Deixou de ser tabu: Gen Z não teme pedir folga para cuidar da saúde mental

Você não pode ignorar a saúde mental se quiser reter jovens talentos. E a forma como essa demanda é atendida também é importante

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Eleanor Hecks 5 minutos de leitura

Até pouco tempo atrás, as pessoas evitavam ao máximo falar sobre saúde mental no ambiente de trabalho. No entanto, conforme o entendimento sobre a importância da saúde mental vai se popularizando – e conforme compreendemos melhor o quanto o estresse também prejudica nossa saúde física –, estamos vendo mais e mais pessoas pedirem folga para lidar com assuntos pessoais e cuidar da saúde mental.

Embora estejamos testemunhando uma maior conscientização dentre todas as gerações no que diz respeito à saúde mental, ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e à prevenção do burnout, os funcionários da geração Z têm maior probabilidade de priorizar o bem-estar emocional do que as gerações mais velhas.

Falar sobre o efeito do estresse na saúde mental já foi um tabu no trabalho. Mas as gerações mais jovens estão rompendo essas barreiras e priorizando o bem-estar pessoal, para que possam ter um desempenho melhor sem se prejudicarem. E isso significa que eles não têm medo de pedir dias de descanso quando precisam.

Os líderes precisam ser capazes de lidar com os pedidos de dias livres para cuidar da saúde mental de forma empática, além de estabelecer políticas sólidas que incentivem a equipe a reservar o tempo necessário para se sentir melhor.

Tendo isso em mente, confira a seguir seis maneiras de reagir quando um funcionários da geração Z precisar se ausentar por motivos de saúde mental.

1. Entenda por que sua resposta é importante

De acordo com uma pesquisa da Deloitte de 2024, cerca de 56% da geração Z se sente à vontade para falar abertamente com seu chefe sobre estresse, ansiedade e outros problemas de saúde mental. Alguns fatores mais comuns que causam estresse, segundo a pesquisa, incluem não ser reconhecido, longas horas de trabalho e tempo insuficiente para concluir as tarefas.

A geração Z tem consciência de que priorizar o bem-estar mental afeta diretamente o desempenho no trabalho e a qualidade de vida. É provável que eles abandonem um emprego que os deixe estressados ou um empregador que não tenha empatia por eles.

Ao mesmo tempo, os trabalhadores da geração Z têm habilidades e perspectivas únicas que as gerações mais antigas talvez não tenham. Os empregadores devem se esforçar para manter os trabalhadores da geração Z satisfeitos ou podem correr o risco de perder os melhores talentos.

2. Responda positivamente

Quando você receber uma ligação de um funcionário da geração Z pedindo um dia para cuidar da saúde mental, sua primeira resposta deve ser positiva. Tente fazer apenas algumas perguntas para avaliar quanto tempo eles ficarão fora. Eles provavelmente têm horas de folga que podem usar e têm todo o direito de tirar essa folga.

Entenda que, às vezes, uma pessoa só precisa de uma pequena pausa do estresse do trabalho ou para lidar com um problema pessoal. No entanto, é possível que os trabalhadores precisem de uma licença prolongada para buscar ajuda ou tratamento profissional.

3. Liste os tipos de apoio disponíveis

Os líderes acadêmicos se tornaram mais conscientes da saúde mental dos alunos. Cerca de 57% dos reitores dizem que estão cientes da saúde mental dos alunos e que alguns grupos precisam de mais recursos, de acordo com uma pesquisa de 2024.

No entanto, apesar da maior conscientização, muitos funcionários da geração Z sentiram que tiveram dificuldades na faculdade devido à falta de recursos para ajudar em seu estado mental.

Se os líderes das empresas puderem oferecer recursos, isso pode fazer com que os funcionários se sintam menos sozinhos. Se alguém relatar um episódio ou problema de saúde mental, encaminhe-o a qualquer recurso que a empresa ofereça.

Algumas empregam assistentes sociais ou psicólogos ou têm consultores que podem oferecer informações sobre o que o seguro cobre para tratamento hospitalar e ambulatorial.

4. Incentive a comunicação

Seu funcionário está tirando uma licença de saúde mental prolongada em vez de um ou dois dias? As licenças previstas por lei abrangem várias condições de saúde mental, portanto, uma licença mais longa pode ser uma possibilidade.

Peça ao funcionário para mantê-lo informado sobre o progresso, se ele se sentir à vontade para fazer isso. Se ele puder conversar com você ou com um representante de recursos humanos a cada uma ou duas semanas, poderá dizer se seu estado mental permite que volte ao trabalho ou se precisa de outras providências.

5. Respeite a privacidade

Estudos mostram que o trabalho afeta o bem-estar mental. A economia global perde cerca de US$ 1 trilhão por ano com depressão e ansiedade, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde. Um trabalho gratificante em uma cultura não tóxica pode proteger o estado mental das pessoas.

As lideranças precisam equilibrar a necessidade de informações para resolver problemas com a privacidade dos funcionários. Ninguém além das pessoas que são o ponto de contato e o chefe deve saber por que o funcionário tirou dias de folga.

As pessoas também podem não se sentir à vontade para divulgar seu diagnóstico médico por medo de represálias da empresa ou da falta de oportunidades futuras. Tudo o que o chefe tem que saber é que elas precisam de uma folga para melhorar. Os líderes devem tratar um episódio de saúde mental da mesma forma que tratam qualquer doença física.

    6. Planeje a volta do funcionário

    Assim que o empregado declarar que está pronto para voltar, considere a possibilidade de facilitar o seu retorno, especialmente se você souber que o ambiente de trabalho estressante foi um fator. Permita que ele trabalhe de casa, ofereça uma solução híbrida e pergunte o que pode ser feito para evitar o estresse que desencadeou o episódio.


    SOBRE A AUTORA

    Eleanor Hecks é escritora, pesquisadora e líder da equipe de criação da Designerly Magazine. saiba mais