Rohit Barghava e suas tendências (não) óbvias

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 2 minutos de leitura

Todos os anos, o indiano Rohit Barghava lança um novo livro com 10 tendências “não óbvias”, intitulado “Non-Obvious Mega Trends” (Mega Tendências Não Óbvias), e divide suas ideias com os participantes do SXSW. A impressão que se tem é que ele recicla suas tendências ad infinitum e, de alguma forma, a cada ano vemos a mesma lista, com mínimos ajustes.

Mas a verdade é que isso é bom sinal: sinal de que Barghava tem feito boas escolhas e que suas tendências não óbvias se consolidam, a cada ano que passa.  Embora saibamos que o tempo voa e as coisas parecem se transformar na velocidade da luz, há fenômenos de longo prazo que levam tempo para se consolidar.

Vivemos uma cena de desinformação e excesso de “ruído” que Barghava define como “crise moderna de crenças”. Neste momento, vencem as pessoas que conseguem compreender pessoas. 

E quais são as tendências de 2022? Vamos a elas.

  • Identidade amplificada: também apontada pela futurista Amy Webb. Devemos nos preparar para ter diversas personalidades e identidades digitais. Somos complexos no mundo real e também seremos no metaverso, no multiverso e onde mais for possível nos multiplicarmos. 
  • Sem gênero: a ausência de gênero é irreversível. Para marcas e negócios em geral, esta é uma tendência inescapável. Esqueça o azul e o rosa, o brinquedo para meninos ou para meninas, roupas femininas ou masculinas. 
  • Conhecimento instantâneo: a busca pelo conhecimento instantâneo não tem limites. No YouTube, é possível aprender a fazer praticamente qualquer coisa. Proliferam aulas sobre qualquer assunto. Esqueça a maestria, o domínio absoluto do conhecimento.
  • “Revivalismo”: nasceu, como muitas, da contratendência do avanço galopante da tecnologia. Da possibilidade de acessar qualquer música online, veio o revival do disco de vinil. A crise de confiança no digital traz de volta o papel, concreto e confiável. 
  • Modo humano: a empatia como estratégia está em todos os lugares. Tornar um produto mais acessível – como a Olay, que criou embalagens fáceis de abrir para pessoas com necessidades especiais – é cada vez mais default. Tendência sem volta. 
  • Atenção como riqueza: na economia da informação, a atenção vale ouro. O espetáculo, portanto, tem seu valor, porque atrai mais olhares e likes. Não se pode ignorar que o espetáculo gera engajamento. 
  • Propósito lucrativo: negócios com propósito vão longe. Marcas como Patagonia sabem disso. Se posicionar e mostrar valores vale a pena.
  • Abundância de dados: outra tendência inescapável. Há ubiquidade, uma verdadeira poluição de dados. É preciso lidar com ela. 
  • Tecnologia que protege: as pessoas esperam que a tecnologia as proteja. Alertem para fraude, evitem acidentes, apontem erros. É preciso ficar atento a isso e priorizar a utilidade e o serviço como diferencial. 
  • Comércio flux: abandone suposições e ideias pré-concebidas. Estamos no mundo em que o banana slicer, o cortador de bananas (que talvez seja o produto mais ridículo já criado), vendeu quantidades surpreendentes. Veremos cada vez mais novos modelos de negócios, canais de distribuição e movimentos inesperados por parte dos consumidores. 

SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais