3 maneiras de transformar o escritório em um espaço mais inclusivo

Um ambiente de trabalho acolhedor é aquele que atende às necessidades do maior número possível de pessoas

Crédito: Garrett Rowland/ Elkus Manfredi Architects

Elizabeth Lowrey 4 minutos de leitura

Embora grande parte do debate sobre inclusão se restrinja a estratégias de gestão e dinâmicas de equipe, o espaço físico de trabalho também tem um papel importante.

Um projeto com design inclusivo envolve a criação de ambientes, objetos e experiências que atendam às diversas necessidades do maior número possível de pessoas. Ele atende a todos os usuários, prestando atenção às suas necessidades físicas, culturais, demográficas e psicológicas. 

No ambiente construído, isso significa reconhecer as inúmeras necessidades e as diversas experiências daqueles que o frequentam. Resumindo: o design inclusivo faz com que as pessoas sintam que o local em que trabalham as acolhe em toda a sua autêntica diversidade humana.

Uma arquitetura inclusiva começa sempre com um processo inclusivo. Não se trata apenas de criar uma "lista de desejos" de comodidades. Trata-se de gerenciar um processo iterativo – incluindo entrevistas, focus groups, observação direta e feedback – para garantir que os projetos finais estejam alinhados com as necessidades das pessoas e, ao mesmo tempo, atendam aos objetivos e valores da empresa. 

O AMBIENTE ACOLHE

Um projeto de escritório inclusivo combina estrategicamente elementos físicos para cultivar um espaço acolhedor, eficiente e harmonioso. Alguns espaços, como as áreas de alimentação, têm grande potencial para transmitir a mensagem desejada.

Crédito: Evan Joseph/ Elkus Manfredi Architects

"Todo mundo precisa comer e fazer pausas para descansar. Se você quiser que os funcionários sintam que são dignos de confiança, que seu trabalho é apreciado e que merecem fazer intervalos, a criação de um espaço que todos possam aproveitar juntos enfatiza a ideia de que todos pertencem à empresa", diz Cedric Leiba Jr., cofundador da DominiRican Productions, empresa de produção de mídia dedicada a criar oportunidades para profissionais negros.

Já mover os escritórios individuais para o centro e posicionar as estações de trabalho coletivas perto das janelas garante que a luz natural chegue a todas as áreas, acabando com as divisões hierárquicas e democratizando as melhores vistas para o maior número de pessoas, promovendo uma atmosfera mais inclusiva.

Crédito: Eric Laignel/ Elkus Manfredi Architects

Além da luz natural, a psicologia das cores, a acústica, a escolha dos elementos decorativos e o design cuidadoso da iluminação demonstraram que a estética pode contribuir na criação de um espaço acolhedor.

"É preciso haver elementos de justiça e equidade em todos os locais de trabalho", diz Anita Butera, professora de justiça criminal do Canisius College. "O gesto de projetar um espaço inclusivo vai facilitar o trabalho conjunto de uma equipe e, acima de tudo, ajudar nos momentos difíceis. A pergunta é: como o espaço de trabalho pode ser projetado para transmitir respeito mútuo?"

A ESCOLHA EMPODERA

"O dia de trabalho começa com o lugar onde você prefere se acomodar. Deve haver uma escolha. Qual desses ambientes é o ideal para você hoje? E, à medida que o dia avança, você prefere ficar lá ou mudar de lugar?", aponta Melanie Isaacs, fundadora e diretora de inclusão da Pal Experiences, organização sem fins lucrativos que promove acesso e inclusão para garantir que as necessidades de experiência de todos possam ser atendidas em locais públicos.

Nossa própria pesquisa e experiência nos dizem que o poder de escolha dentro do espaço de trabalho promove confiança, capacitação e agência. É mais do que um conceito; é uma manifestação física da filosofia da empresa e do respeito às diversas necessidades individuais.

Crédito: Evan Joseph/ Elkus Manfredi Architects

Os escritórios open space – formados por um grande espaço aberto, geralmente sem divisórias – têm afetado negativamente as mulheres, os negros e os indivíduos neurodiversos. Reconhecendo esse problema, implementamos estratégias de design bem pensadas que atendem às necessidades de todos.

Designamos áreas específicas em layouts de escritórios open space, como zonas acusticamente privadas. Criamos espaços fechados que permitem a separação visual e acústica. Isso permite que os funcionários trabalhem com poucas distrações, mantendo-se concentrados e sem interrupções.

Crédito: Eric Laignel/ Elkus Manfredi Architects

Outras medidas, como a disposição cuidadosa dos móveis e a incorporação de barreiras visuais, como plantas e telas, aumentam a privacidade e minimizam as distrações.

A APRENDIZAGEM INSPIRA

Os ambientes projetados para o aprendizado refletem um compromisso com a curiosidade intelectual, a diversidade de pensamento e o crescimento coletivo. Inclusão aqui significa criar espaços que permitam a cada indivíduo aprender, colaborar e sair enriquecido.

Isso inclui indivíduos neurodiversos, porque as pessoas aprendem de maneiras diferentes. Um funcionário que apresente Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode escolher caminhos para o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades que o ajudem a se sentir confortável e produtivo.

Crédito: Robert Benson/ Elkus Manfredi Architects

Situações como essa significam que os projetistas incorporam o conhecimento de especialistas em aprendizagem e perfis comportamentais, entre outros.

Além dos espaços dedicados a treinamentos, workshops e seminários, a arquitetura do ambiente pode incentivar o compartilhamento informal de conhecimento. Recursos como paredes nas quais se pode escrever, móveis modulares e centros tecnológicos estrategicamente posicionados podem transformar espaços abertos em locais de colaboração espontânea.

Projetar um espaço de trabalho que abrace a inclusão não é apenas uma prova visível da sua dedicação, mas também serve como uma ferramenta de capacitação que aproveita a própria essência do seu ambiente.


SOBRE A AUTORA

Elizabeth Lowrey é designer de espaços de trabalho e diretora da Elkus Manfredi Architects. saiba mais