Profissionais de startups preferem continuar no emprego mesmo sem aumento

Pesquisa aponta que 42% não têm plano de carreira e 66% não pretende sair do trabalho atual mesmo sem aumento no salário

Crédito: Freepik

Redação Fast Company Brasil 4 minutos de leitura

O ano de 2023 começa com um clima cinzento para startups e empresas de tecnologia, com demissões em massa e ajustes de orçamento para encarar meses de incerteza.

Junto com esses layoffs, o mercado de trabalho vem notando um grande número de trabalhadores tomando a decisão de mudar de emprego por questões relativas à saúde mental, falta de reconhecimento, propósito, entre outros motivos.

Desenvolver talentos e mantê-los se torna, portanto, um grande desafio para essas empresas.

as startups mais consolidadas têm melhores resultados do que aquelas que estão em fase inicial.

A Convenia, startup focada em soluções para RH, lançou recentemente o Relatório de Cargos e Salários em Startups 2022, que contou com apoio da Endeavor, StarSe e Abler. O estudo revela, por exemplo, que 42% dos profissionais do setor não contam com plano de cargos e salários.

“Os resultados da pesquisa em si não foram surpresa. Afinal, os dados comprovam a realidade do mercado de que as startups mais consolidadas têm melhores resultados do que aquelas que estão em fase inicial”, afirma Marcelo Furtado, CEO e cofundador da Convenia.

“Aquelas mais consolidadas trabalham de forma competitiva e com setores mais organizados, o que é fundamental para a disputa de talentos. Além disso, vemos que algumas coisas que agem como diferenciais são os complementos, como benefícios e planos de desenvolvimento individuais.”

O PAPEL DOS BENEFÍCIOS

Mais da metade (54%) dos respondentes demonstram entender que sua empresa trabalha com uma política de cargos e salários, implementando internamente uma boa comunicação. Porém, 14% não souberam responder, o que pode indicar uma divulgação falha ou a falta de uma política robusta.

Mesmo com a falta de clareza sobre o futuro de suas carreiras, muitos dos profissionais não pretendem mudar de trabalho: 66% disseram que não pretendem sair da startup em que estão empregados nos próximos seis meses, mesmo que não recebam aumento de salário.

“Uma explicação para essa porcentagem pode ser decorrente dos benefícios corporativos, já que nove em cada 10 recebem vales, auxílios ou outras vantagens”, explica Furtado.

Nove em cada 10 profissionais recebem algum tipo de benefício e oito em cada 10 os consideram como um diferencial para sua permanência.

Falando em salários, a pesquisa identificou que 81% dos entrevistados tiveram aumento nos últimos três anos.

As remunerações em startups ficam concentradas em até R$ 4,5 mil. Aproximadamente 40% tiveram uma renda uma média de até 3,5 salários mínimos; 27%, de até R$7,5 mil; e os outros 33% estão distribuídos nas faixas acima deste valor.

Nove em cada 10 profissionais que responderam à pesquisa recebem algum tipo de benefício, e oito em cada 10 os consideram como um diferencial para sua permanência na startup.

Já 4% dizem não receber benefícios, mas entendem que isso pode ser um motivo para trocar de emprego. Apenas 1,5% não levam o pacote de benefícios em consideração neste cenário.

“O mercado de startups está em crescimento, mas ainda existem alguns detalhes sobre cargos e salários que precisam ser melhorados. A questão da faixa salarial, por exemplo, é uma dificuldade para startups pequenas ou iniciantes, que encontram dificuldade em acompanhar o padrão do mercado”, diz Furtado.

CADA CASO É UM CASO

Segundo o executivo, planos salariais e de carreira são construídos com base nas necessidades de cada empresa. Para que todos os processos da organização aconteçam, é preciso entender quais as habilidades técnicas e comportamentais necessárias para cada cargo.

“Eles trazem um cenário do que realmente é necessário para os funcionários. A adoção dessa estratégia auxilia em diversas políticas internas. Inclusive no modo como as equipes de uma determinada empresa são gerenciadas”, afirma.

Para os trabalhadores, ter planos estruturados significa:

- Aumento na motivação

- Fortalecimento de uma relação transparente e de confiança entre empresa e funcionário

- Viabilidade do plano de desenvolvimento individual

- Senso de justiça e de pertencimento

- Maior engajamento e produtividade

“Startups são empresas ágeis, que mudam muito rapidamente, e isso pode gerar inseguranças nos

a pesquisa identificou que 81% dos entrevistados tiveram aumento nos últimos três anos.

funcionários. Ter um plano traz segurança quanto à carreira e é algo muito benéfico”, afirma Renato Dias, CEO da Taqe, plataforma de recrutamento e seleção digital.

A Taqe adota essa estratégia internamente e conseguiu, com isso, reter funcionários referência em áreas chave, como sucesso do cliente, tecnologia e marketing e vendas.

Uma dificuldade enfrentada pela Taqe foi conseguir engajar a equipe não apenas com plano de carreira. “As novas gerações trabalham por propósito e em ambientes que se sintam felizes. Dinheiro é apenas parte disso”, reconhece Dias.

“Para superar os desafios, aprendemos que é importante ouvir, ter empatia, ser flexível e humano. A partir dessas informações, criamos processos estruturados e sempre mantemos a mente aberta para melhorias.”


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