Repensando o método: métricas, sozinhas, não vão manter o time motivado

É tempo de rever o modo como inspiramos os funcionários e construir ambientes de trabalho centrados nas pessoas

Crédito: Xavier Arnau/ iStock

Jim Frawley 4 minutos de leitura

Em uma cultura que valoriza realizações e produtividade, o mantra "trabalhe duro, divirta-se muito" tornou-se um distintivo de honra. No entanto, esse foco implacável em conquistas muitas vezes ofusca o valor do esforço ou do caráter daqueles que fazem o trabalho.

Agora que navegamos por ambientes voláteis, incertos, complexos e ambíguos, com mudanças constantes, mais gentes está começando a se fazer perguntas mais profundas: qual é o meu propósito, meu valor, meu significado? As respostas já não são tão claras como pareciam antes.

A incerteza nos faz questionar não só o que está acontecendo ao nosso redor, ela nos obriga a encarar o que está acontecendo dentro de nós. No centro do problema está a questão da motivação.

Seja adaptando-se a uma nova liderança, navegando pelo surgimento da IA ou digerindo o resultado de uma eleição, tanto pessoas quanto organizações estão sendo incentivados a repensar a motivação de modo a priorizar a realização a longo prazo em lugar das vitórias a curto prazo.

As regras sobre motivação no trabalho estão sendo reescritas. Produtividade, metas e sucesso estão recebendo uma atualização muito necessária, com foco em tornar o trabalho mais centrado no ser humano.

No entanto, existe um grande desafio: os líderes querem equipes motivadas, mas precisam trabalhar na criação de ambientes que sejam realmente inspiradoras. Sextas-feiras com expediente reduzido e outras soluções rápidas não são mais suficientes.

A verdadeira motivação vem de dentro – motivação intrínseca, alimentada por interesse genuíno, prazer ou propósito, não por recompensas superficiais.

Mas como despertar a vontade de fazer o nosso melhor trabalho, independentemente de incentivos financeiros ou tarefas cotidianas? E qual é a responsabilidade dos líderes em ajudar suas equipes a redescobrir e sustentar essa motivação?

REDEFININDO MOTIVAÇÃO

A motivação há muito tempo está enraizada em métricas de desempenho e metas de produtividade, tradicionalmente projetadas para servir aos interesses da organização. Mas em uma era marcada por mudanças e inovações, há a necessidade de um foco mais amplo que incentive o crescimento e o bem-estar de ambos os lados.

Para as pessoas, isso significa explorar o propósito além das tarefas e funções diárias. Em vez de serem movidos apenas por métricas, os funcionários agora buscam funções que ofereçam um senso de propósito e alinhamento com seus valores.

Mas há um porém: buscar um propósito é vago e equivocado. O que proporciona valor sustentável é determinar como podemos ser úteis. Ao ser útil, encontramos nossa motivação.

A motivação atinge níveis altos e produz resultados positivos quando a pessoa tem a oportunidade de contribuir de maneira significativa e se sentir bem com isso. Em vez de dizer aos outros o que fazer, como você co-cria um ambiente que proporciona uma sensação de propriedade e conexão com a missão da empresa?

VÁ ALÉM DO CHECK LIST

Para ambas as partes, motivadores de curto prazo, como metas de desempenho trimestrais ou conclusão imediata de tarefas, têm seu lugar, mas não podem ser os únicos parâmetros para o sucesso.

O foco deve estar no estabelecimento de metas de longo prazo que englobem o desenvolvimento pessoal e profissional dos funcionários e o crescimento sustentável das organizações.

No nível individual, isso pode significar estabelecer metas de carreira que incluam aprendizado contínuo, desenvolvimento de habilidades e bem-estar pessoal, mesmo que seja preciso mudar de perspectiva e executar tarefas ou funções menos desejáveis a curto prazo. Pense em termos de planos de cinco ou 10 anos, em vez de apenas avaliações anuais.

Do ponto de vista organizacional, fomentar um ambiente de apoio ao estabelecimento de metas significa criar estruturas que deem suporte a carreira flexíveis, oportunidades de mentoria e recursos para aprendizado.

REFORMULANDO A NARRATIVA

Talvez a mudança mais profunda na redefinição da motivação venha de reformular a narrativa para servir aos melhores interesses dos funcionários, e não apenas aos objetivos da organização.

Inverta o roteiro para focar nas pessoas, não só nas metas da empresa. Quando as pessoas se sentem vistas e valorizadas como indivíduos, com habilidades e aspirações únicas, elas ficam naturalmente mais engajadas, motivadas e dispostas a contribuir.

Para os funcionários, reformular a própria narrativa pode envolver assumir a responsabilidade por suas motivações e buscar ambientes que priorizem seu bem-estar. As organizações, por outro lado, devem criar culturas onde o bem-estar e o crescimento dos funcionários sejam vistos como centrais para a missão da empresa.

Quando as organizações reconhecem que os interesses do indivíduo e da empresa estão entrelaçados, a motivação surge naturalmente, criando um ambiente benéfico para os dois lados.

Quando todos compartilham a responsabilidade, a motivação deixa de ser um impulso unilateral e se torna um esforço coletivo. Essa mudança não é apenas sobre atingir metas; é sobre construir resiliência, impulsionar o crescimento e encontrar realização em um mundo que em constante mudança.


SOBRE O AUTOR

Jim Frawley é coach, consultor e CEO e fundador da empresa de desenvolvimento de executivos Bellwether. saiba mais