Mais uma empresa desiste das políticas de DEI: é a vez do McDonald’s
A gigante do fast food é amais recente empresa de grande porte a mudar de posicionamento em relação às ações afirmativas
Quatro anos após lançar uma iniciativa para aumentar a diversidade em suas fileiras, o McDonald’s está encerrando algumas de suas práticas de diversidade, citando uma decisão da Suprema Corte dos EUA que proibiu a ação afirmativa em admissões para candidatos a universidades.
O McDonald’s é a mais recente grande empresa a mudar suas táticas após a decisão de 2023, em um retrocesso conservador contra programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). Walmart, John Deere, Harley-Davidson e outras empresas reduziram suas iniciativas de DEI no ano passado.
Esta semana, o McDonald’s anunciou que vai abandonar metas específicas para alcançar diversidade nos níveis de liderança sênior. A empresa também pretende encerrar um programa que incentiva seus fornecedores a desenvolver treinamentos de diversidade e a aumentar a representação de membros de grupos minoritários em suas próprias lideranças.
O McDonald’s afirmou ainda que vai pausar “pesquisas externas”. A gigante do fast food não entrou em detalhes, mas outras empresas, como Lowe’s e Ford, suspenderam sua participação em uma pesquisa anual da organização não governamental Human Rights Campaign que mede a inclusão no ambiente de trabalho para funcionários LGBTQ+.
Com sede em Chicago, nos EUA, o McDonald’s lançou uma série de iniciativas de diversidade em 2021 após uma onda de processos por assédio sexual movidos por funcionários e uma ação judicial alegando discriminação apresentada por um grupo de ex-franqueados negros.
“Como uma marca líder mundial que considera a inclusão um de nossos valores fundamentais, não aceitaremos nada menos do que progresso real e mensurável em nossos esforços para liderar com empatia, tratar as pessoas com dignidade e respeito, e buscar pontos de vista diversos para tomar melhores decisões”, escreveu o presidente e CEO do McDonald’s, Chris Kempczinski, em um post no LinkedIn na época.
No entanto, na segunda-feira, o McDonald’s declarou que o “cenário jurídico em mudança” após a decisão da Suprema Corte e as ações de outras corporações levaram a uma análise rigorosa de suas próprias políticas.
Um cenário político em mudança também pode ter influenciado. O presidente eleito Donald Trump é um crítico declarado dos programas de diversidade, equidade e inclusão. Trump nomeou Stephen Miller – líder de um grupo chamado America First Legal, que tem desafiado políticas corporativas de DEI – como seu vice-diretor de política.
O vice-presidente eleito JD Vance apresentou um projeto de lei no Senado em meados do ano passado para encerrar esses programas no governo federal. Já o McDonald’s disse que estava considerando atualizações em suas políticas há vários meses e planejava anunciar as mudanças no início deste ano.
anunciou que vai abandonar metas específicas para alcançar diversidade nos níveis de liderança.
Em uma carta aberta aos funcionários e franqueados, a cúpula do McDonald’s afirmou que continua comprometida com a inclusão e acredita que uma força de trabalho diversificada é uma vantagem competitiva.
Segundo a empresa, 30% de seus líderes nos EUA são membros de grupos sub-representados, contra 29% em 2021. O McDonald’s havia se comprometido a atingir 35% até o final deste ano. Mas a companhia garante que alcançou uma das metas anunciadas em 2021: equidade salarial de gênero em todos os níveis.
Também afirmou que atingiu, três anos antes do previsto, o objetivo de que 25% dos gastos totais com fornecedores fossem destinados a empresas cujos proprietários pertencem a grupos diversos.
A empresa afirmou ainda que continuará apoiando esforços para garantir uma base diversificada de funcionários, fornecedores e franqueados, mas sua equipe de diversidade agora será chamada de Equipe Global de Inclusão.