3 questões de ordem prática que vão ajudar empresas a prevenir o burnout
Como manter sua equipe motivada – sem esgotar ninguém
Quando eu era jovem e morava na Turquia, tive um trabalho de verão em um restaurante movimentado em Ancara. Em um dos anos, o gerente nos deixou exaustos. Nossos horários eram pesados e inflexíveis, ele nunca contratava funcionários extras quando era necessário e toda a equipe se sentia esgotada e infeliz.
No verão seguinte, uma nova gerente chegou e introduziu um estilo de liderança completamente novo. Quando as coisas ficavam caóticas, ela checava para ver como estávamos nos saindo. Ela contratou uma equipe extra para grandes eventos e nos deixava trocar de turnos.
O restaurante estava com a mesma quantidade de clientes naquele verão. A única diferença foi como me senti no final da temporada – sem estar completamente esgotado.
Agora que sou líder de minha própria empresa, as coisas que aprendi naquele emprego de verão repercutem mais do que nunca. Altos níveis de estresse não são um requisito para o sucesso da equipe. Existe um caminho muito melhor, no qual é possível obter os mesmos resultados, mas não às custas da sanidade dos funcionários.
Se você é um empreendedor, compreende o delicado equilíbrio entre arrasar e sair arrasado. Veja a seguir algumas perguntas que é preciso levar em conta na hora de gerenciar a carga de trabalho da equipe.
1. Será que podemos automatizar alguma tarefa?
Os chefes devem incentivar os funcionários de todos os níveis a fazer um balanço de suas tarefas diárias – mapear as etapas de cada fluxo de trabalho – e procurar oportunidades de automação. Já presenciei essa estratégia melhorando a saúde mental em minha própria empresa. E não sou o único.
Por exemplo, o autor e professor da Wharton, Adam Grant, escreveu sobre a Cleveland Clinic e sobre como a mudança no modo de gerenciar os registros de saúde permitiu que os médicos e prestadores de serviços passassem mais tempo com os pacientes e menos tempo digitando informações.
Nesse caso, a automação não destruiu empregos, mas capacitou as pessoas a realmente focarem nos aspectos mais importantes do trabalho.
2. Podemos aproveitar a experiência de outros departamentos?
Quando Dinesh Paliwal assumiu o cargo de CEO da Harman International Industries, ele instituiu mudanças para transformar a empresa global de áudio. Uma dessas mudanças foi a eliminação dos "muros" internos.
Da mesma forma, tentei eliminar os muros entre os setores da minha empresa. Fazemos isso trabalhando em equipes multifuncionais e organizando periodicamente dias de demonstração – reuniões em que os funcionários de todos os departamentos compartilham suas ideias mais recentes e dão feedback uns aos outros.
Um dos maiores benefícios que observei ao eliminar as divisões entre setores é o fato de os funcionários se sentirem mais à vontade para recorrer a colegas de diversos departamentos para adquirir conhecimentos especializados.
Por que um criador de conteúdo deveria se esforçar para organizar uma campanha de e-mail quando um especialista em marketing que já fez isso milhares de vezes poderia entrar em cena com um modelo facilmente replicável?
Devemos incentivar os funcionários a tirar proveito do nosso conjunto de talentos. Isso pode reduzir a carga de trabalho e os gastos desnecessários de tempo. Tento liderar pelo exemplo: se alguém puder executar uma tarefa melhor do que eu, não hesitarei em delegar. Talvez até aprenda alguma coisinha.
3. Estamos monitorando os cronogramas para garantir o equilíbrio entre vida pessoal e profissional?
Tendo trabalhado para empresas de outras pessoas antes de iniciar meu próprio negócio, posso atestar que um dos sentimentos mais desmotivadores para um funcionário é o de ser uma engrenagem substituível em uma máquina.
A sensação de que seu empregador enxerga você apenas como um ativo em um balanço patrimonial, do qual ele quer extrair o máximo possível de resultados, inevitavelmente levará ao esgotamento.
Ver os funcionários como seres humanos multifacetados é crucial para o envolvimento e a retenção de talentos e para os resultados financeiros. Aliás, pesquisas demonstram que a empatia e a compaixão na liderança melhoram significativamente o desempenho, o envolvimento e a lucratividade dos funcionários.
Simplificando: preocupar-se com seu pessoal é bom para os negócios. Uma boa maneira de demonstrar esse cuidado é priorizar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
O monitoramento contínuo dos cronogramas pode ajudar a manter uma espécie de equilíbrio entre os dois lados, mesmo nos projetos mais estressantes. Novamente, isso requer o mapeamento cuidadoso das etapas de cada fluxo de trabalho, incluindo quem é responsável por quais partes, e o estabelecimento de um espaço para comunicação aberta à medida que o projeto avança.
Altos níveis de estresse não são um requisito para o sucesso da equipe.
Hoje em dia, existem até chatbots que podem ser integrados às plataformas de gerenciamento de projetos. Esse bots solicitam atualizações de status dos membros da equipe e mantêm os projetos em andamento.
Dessa forma, os funcionários podem relatar quaisquer preocupações ou problemas e o restante da equipe pode ajudar e ajustar seus cronogramas conforme a necessidade. O ideal é que ninguém tenha que "se virar" para continuar no caminho certo e que todos possam incluir algum tempo sem atividades em sua programação.
Sem alterar a quantidade total do trabalho, podemos utilizar ferramentas e criar sistemas para alterar a qualidade e realizar as tarefas com mais eficiência. Tudo se resume a realizar inventários de projetos e aproveitar as ferramentas e os recursos disponíveis para administrar a carga de trabalho e manter um controle saudável do estresse.