Tristan Harris defende a tecnologia humanizada

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 1 minutos de leitura

Tristan Harris tornou-se “o cara” a partir do sucesso do seu documentário “O Dilema das Redes”, visto por mais de 100 milhões de pessoas. Ele trabalhou no Google e hoje milita pela causa da ética no uso da tecnologia. Sua motivação vem do profundo conhecimento que possui sobre os mecanismos das Big Techs para manter as pessoas conectadas e promover uma espécie de perda de perspectiva e de consciência de si mesmas nas redes. “A tecnologia está minando a sabedoria e a consciência”, afirmou.

Seu discurso no SXSW veio carregado de um novo otimismo, uma vez que há cada vez mais pessoas – como Frances Haugen (que participa do festival na segunda-feira, dia 14) – questionando o “sistema” e ganhando voz para promover a ética entre os tech designers

Por sinal, Harris quer ajudar a formar tecnólogos mais conscientes, e por isso lançou um curso gratuito, “Foundations of Humaine Tecnology” (Fundamentos da Tecnologia Humanizada, em tradução  livre), já disponível nas redes (acesse aqui) .

Harris chamou a atenção para os perigos da tecnologia de deep fake e das novas formas de combinar fatos verdadeiros de maneira equivocada, criando desinformação em patamares cada vez mais sofisticados. 

A tecnologia das redes sociais foi desenvolvida para atuar negativamente em todas as nossas vulnerabilidades, usando como justificativa “dar às pessoas aquilo que elas querem.” 

Harris propõe que é possível fazer a coisa certa, construindo a tecnologia de forma mais respeitosa diante de nossas vulnerabilidades – como nossa incapacidade de lidar com a complexidade das coisas. 

O que ele prega, é que, em cima das óbvias fraquezas humanas – dos limites cognitivos ao vício em dopamina, da necessidade de validação social à crença naquilo que nos é apresentado até que se prove o contrário – a tecnologia consiga apresentar possibilidades “do bem”. 

Elas virão de uma nova cultura de tecnologia mais humana, na qual as vulnerabilidades são respeitadas, os algoritmos ajudam a encontrar pontos de entendimento (em vez de discórdia) e valores como justiça são promovidos. 

Imagine uma tecnologia que realmente ajude as pessoas a se desenvolver, a se tornarem melhores. Utopia? O tempo dirá. 


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais