Quais empregos as pessoas mais temem que sejam substituídos por IA?
Pesquisadores perguntaram a 10 mil pessoas de 20 países como elas se sentem em relação à troca de profissionais humanos por IA

Você já deve ter ouvido falar que, provavelmente, haverá muita troca de profissionais humanos por IA. Mas como você se sentiria ao receber um diagnóstico de um médico de IA? Você confiaria em um veredicto emitido por um juiz de IA?
Um novo estudo, que ouviu 10 mil pessoas em 20 países – incluindo Brasil, Estados Unidos, Índia, Arábia Saudita, Japão e China –, descobriu que, quando se trata da trocar de profissionais humanos por IA, as pessoas estão mais preocupadas com a substituição de médicos e juízes e menos com a de jornalistas.
Os resultados, publicados na revista "American Psychologist" pelo Instituto Max Planck para o Desenvolvimento Humano, focaram nas atitudes dos participantes do estudo em relação à IA assumindo seis profissões: médicos, juízes, gerentes, cuidadores, líderes religiosos e jornalistas.
Os pesquisadores analisaram oito traços psicológicos – calor humano, sinceridade, tolerância, justiça, competência, determinação, inteligência e imaginação – e avaliaram o potencial da IA para replicar essas características.
Os achados do estudo sugerem que, quando a IA é introduzida em uma nova profissão, as pessoas instintivamente comparam os traços humanos necessários para aquele trabalho com a capacidade da IA de imitá-los.
O nível de temor que os participantes do estudo sentiram em relação à substituição de certas profissões pela IA parecia estar diretamente ligado a um "descompasso percebido entre esses traços humanos e as capacidades da IA".
Por exemplo, a perspectiva de ter médicos e cuidadores movidos por IA gerou fortes temores em alguns países devido a preocupações sobre a falta de empatia e compreensão emocional dos bots.
as pessoas estão mais preocupadas com a substituição de médicos e juízes e menos com a de jornalistas.
Quando os pesquisadores analisaram as preocupações sobre a IA substituindo trabalhadores humanos, perceberam que as atitudes das pessoas variavam bastante, de acordo com o país.
Entrevistados no Brasil, EUA, Índia e Arábia Saudita relataram ter mais medo do papel da IA nas profissões de juiz e médico, refletindo preocupações com justiça, transparência e julgamento moral.
Os jornalistas movidos por IA foram os menos temidos, provavelmente porque as pessoas sentem que ainda mantêm autonomia sobre como interagem com as informações fornecidas por esses profissionais.

Pessoas na China, Japão e Turquia foram as menos receosas em relação à inteligência artificial de forma geral. Outros estudos também descobriram que os chineses dão menos importância ao controle da IA e mais à conexão com ela em comparação com os norte-americanos de origem europeia.
Descobriu-se também que 47% dos norte-americanos estão preocupados com os danos potenciais da IA, enquanto apenas 25% dos habitantes do Sudeste Asiático e 11% dos do Leste Asiático compartilham dessas preocupações.
Isso se deve, pelo menos em parte, ao fato de que diferentes países têm tradições distintas de retratar a IA como benéfica ou maligna, além de diferentes interações históricas com máquinas inteligentes. A percepção também é influenciada pelas políticas públicas sobre IA que regulam a interação das pessoas com a IA em diferentes países..