Seu chefe é tóxico? Veja se ele se encaixa em um desses três estilos

As três formas mais comuns de liderança tóxica criam culturas autodestrutivas que sufocam a inovação, minam a confiança e destroem o engajamento

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Ryne Sherman 5 minutos de leitura

A liderança é fundamental para o sucesso de qualquer empresa. Os líderes são responsáveis não apenas pelas decisões de negócios mais importantes, mas também por moldar a cultura corporativa.

A cultura é o principal fator de engajamento dos funcionários, e o engajamento dos funcionários é o principal fator de aumento da produtividade. Portanto, os líderes e as culturas que eles criam são, em última instância, responsáveis pelo sucesso ou pelo fracasso de uma empresa. 

Mas nem todos os estilos de liderança promovem uma cultura de engajamento. Alguns se transformam em padrões tóxicos, que podem corroer a confiança, a satisfação e a produtividade dos funcionários. Os três estilos mais comuns de liderança tóxica são a liderança covarde, a liderança arrogante e a liderança cordial. 

Veja como você pode identificar e contornar esses estilos de liderança tóxica.

ESTILO Nº 1: O LABIRINTO DO MEDO DE ERRAR

A liderança covarde é caracterizada por um recuo diante da adversidade, uma profunda desconfiança em relação aos outros e um medo paralisante de cometer erros. Os líderes que adotam esse estilo geralmente se distanciam de sua equipe, criando uma atmosfera de negligência e incerteza.

 Embora possam estar inicialmente entusiasmados com novos projetos ou ideias, eles se frustram rapidamente e retiram seu apoio diante dos obstáculos. Podemos entender esse estilo como um mecanismo de defesa.

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A liderança covarde sufoca a inovação, pois o medo do fracasso inibe a tomada de riscos e a solução criativa de problemas. Em segundo lugar, a desconfiança do líder em relação aos outros cria uma cultura de paranoia e medo em relação a uma possível demissão. 

Além disso, a confiança é corroída, pois os funcionários se sentem abandonados e desvalorizados. No fim das contas, esse tipo de chefe cria um vácuo de liderança, no qual as decisões são adiadas ou totalmente evitadas, levando à ineficiência e à perda de oportunidades.

Para superar os desafios impostos pela liderança que foge demais dos erros, é necessário mudar para a promoção de uma cultura de segurança psicológica, na qual os erros são encarados como oportunidades de aprendizado e a vulnerabilidade é vista como uma força, e não como uma fraqueza.

ESTILO Nº 2: A ILUSÃO DA ARROGÂNCIA

A liderança arrogante, marcada pelo excesso de confiança, pelo direito de propriedade e pela propensão a violar regras, contrasta fortemente com a liderança covarde. Líderes arrogantes encantam e manipulam para se livrarem de problemas, exigem atenção e muitas vezes se entregam a ideias exageradas e impraticáveis. 

A liderança arrogante gera uma cultura de desigualdade, na qual as regras são vistas como flexíveis para aqueles que estão no topo, minando a confiança e a responsabilidade. Ela gera instabilidade e imprevisibilidade, pois as decisões extravagantes e impraticáveis atrapalham o planejamento e a execução dos projetos.

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Além disso, esse estilo afasta os funcionários, que se sentem desvalorizados e marginalizados pelo fato de que o crédito por suas contribuições será atribuído a outra pessoa. 

A abordagem para lidar com uma liderança arrogante envolve o reforço dos limites éticos, a promoção da humildade e da empatia e o desenvolvimento de mecanismos de prestação de contas e feedback.

ESTILO Nº 3: O PARADOXO DA CORDIALIDADE

À primeira vista, a liderança cordial pode parecer benigna, caracterizada pelo desejo de agradar a todos, pela tendência ao excesso de trabalho e pela definição de padrões incrivelmente altos. No entanto, esse estilo é igualmente tóxico, pois se baseia no medo de ser menos do que perfeito, de decepcionar os outros e na relutância em tomar medidas de forma independente. 

A forma excessiva de agradar as pessoas e a falta de assertividade do líder cordial levam a uma cultura de expectativas irrealistas, na qual nenhuma realização é suficientemente boa, causando estresse nos funcionários e minando a autoridade do líder. A preocupação com a imperfeição leva ao microgerenciamento de cada pessoa e processo, criando obstáculos à produtividade.

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O desafio está em equilibrar o desejo de agradar a todos e de eliminar erros com a necessidade de tomar decisões difíceis e estabelecer metas realistas. 

Transformar a liderança cordial em uma abordagem mais equilibrada requer o desenvolvimento da autoconsciência, a disposição de delegar e a capacidade de priorizar o bem-estar de longo prazo da empresa em detrimento da aprovação de curto prazo.

COMO LIDAR COM LIDERANÇAS TÓXICAS

Embora não exista uma maneira 100% certa de liderar, há uma infinidade de jeitos de tropeçar. Esses três estilos de liderança tóxica representam as formas mais comuns pelas quais os líderes erram.

A maioria dos que adotam um estilo de liderança tóxico aprendeu isso ao longo de muitos anos, geralmente por conta de suas próprias experiências passadas. Por exemplo, um líder que já teve um chefe covarde, constantemente operando com medo e procedendo com excesso de cautela, pode adotar um estilo arrogante de liderança, caracterizado por arrojo e excesso de confiança.

Essa pessoa viu a toxicidade causada pela liderança covarde e jurou nunca ser assim. No entanto, ao fazer isso, desenvolveu seus próprios padrões tóxicos. Para evoluir é preciso reconhecer os sinais, incentivar um diálogo aberto sobre esse tipo de comportamento e seu impacto no ambiente de trabalho, além de cultivar uma cultura que valorize a autoconsciência, a empatia e a ética.

os líderes e as culturas que eles criam são, em última instância, responsáveis pelo sucesso ou pelo fracasso de uma empresa.

As organizações devem investir em programas de desenvolvimento que não apenas se concentrem em habilidades e competências, mas também abordem os aspectos psicológicos e emocionais da liderança. Criar espaços para reflexão, feedback e crescimento ajudará os líderes a navegar por suas fraquezas e desenvolver suas forças.

A liderança é a parte mais impactante de qualquer organização. Seu comportamento cria a cultura organizacional, a cultura impulsiona o engajamento e o engajamento impulsiona a produtividade.

As três formas mais comuns de liderança tóxica destacam maneiras distintas pelas quais os líderes criam culturas autodestrutivas, que sufocam a inovação, minam a confiança e destroem o engajamento.

O antídoto para a liderança tóxica começa com a identificação precoce de comportamentos potencialmente tóxicos e se desdobra no investimento em programas de desenvolvimento. Em última análise, a cura para a liderança tóxica é ter a coragem de mudar padrões disfuncionais para garantir um futuro mais produtivo e engajado para a empresa e os funcionários.


SOBRE O AUTOR

Ryne A. Sherman é diretor de ciência na consultoria de recursos humanos Hogan Assessment Systems e pesquisa as influências e interaçõe... saiba mais