de hospedagem, transporte e vários outros fatores. 

Dito isto, sabemos que Belém tem desafios importantes em termos logísticos, sendo o principal a questão da acomodação. Mas governo e entidades setoriais estão buscando soluções diversas, como o uso de navios, estímulo a aluguéis de apartamentos em plataformas de locação, estruturas modulares e a construção de novos hotéis, para reduzir esse problema.

Aportes expressivos estão sendo realizados para garantir o sucesso da COP30 em Belém e, ao mesmo tempo, gerar um legado positivo para a população local, com melhorias em saneamento básico, pavimentação, capacitação profissional e criação de empregos.

Reforçamos esse ponto porque a COP está cada vez mais próxima e muitas empresas ainda utilizam esse contexto como justificativa para segurar as ações voltadas à conferência, o que acaba atrasando vários planejamentos e reduzindo a potência do evento.

Por isso, é fundamental criar um movimento coletivo de engajamento, capaz de gerar um "contágio positivo": quando uma marca se mexe, ela encoraja outra a ir junto. 

Nesse sentido, a World Climate Foundation tem feito um grande esforço para ser um hub de instituições financeiras e investidores durante a COP30, criando espaços de exposição, conteúdo, trocas, conexões e negócios.

Um exemplo é o Investment COP, organizado em parceria com a Converge Capital, durante o qual reuniremos as principais instituições financeiras, investidores institucionais e alianças de investidores em uma agenda focada e direcionada ao objetivo de catalisar colaborações e alocação de recursos em oportunidades relacionadas à clima, natureza e biodiversidade.

Crédito: Ildo Frazão/ iStock

Acreditamos que, tal como a Investment COP e o World Climate Summit, eventos construídos de forma colaborativa são uma estratégia interessante não só de reunir de forma organizada e coordenada diferentes organizações que trabalham por pautas comuns, como também compartilhar e mitigar riscos, reduzir investimentos e minimizar a competição de agenda e atenção que acontece com tantas agendas acontecendo ao mesmo tempo.

A COP vai acontecer, e vai acontecer no Brasil. A despeito das nossas visões particulares sobre os desafios e posicionamentos geopolíticos, é do interesse de cada um de nós que seja um sucesso. Precisamos fazer dar certo.

Muitas empresas utilizam esse contexto como justificativa para segurar ações voltadas à conferência.

Além do marco importante de acontecer na região da Amazônia – depois de três anos consecutivos acontecendo em petro estados com limitada liberdade de expressão –, a COP30 será o momento que marca os 10 anos do Acordo de Paris, que precisa se manter vivo, além de ser fundamental para os compromissos que determinarão os próximos 10 anos. 

Esta é a hora de os governos reforçarem seus posicionamentos e de o setor privado divulgar suas estratégias para contribuir com a agenda global do clima. 

A cada vez que alguém colocar em cheque a realização da COP30 em Belém, convidamos você a rebater com a seguinte pergunta: com as mudanças climáticas tão intensas e aceleradas, ainda há tempo para hesitar?

Temos que fazer dar certo e posicionar o Brasil no cenário internacional como uma grande potência em natureza, soluções para transição e economia.

Esta coluna foi escrita junto com Marina Cançado, co-fundadora da Converge Capital, ATO e Brazil Climate Institute e advisor da World Climate Foundation. Marina tem se dedicado a mobilizar capital para soluções climáticas e foi reconhecida como Forbes Under30, 100 Climate Innovators e 100 Mulheres da Inovação.


SOBRE A AUTORA

Flora Bitancourt é líder da World Climate Foundation no Brasil e co-fundadora da Impact Beyond, ecossistema de plataformas de impacto ... saiba mais