5 tendências em IA para 2024

O cenário será de consolidação de modelos e uso efetivo da tecnologia por parte das empresas

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Camila de Lira 4 minutos de leitura

A inteligência artificial generativa foi, sem sombra de dúvida, o tema mais recorrente nas discussões sobre inovação em 2023. Seja para refutar ou para elevar ferramentas como ChatGPT, o assunto dominou o noticiário.

A Fast Company Brasil ouviu especialistas e levantou cinco tendências para o segmento de IA no mundo. São tendências que contam a história do que acontece depois do hype: regulamentação, limites, impacto.

1. Leis e regulamentação

O primeiro ponto é a regulamentação. A discussão sobre os limites éticos e jurídicos de como esses sistemas devem operar chegará no âmbito das leis. No final de 2023, a União Europeia saiu na frente e lançou um acordo provisório de regras para reger o uso da tecnologia.

O texto final do EU AI Act será publicado em 2024 e, como aconteceu com a Lei Geral de Proteção de Dados, poderá impactar outras jurisdições, incluindo o Brasil.

O país já tem um projeto de lei (PL 2338/2023) que discute elementos para o uso da tecnologia. A conversa sobre os limites da IA passa por questões como direito autoral, proteção de imagem, proteção intelectual, da reputação e cibersegurança.

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“Independente do avanço mais ou menos veloz da legislação no país, 2024 será um ano em que estes temas sensíveis poderão impactar empresas que não se protegerem com políticas de uso responsáveis relacionadas ao uso interno de IA”, afirma Laura Kroeff, vice-presidente de estratégia e impacto da Box1824.

Para Alessandro Cauduro, chief developer experience officer da Azion, haverá ainda mais pressão para os sistemas de IA generativa mostrarem transparência na tomada de decisões.

“Outro aspecto importante será o controle sobre o desenvolvimento de superinteligências, garantindo a segurança e a ética no avanço dessas tecnologias”, diz o executivo.

2. IA limpa e sustentável

Outros impactos dos sistemas de IA generativa entrarão na pauta. Segundo Rosi Teixeira, head de tecnologias emergentes da Thoughtworks, consumidores desejam mais responsabilidade no uso de IA pelas empresas. “Existe uma necessidade urgente de entender o impacto da IA para a sociedade e para o ecossistema”, diz Rosi

Na visão do group director de design na Work & Co, Pedro Borges, haverá avanços no uso de energia renovável para reduzir o impacto da escala de processamento de dados da IA. Estudo da startup Huigging Face e da Carnegie Mellon University calcula que gerar uma imagem usando IA usa tanta energia quanto recarregar a bateria do celular do 0 a 100%.

Datacenter do Google no estado do Oregon/ EUA (Crédito: Tony Webster/ Wikimedia/ CC BY-SA)

“Será necessário tornar a IA sustentável. Criptomoedas estão passando pelo mesmo processo, uma vez que observamos o impacto de consumo de energia que decorre da sua adoção em escala”, diz Borges. 

3. Quem vai começar?

Estudo conduzido pela IBM mostra que 75% dos executivos acreditam que a vantagem competitiva vai depender do uso de IA generativa avançada. Mais da metade dos entrevistados diz que já integram a tecnologia em produtos ou serviços.

“Estamos, definitivamente, em um momento no qual a inteligência artificial passou de suporte para realmente estar no centro dos mais diferentes negócios”, diz Thiago Viola, diretor de IA, dados e automação da IBM Brasil. 

A questão que fica é: quais setores irão utilizar a tecnologia com eficiência em 2024? Borges aposta no varejo e no turismo. “São os setores que mais têm a colher neste momento, devido à complexidade da jornada de compra e as inúmeras variáveis que uma pessoa pode escolher ao longo dela”, aponta o executivo.

4. Mudanças na web

Um dos impactos imediatos de ferramentas como ChatGPT é na forma de pesquisar informações. Em vez de ir para o Google, os usuários passam a usar o conversacional do ChatGPT. Em 2023, o Bing, buscador da Microsoft, lançou uma versão usando o chat inteligente da OpenAI.

Estamos em um momento no qual a IA passou de suporte para realmente estar no centro dos mais diferentes negócios.

Já o Google correu para lançar o Bard, assistente virtual que usa o sistema de IA generativa. Para Alessandro Cauduro, da Azion, tais movimentações vão alterar o modo que o conteúdo é publicado online. “A relevância dos websites tradicionais deve diminuir em 2024. Eles passarão a ser mais utilizados como fontes de dados para treinar IAs”, diz.

O uso de sistemas hiper personalizados de informação também vai inflar o debate sobre a disseminação da desinformação. Uso de deepfakes e imagens criadas por tecnologia vão desafiar os usuários. Em 2024, o grande desafio do público será encontrar formas de diferenciar uma imagem ou um vídeo criado por IA de um de autoria humana.

5. Áudio AI

A evolução dos modelos de IA generativa será o áudio. Segundo Laura Kroeff, da Box1824, o ano que chega será o momento para a IA dominar a linguagem vocal. Com capacidade de entender diversos idiomas e falar com sotaques regionais, as vozes criadas por sistemas de IA ficarão cada vez mais próximas do modo de falar humano. 

“Isso deve fazer com que migremos de canais que utilizam predominantemente o texto para a voz”, diz Laura. Para as marcas, isso significa capacidade de desenvolver uma voz única em canais diversos.

Segundo Thiago Viola, da IBM Brasil, a hiper personalização de atendimento aos clientes é a “fruta madura” da IA para 2024.  “Não tenho dúvidas de que outro ponto que as empresas buscarão em 2024 é uma hiper personalização para atender seus clientes usando a IA generativa”, afirma o especialista.


SOBRE A AUTORA

Camila de Lira é jornalista formada pela ECA-USP, early adopter de tecnologias (e curiosa nata) e especializada em storytelling para n... saiba mais