Como integrar a IA generativa no trabalho evitando o risco das alucinações

Descubra dicas amigáveis para usar ferramentas de IA no seu negócio, evitando armadilhas comuns

Crédito: Freepik

Aytekin Tank 4 minutos de leitura

Recentemente, durante um almoço com alguns colegas empresários, nossa conversa acabou indo para um assunto que está na cabeça de todo empreendedor: inteligência artificial.

Acontece que as ferramentas de IA se integraram silenciosamente à nossa rotina diária, seja ao fazermos brainstorming, pesquisas ou sintetizando dados. E estamos usando essa tecnologia de maneiras um pouco diferentes.

Ferramentas como o ChatGPT são como canivetes suíços para produtividade e criatividade. Não é surpresa que, na mais recente pesquisa global da McKinsey sobre IA, 65% das empresas relataram o uso regular de inteligência artificial. Essa tecnologia veio para ficar.

Dito isso, depender demais da IA também pode dar muito errado. Se você delegar a criação de conteúdo para o ChatGPT, por exemplo, corre o risco de plágio. A ferramenta de IA generativa também é conhecida por mostrar respostas mentirosas.

Em 2023, uma startup descobriu que o ChatGPT inventava coisas cerca de 3% das vezes. Nesse mesmo ano, uma afirmação equivocada de um chatbot do Google fez o valor de mercado da empresa despencar em cerca de US$ 100 bilhões.

A chave é uma integração estratégica com alguns mecanismos de proteção para evitar as alucinações de IA. Veja a seguir algumas dicas amigáveis para começar mantendo as coisas seguras e eficazes.

USE OS PONTOS FORTES DA IA SEM IGNORAR OS SEUS

O ChatGPT pode turbinar sua criatividade. O professor de Wharton Christian Terwiesch propôs uma disputa entre o modelo de linguagem (LLM) e seres humanos para determinar qual grupo gerava melhores ideias de negócios. Spoiler: Os robôs venceram.

Comentando seus achados nesse experimento, Terwiesch disse que todos deveriam usar o ChatGPT para ajudar a gerar ideias – pelo menos, seu arsenal de ideias vai melhorar. Ele chamou isso de "óbvio".

Gosto de usar o ChatGPT para dar o pontapé inicial no brainstorming criativo. Usando prompts simples, você pode pedir para ele ajudar a gerar ideias e, depois, escolher e refinar as melhores.

O ChatGPT também consegue resumir informações densas e longas em segundos. Ele pode simplificar conceitos de acordo com o nível que você preferir. Basta começar o prompt com algo como "imagine que você está explicando isso para [um garoto de 12 anos, um universitário, etc.]".

Não faltam medos e ansiedades sobre a IA, especialmente sobre o seu potencial de substituir empregos.

Importante: as melhores práticas com o ChatGPT envolvem usar o LLM como ponto de partida, sem delegar completamente a parte da criatividade, o que é uma forma de se prevenir contra as alucinações de IA.

Para mim, a ideia é atribuir à IA as partes mais mecânicas ou manuais do trabalho, para que sobre mais tempo e espaço para tarefas amplas e profundamente criativas – aquelas que levam à inovação e aos avanços.

Em suma, use o ChatGPT para tarefas como resumir informações e gerar ideias iniciais, e não como um substituto para seu próprio pensamento crítico e ou sua expertise.

CHEQUE AS INFORMAÇÕES PARA EVITAR AS ALUCINAÇÕES DE IA

A verificação de fatos é uma prática que a gente tende a achar que os outros vão sempre adotar. O ChatGPT, no entanto, não tem um mecanismo infalível nesse sentido.

Por isso, os líderes devem ser céticos em relação a qualquer coisa apresentada como fato. É importante verificar as informações com fontes confiáveis e incentivar seus colaboradores a fazerem o mesmo.

Se o ChatGPT gerar um resumo sobre algum tema – por exemplo, as últimas notícias sobre o DeepSeek –, o resumo vai trazer as fontes com links para os respectivos endereços da web.

Recomendo conferir cada um desses links, pois a ferramenta tende a vincular a fontes que não contêm as informações relevantes. Em resumo, nunca aceite as informações do ChatGPT como uma verdade absoluta.

SEJA CLARO SOBRE COMO A IA DEVE SER USADA

Por fim, é fundamental que os líderes sejam transparentes sobre como os colaboradores podem usar as ferramentas de IA generativa. Para começar, isso passa uma mensagem de que os empregados devem aproveitar os LLMs – se não o fizerem, os concorrentes da empresa e seus colegas vão fazer.

Falhar na comunicação das políticas corporativas sobre IA cria o risco de os colaboradores usarem a tecnologia de maneira inadequada, como, por exemplo, entregando todo o trabalho criativo nas mãos da IA, ou basicamente copiando e colando o trabalho de outras pessoas com base nos resultados do LLM.

Sem uma orientação clara, os colaboradores podem enfrentar problemas relacionados à segurança de dados, preocupações éticas e questões de conformidade regulatória, além de não se atentarem a evitar as alucinações de IA.

Não faltam medos e ansiedades sobre a IA, especialmente sobre o seu potencial de substituir empregos. Mas a transparência pode ajudar os colaboradores a entender o papel da tecnologia como um impulsionador de produtividade e criatividade, e não como uma ameaça, incentivando a inovação e a produtividade real.

Ao definir expectativas claras, os líderes criam uma cultura onde a IA melhora o trabalho e impulsiona as pessoas em suas carreiras, em vez de interrompê-las.


SOBRE O AUTOR

Aytekin Tank é fundador e CEO da Jotform, solução SaaS de formulários online. saiba mais