A OpenAI seria capaz de criar uma inteligência artificial como a de “Her”?

O ChatGPT está cada vez mais próximo de um sistema operacional de nova geração

Crédito: Freepik

Mark Sullivan 3 minutos de leitura

Estamos perto de ter sistemas operacionais controlados por IA? No filme “Ela” (“Her”, de 2013), a inteligência artificial Samantha não é apenas uma assistente virtual – ela é um sistema operacional completo.

Theodore (interpretado por Joaquin Phoenix) a conhece ao adquirir o OS1, que promete ser mais do que um simples software, mas uma “consciência”. Com o tempo, Samantha se torna sua companheira digital intuitiva e personalizada, ajudando em tudo, desde e-mails até jogos. Esse exemplo nos faz pensar sobre sistemas operacionais controlados por IA.

O lançamento do ChatGPT marcou o início da revolução da IA generativa porque trouxe ao público uma experiência que lembra o conceito do filme. Dois anos depois, o chatbot da OpenAI se tornou um dos produtos de IA mais populares, consolidando-se como a interface de inteligência artificial mais acessível e amplamente utilizada.

De acordo com o COO da empresa, Brad Lightcap, mais de 400 milhões de pessoas por semana usam o ChatGPT. Para efeito de comparação, o iOS, da Apple, está presente em mais de dois bilhões de dispositivos ativos, incluindo mais de 1,5 bilhão de iPhones. Mas, enquanto o iOS permanece relativamente estável, o ChatGPT continua crescendo e atraindo novos usuários.

O grande diferencial da Apple sempre foi sua habilidade excepcional em projetar interfaces intuitivas que conectam o usuário ao mundo digital. Mas sua abordagem ainda depende de interações tradicionais, como cliques e toques na tela – e a Siri continua sendo um ponto fraco.

O ChatGPT, por outro lado, parece cada vez mais um novo tipo de interface: uma ferramenta baseada em linguagem natural, capaz de compreender o contexto e a intenção do usuário, funcionando como um assistente inteligente. Isso nos aproxima ainda mais de sistemas operacionais controlados por IA.

Além disso, já consegue interpretar comandos de voz e analisar imagens captadas pela câmera do celular. Agora, empresas como OpenAI e Anthropic estão acelerando o desenvolvimento de IAs capazes de controlar funções de computadores e aplicativos, aproximando-se da criação de sistemas operacionais controlados por IA.

chatbot assistente virtual

Por enquanto, tudo isso está dentro do ChatGPT. Mas até quando? No meu dia a dia, já uso o aplicativo no desktop para pesquisas rápidas. Se eu pagar US$ 200 por mês, posso utilizá-lo para análises mais aprofundadas e até permitir que ele controle meu mouse para navegar na web.

Não é difícil imaginar um futuro no qual a inteligência artificial também abra aplicativos, envie arquivos para impressão e realize tarefas automatizadas.

É provável que, em breve, tenhamos um assistente de IA com quem podemos interagir ao longo do dia – um sistema que aprende nossos hábitos, preferências e fluxos de trabalho, como Samantha fazia com Theodore.

cena do filme
No filme "Ela" o personagem de Joaquin Phoenix se apaixona por uma IA (Crédito: Warner Bros.)

Muitas equipes de pesquisa já estão trabalhando para incorporar inteligência emocional nesses sistemas, permitindo que a IA se torne não apenas uma assistente, mas também uma espécie de companheira digital.

O analista Ben Thompson destacou recentemente em sua newsletter que a OpenAI percebeu que o ChatGPT está se tornando o centro de suas operações.

Dois anos após seu lançamento, o ChatGPT se tornou um dos produtos de IA mais populares do mundo.

“Empresas voltadas para o consumidor precisam de uma cultura e uma cadeia de valor muito diferentes das de um laboratório de pesquisa que oferece uma API como serviço”, escreveu ele. “Essa mudança estrutural provavelmente foi o principal fator por trás das reviravoltas dentro da OpenAI nos últimos anos.”

A OpenAI começou como um laboratório de pesquisa, depois se tornou fornecedora de modelos básicos para empresas e desenvolvedores. Mas foi o ChatGPT que acabou roubando a cena, tornando-se sua principal fonte de receita e reconhecimento.

A pergunta agora é: qual será o próximo passo? Minha aposta: transformá-lo em um sistema operacional. A integração de sistemas operacionais controlados por IA parece ser um passo inevitável.


SOBRE O AUTOR

Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais