6 tendências da GenZ nem tão novas, mas que estão um pouco diferentes

Conforme essa geração começa a representar uma parcela maior da força de trabalho, algumas tendências voltam a circular entre os jovens funcionários

Crédito: Michele Raffoni/ Pexels

Leila Frankina 4 minutos de leitura

Sou da geração Z e vou entrar oficialmente no mercado de trabalho daqui a um ano. Por isso, ando curiosa para aprender como funciona o universo profissional. Assisti a inúmeros vídeos do TikTok para saber mais sobre a vida no escritório e as tendências nesse ambiente. O que mais me surpreendeu foi o fato de que nenhuma dessas tendências relacionadas ao trabalho é de fato nova.

Conforme as próximas gerações adentram o mercado de trabalho e trazem suas perspectivas específicas, estamos começando a ver algumas ideias antigas se manifestarem de novas maneiras.

Como se espera que a geração Z represente 30% da força de trabalho até 2030, e a geração Alpha virá logo em seguida, apresento a seguir algumas tendências e valores que estão sendo resgatadas no ambiente profissional. 

1. Quiet quitting: a demissão silenciosa

Um número surpreendente de pessoas confessa já ter adotado a postura de ir desistindo aos poucos do emprego, fazendo apenas o que fosse estritamente necessário. Elas se desapegaram do trabalho por vários motivos, geralmente devido à infelicidade e ao descompromisso com sua função ou com a empresa.

Crédito: Mizuno K

O conceito de demissão silenciosa não é novo. Ideias e discursos semelhantes podem ser encontrados na década de 90, quando a geração X entrou no mercado de trabalho.

2. Rage quitting: a demissão explosiva 

A geração Z cresceu cercada por smartphones e mídias sociais, portanto, não é surpresa que eles não tenham medo de expressar seus pensamentos na internet. Também não têm medo de levantar da cadeira e deixar um emprego se acharem que algo não está certo. A hashtag #QuitTok gerou uma série de vídeos com as histórias de demissão das pessoas. O surgimento dessa tendência remonta a 2020.

Crédito: Reprodução/ Redes Sociais

A demissão em ímpetos de raiva já existe há tempo suficiente para que músicas tenham sido escritas sobre esse assunto. "Take This Job and Shove It", uma música country de 1977, retrata toda a frustração de trabalhar demais por muito pouco (um dos principais motivos pelos quais as pessoas acabam pedindo demissão por raiva).

Quando os trabalhadores percebem que estão dedicando tempo e esforço, mas não recebem muito em troca, eles saem com uma sensação amarga. 

3. Ficar na cama

É o clássico ficar deitado por muito tempo sem fazer nada, navegando pelas redes sociais ou assistindo televisão comendo salgadinhos. Já no século 19 se descrevia esse comportamento, de pessoas que ficavam na cama até tarde.

Ou seja, os seres humanos têm feito isso há muito tempo. Mas, em lugar de chamar isso de “fazer nada”, agora dizemos que estamos "tirando um tempo de autocuidado".

É uma tendência que não deve desaparecer, mas com certeza não é a melhor forma de lidar com as pressões da vida pessoal ou profissional.

4. Quiet promotion: a promoção silenciosa

Esse termo surgiu nos últimos anos para descrever uma frustração comum: ter de trabalhar mais, mas mantendo o mesmo cargo e o mesmo salário.  Quem não se lembra da personagem Andy (Anne Hathaway), no filme "O Diabo Veste Prada" (de 2006), sempre tentando agradar a chefe superexigente, assumindo cada vez mais trabalho enquanto sua vida pessoal era deixada de lado?

Meryl Strrep e Anne Hathaway em "O Diabo Veste Prada" (Crédito: 20th Century Fox)

Um indício de uma promoção silenciosa é o aumento da quantidade de trabalho em sua mesa. Se você acha que foi promovido por baixo dos panos, o confronto é fundamental, seja perguntando ao seu empregador se mais funcionários serão contratados ou pedindo uma mudança de salário e título.

5. Fingir produtividade

Trabalhar muito ou quase não trabalhar? Fingir estar sendo produtivo é quando os funcionários priorizam o trabalho burocrático, como responder rapidamente a e-mails, em detrimento do trabalho de verdade, que poderia impulsionar os negócios. Um motivo comum para fazer isso é mostrar que estamos ocupados. 

O seriado "The Office" (2005 a 2013) é um excelente exemplo de teatro da produtividade. Embora os personagens sejam vistos trabalhando em um escritório, entre reuniões aleatórias, brincadeiras e palhaçadas, você começa a se perguntar se em alguma hora eles realmente trabalham. 

"The Office" (Crédito: HBO Max)

6. Segundas-feiras de preguiça

Essa tendência foi criada por Marisa Jo Mayes no TikTok. É exatamente o que parece: fazer o mínimo de trabalho possível nesse dia específico. Embora seja fácil para algumas pessoas colocar o pé no acelerador no início da semana, outras acham isso difícil, especialmente se estiverem infelizes no trabalho.

Descobriu-se que a geração Z é a mais infeliz no trabalho, o que talvez explique por que as segundas-feiras com o mínimo de trabalho e de esforço se tornaram particularmente atraentes para esse grupo.


SOBRE A AUTORA

Leila Frankina é estagiária na redação da Fast Company e estudante de jornalismo na Universidade Syracuse. saiba mais