Como a busca por mais trabalho gera “ansiedade produtiva”

A “ansiedade produtiva” surge quando o trabalho se torna estressante e realizamos várias tarefas ao mesmo tempo. Mas há maneiras de lidar com isso

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Stephanie Vozza 4 minutos de leitura

Muitos de nós estamos sempre buscando maneiras de conseguir fazer mais coisas no dia a dia. É por isso que as matérias sobre produtividade estão entre as mais populares da Fast Company.

Uma pesquisa do Human Workplace Index, realizada com três mil funcionários nos Estados Unidos, Reino Unido e Irlanda, revelou que pouco mais da metade – 54% – se sente produtiva no trabalho. Embora esse número pareça positivo, ele vem acompanhado de um custo: quase 83% dos entrevistados disseram sofrer de “ansiedade produtiva”.

“Ansiedade produtiva é quando nos perguntamos: ‘estou fazendo o suficiente’, independentemente do quanto estamos realmente produzindo”, explica Meisha-Ann Martin, diretora sênior de análises de pessoas e pesquisa da plataforma de reconhecimento de funcionários Workhuman. “Também é se questionar: ‘estou trabalhando nas coisas certas?’.”

Se você é um funcionário que está sentindo ansiedade produtiva e seu gerente não está abordando isso ativamente, Martin recomenda agendar uma reunião de acompanhamento e ser direto.

“Seja proativo ao comunicar quando você está se sentindo sobrecarregado e peça ajuda para priorizar sua carga de trabalho.”

“Faça perguntas específicas, como ‘estou trabalhando nas coisas certas?’”, ela sugere. “Seja proativo ao comunicar quando você está se sentindo sobrecarregado e peça ajuda para priorizar sua carga de trabalho.”

Martin recomenda dizer, por exemplo: “parece que tenho muita coisa para fazer. Quero garantir que estou focando nas coisas certas. Qual é a maior prioridade agora? Tem algo que eu possa adiar para mais tarde?’”.

O QUE OS EMPREGADORES DEVEM FAZER

A executiva ressalta que, embora os funcionários sintam o impacto direto da ansiedade produtiva, isso também cria problemas para os empregadores.

“Quando estamos ansiosos, não conseguimos dar o nosso melhor”, ela explica. “Se você não se sente seguro no trabalho, isso pode afetar seu comportamento, especialmente em relação à inovação e ao risco. Se estou ansioso sobre meu desempenho, não conseguirei ser tão inovador.”

Para ajudar os funcionários a atingir todo o seu potencial no trabalho, os gerentes precisam definir expectativas claras, para que saibam que estão trabalhando nas coisas certas. Por exemplo, defina metas de desempenho com marcos e indicadores claros e priorize tarefas com base em objetivos empresariais importantes. Isso deve aliviar um pouco da ansiedade.

“Se você não se sente seguro no trabalho, isso pode afetar seu comportamento, especialmente em relação à inovação e ao risco"

O reconhecimento também é importante. “Curiosamente, quando as pessoas são reconhecidas, elas relatam menos estresse”, afirma Martin. “O reconhecimento envia uma mensagem que diz: ‘você está indo muito bem. Pode estar sendo um momento difícil, mas está se saindo bem’.”

Também ajuda estabelecer horários regulares para acompanhamento. Se você não souber que um membro da equipe está se sentindo ansioso, não poderá ajudá-lo. “Sou uma grande defensora de um acompanhamento que não seja apenas sobre as tarefas ou metas e resultados”, diz ela. “Também verifique como a pessoa está, para que possa oferecer apoio quando necessário.”

Não é incomum que algo na vida pessoal de um funcionário afete seu desempenho no trabalho. Líderes também devem estar atentos a comportamentos fora do comum que possam indicar que algo está acontecendo.

“Quando um líder e um funcionário têm um bom relacionamento, é mais fácil perceber quando as coisas não estão como normalmente são”, diz Martin. “Se perceber que a pessoa está mais desorganizada ou se o tom dela mudar, pode dizer: ‘você não costuma ser assim. Como você está? Há algo com o que eu possa ajudar?’. Isso cria um espaço seguro para que o funcionário possa dizer: ‘na verdade, estou enfrentando dificuldades’.”


    O CUSTO DA ANSIEDADE

    Por fim, os gerentes podem mostrar à equipe que o bem-estar deles é importante. Por exemplo, podem servir de exemplo ao utilizar os recursos que a empresa oferece, como licença remunerada, apoio à saúde mental e políticas de trabalho flexíveis.

    É importante perceber que a ansiedade produtiva afeta a todos. E esse sofrimento prejudica o bem-estar pessoal, o que pode levar a problemas como faltas e atrasos, baixo desempenho e até mesmo saída da organização. Também pode impactar a cultura organizacional e, se não for tratada, pode criar uma cultura de competição tóxica, trabalho excessivo e burnout.

    “Os funcionários têm um papel, mas as organizações e os líderes precisam criar um ambiente seguro o suficiente para que possam falar sobre esses assuntos”, diz Martin.

    Ao definir expectativas claras e abrir canais de comunicação, você e sua equipe podem transformar a produtividade em um tópico positivo novamente.


    SOBRE A AUTORA

    Stephanie Vozza escreve sobre produtividade e carreira na Fast Company. saiba mais