“Hacker do bem” explica os riscos de se usar redes abertas de wifi
Conectar-se a uma rede desprotegida pode expor seu dispositivo a ataques cibernéticos
Vivemos em um mundo cada vez mais conectado, mas é importante lembrar que há riscos envolvidos. Para a maioria dos especialistas em cibersegurança, o elo mais fraco de qualquer sistema é o próprio usuário – seja em casa ou no trabalho.
As principais formas de ataque cibernético não se concentram em invadir sistemas complexos, mas sim em explorar falhas humanas. Estima-se que 94% dos malwares chegam por e-mail e que o phishing seja responsável por 41% das violações. Em 2023, 75% dos especialistas relataram um aumento no número de ciberataques em relação ao ano anterior.
As empresas têm investido em treinamento para conscientizar seus funcionários sobre as ameaças. Mas o foco costuma ser o ambiente corporativo, deixando de lado os riscos em locais públicos, onde as pessoas tendem a baixar a guarda.
Eu mesmo já testemunhei situações que ilustram essa vulnerabilidade. Com anos de experiência como hacker ético certificado e atuando em investigações de crimes cibernéticos, sei o quão fácil é para cibercriminosos explorarem essas brechas.
Em uma ocasião, enquanto fazia compras em uma loja, notei que os atendentes pediam o e-mail dos clientes para enviar a nota fiscal eletrônica.
Embora isso possa parecer inofensivo – e mais sustentável que os comprovantes de papel –, um hacker atento poderia facilmente usar essas informações, combinando o endereço de e-mail com dados como localização, itens comprados e valores, para criar mensagens de phishing altamente convincentes.
Em outra situação, durante um show, observei uma pessoa mexendo no celular à minha frente. Em poucos minutos, consegui identificar seu nome, profissão, endereço, número de telefone, modelo do carro e até seu saldo bancário. Essas informações poderiam ser usadas por um hacker para roubo de identidade ou até chantagem.
Esses exemplos mostram o quanto precisamos estar atentos às informações que expomos em público e que devemos avaliar cuidadosamente as redes às quais nos conectamos.
O PERIGO DAS REDES ABERTAS DE WIFI
No mesmo show, vi muitas pessoas conectadas ao wifi do estádio, que não exigia senha e era completamente desprotegido. Redes como essa são um prato cheio para ataques cibernéticos, como os chamados “gêmeos malignos”.
Nesse tipo de ataque, o hacker cria um ponto de acesso sem fio falso, com um nome atrativo, como “Wi-Fi do estádio 2”. Assim que um dispositivo se conecta, o invasor pode interceptar os dados transmitidos.
Essas redes falsas também podem ser usadas para espionagem, para injetar malware em downloads ou realizar ataques nos quais o hacker se passa pela outra pessoa em uma comunicação para roubar informações.
As principais formas de ataque cibernético se concentram em explorar falhas humanas.
Outra ameaça comum em redes inseguras é a “captura de pacotes”, na qual cibercriminosos monitoram os dados que trafegam na rede e roubam informações valiosas.
Para se proteger, uma solução é usar uma rede virtual privada (VPN), embora não tenha visto ninguém fazendo isso durante o show. De forma geral, sistemas antiphishing em e-mails também ajudam a proteger contra ataques.
A medida mais simples, no entanto, é estar alerta aos perigos e tomar precauções básicas em locais públicos. Quando você protege seus dispositivos e dados, independentemente de onde esteja, as chances de se tornar uma vítima diminuem consideravelmente.
Este artigo foi republicado do “The Conversation” sob licença Creative Commons. Leia o artigo original.