Qual o mistério do novo sistema de inteligência artificial da OpenAI?

Alguns especulam que este pode ser um grande passo em direção à inteligência artificial geral

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Mark Sullivan 4 minutos de leitura

Os agentes de IA, como o ChatGPT, que utilizam grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês), são apenas o primeiro capítulo na história dos assistentes de inteligência artificial.

Embora esses chatbots demonstrem uma compreensão impressionante dos padrões de linguagem, também podem inventar informações. Além disso, carecem das habilidades de raciocínio e planejamento necessárias para resolver problemas matemáticos de nível médio, por exemplo, ou realizar tarefas complexas em nome do usuário.

Segundo relatos, a OpenAI estaria desenvolvendo um novo agente, chamado pelo funcionários de Q*.

Mas a próxima geração de agentes de IA está começando a tomar forma. Alguns indícios disso surgiram da recente mudança de liderança na OpenAI. Na ocasião, o conselho administrativo forneceu apenas uma razão vaga para a demissão do CEO Sam Altman, citando falta de transparência (Altman foi rapidamente reintegrado após uma revolta dos funcionários).

Alguns (inclusive eu) especularam que deveria haver outro problema nos bastidores para justificar uma ação tão drástica por parte do conselho – talvez uma descoberta assustadora. E, ao que parece, foi exatamente isso.

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Segundo relatos, a OpenAI estaria desenvolvendo um novo tipo de agente, conhecido internamente como “Q*” (“Q-star”), que representa um grande avanço em direção ao objetivo da empresa de criar sistemas superiores aos humanos em uma ampla variedade de tarefas (ou seja, inteligência artificial geral).

Supostamente, o conselho temia que Altman pudesse avançar na comercialização do Q* sem dedicar tempo suficiente para implementar medidas de segurança.

“Acredito que uma pequena equipe da OpenAI – liderada pelo time de engenharia, que inclui [o presidente] Greg [Brockman] e [o cientista-chefe] Ilya [Sutskever] –, conduziu experimentos em uma direção completamente nova com modelos capazes de planejar e resolver problemas matemáticos complexos, e encontrou alguns resultados iniciais promissores”, afirma o desenvolvedor e empreendedor de IA Diego Asua. 

“Isso pode ter levado a uma pressa para lançar uma versão inicial desse modelo para o público, causando conflitos... a ponto de desencadear todos os eventos que vimos.”

DEEPMIND ESTÁ NA CORRIDA

A especulação sobre a composição técnica do Q* se intensificou nos últimos dias, mas a melhor teoria que vi veio do cientista sênior de IA da Nvidia, Jim Fan, que sugeriu no X/ Twitter que o sistema provavelmente utiliza vários modelos de inteligência artificial trabalhando juntos para aprender, planejar e realizar tarefas.

O AlphaGo, da DeepMind, sistema de IA que derrotou o campeão mundial de Go em 2016, utilizou várias redes neurais convolucionais e aprendeu jogando milhões de partidas contra uma versão mais antiga de si mesmo.

O Q* pode depender de uma arquitetura semelhante: uma rede neural para elaborar as etapas de uma tarefa complexa; outra para pontuar as etapas e fornecer feedback; e mais uma para pesquisar os resultados possíveis de qualquer escolha feita pelo sistema.

Gemini e Q* podem ser o caminho para uma próxima geração de bots.

No entanto, a OpenAI não está sozinha. A própria DeepMind está trabalhando em um novo agente de IA chamado Gemini, que, como sugeriu o CEO Demis Hassabis, pode usar uma abordagem semelhante à do AlphaGo, mas utilizando um grande modelo de linguagem.

Isso pode resultar em um sistema que reage ao contexto ou dados situacionais – como o AlphaGo – e que também conversa e recebe instruções em linguagem simples, como o ChatGPT.

Sejamos realistas: os LLMs nunca seriam a resposta definitiva para a questão dos chatbots. Gemini e Q* podem ser o caminho para uma próxima geração de bots.

AMAZON ANUNCIA SEU PRÓPRIO CHATBOT DE IA

Durante seu grande evento de computação em nuvem em Las Vegas, a Amazon finalmente anunciou sua entrada na guerra dos chatbots de IA. Curiosamente, o novo bot baseado em LLM se chama Amazon Q.

Ao contrário do Bard, do Google, e do ChatGPT, da OpenAI, ele não é destinado ao público em geral. Foi projetado para trabalhadores de grandes empresas que precisam de assistência de IA para acessar e sintetizar dados corporativos. Em muitas delas, esses dados ficam armazenados na nuvem, e a Amazon Web Services garante que estejam seguros.

A IA da Amazon foi desenvolvida para lidar com dados corporativos em um ambiente mais seguro.

A segurança é o motivo pelo qual muitas empresas relutam em adotar chatbots que não foram projetados com foco nos negócios (como a versão para consumidor do ChatGPT). Elas temem que um bot de terceiros possa comprometer a segurança de seus dados ou colocá-los nas mãos erradas internamente.

Os clientes da Amazon Web Services provavelmente confiarão nela para manter os dados seguros, e o assistente pode utilizar o sistema de permissão já configurado pela empresa cliente para definir quais funcionários têm acesso a diferentes tipos de dados.


SOBRE O AUTOR

Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais