Mais de 90% da nova energia gerada em 2024 veio de fontes renováveis

O mundo adicionou 585 gigawatts de energia renovável no último ano, com fontes como solar e eólica representando 46% da eletricidade global

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Seth Borenstein 2 minutos de leitura

A geração de energia renovável bateu um recorde histórico em 2024, com 92,5% da nova eletricidade adicionada à rede vinda de fontes limpas como o sol e o vento, segundo um relatório internacional.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, na sigla em inglês), a China liderou esse aumento, sendo responsável por quase 64% da nova capacidade instalada. No total, o mundo adicionou 585 gigawatts de energia renovável, um crescimento de 15,1% em relação ao ano anterior. Hoje, 46% da eletricidade global vem de fontes renováveis não nucleares.

Apesar desse avanço, o planeta ainda não está no ritmo necessário para atingir a meta de triplicar a capacidade renovável até 2030. Segundo a IRENA, se o crescimento continuar no ritmo atual, ficaremos 28% abaixo do objetivo.

Essa meta foi estabelecida em 2023 para reduzir os impactos das mudanças climáticas e acelerar a transição energética, diminuindo a dependência de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural.

“A energia renovável está colocando fim à era dos combustíveis fósseis. O crescimento recorde do setor está criando empregos, reduzindo as contas de luz e melhorando a qualidade do ar”, afirma o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Mas essa transição precisa ser mais rápida e mais justa.”

CHINA À FRENTE, BRASIL ENTRE OS GRANDES PRODUTORES

A China foi a principal responsável pelo crescimento das energias renováveis em 2024, adicionando quase 374 gigawatts de nova capacidade – sendo que 75% desse total veio da energia solar. Para se ter uma ideia da escala, esse crescimento foi oito vezes maior que o dos Estados Unidos e cinco vezes superior ao da Europa.

Atualmente, a China conta com quase 887 gigawatts de energia solar instalada, muito à frente de outras potências globais: 176 gigawatts nos Estados Unidos, 90 na Alemanha, 50 no Brasil (segundo a Absolar), 21 na França e 17 no Reino Unido.

Diante desses números, o chefe do clima da ONU, Simon Stiell, desafiou a Europa e outras nações desenvolvidas a acelerarem seus investimentos em energia renovável para acompanhar o ritmo da China.

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“Quando um país abre mão da liderança climática, ele dá espaço para que outros avancem e colham os enormes benefícios dessa transição”, disse Stiell a líderes europeus em Berlim, em referência à decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de retirar o país do Acordo de Paris.

“A transição para energia limpa pode se tornar o motor econômico da Europa – e este é o momento ideal para apostar nisso”, afirmou. Para Stiell, os dados da IRENA comprovam que a expansão da energia renovável é irreversível. Ele destacou que, em 2024, o setor movimentou impressionantes US$ 2 trilhões.

Esse crescimento pode ser ainda maior nos próximos anos, segundo Neil Grant, analista sênior de políticas da Climate Analytics, organização que monitora os esforços globais para combater as mudanças climáticas.

“Se as energias renováveis cresceram 15% em 2024, imagine o que poderíamos alcançar com políticas climáticas mais ambiciosas e bem estruturadas”, sugere Grant, que não participou do relatório da IRENA.


SOBRE O AUTOR

Seth Borenstein é repórter de ciência na Associated Press. saiba mais