A verdadeira razão pela qual CEOs querem a volta ao trabalho presencial
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De acordo com uma pesquisa realizada pelo Resume Builder com mais de mil tomadores de decisão, 90% das empresas planejam pressionar os funcionários a voltar ao trabalho presencial até o final de 2024. Quase 30% afirmam que podem ameaçar demitir os que não aceitarem essa demanda das empresas.
Esses sentimentos estão em choque com as preferências dos trabalhadores. Uma pesquisa do Bankrate com dois mil participantes apontou que sete em cada 10 funcionários em tempo integral preferem um horário de trabalho híbrido.
No final das contas, acredito que a verdadeira razão pela qual os líderes estão tentando forçar a volta escritório não é porque eles realmente acreditam que isso tornará as equipes mais produtivas, mas sim porque desejam que os funcionários saiam por conta própria.
Para enxugar a folha de pagamento, muitas empresas implementaram políticas de retorno ao escritório.
“Contrate devagar, demita rápido.” É um ditado bastante comum, que muitos estudantes de MBA de primeiro ano têm gravado na mente. No entanto, todos os dias chegam notícias de chefes escolhendo demitir funcionários de maneira desajeitada, dolorosa e lenta por meio de uma mudança de política nos bastidores: o retorno ao trabalho presencial.
Como CEO, acredito firmemente que os líderes sabem quem vai optar por deixar o emprego. Por exemplo, não é difícil deduzir que alguém que mudou toda a sua família de Nova York para outro estado provavelmente encontrará outra maneira de sobreviver.
A mudança na política de trabalho remoto, híbrido ou presencial não é o problema. O problema é a passividade e a falta de transparência.
SOLUÇÃO OPORTUNISTA
Vamos voltar no tempo. Em um mercado de trabalho conturbado devido à pandemia, muitas empresas alardearam a transição para um esquema de trabalho permanentemente remoto. O objetivo era reter talentos e competir com as vantagens oferecidas pelas gigantes da tecnologia, como Google, Meta e Amazon – como o horário flexível.
Várias pesquisas descobriram que, durante a pandemia, a questão do equilíbrio entre vida pessoal e profissional, para muita gente, se tornou mais importante do que outros fatores, como salário, benefícios corporativos e amizades no trabalho.
Mas muitos CEOs adotaram políticas de trabalho remoto temporárias por necessidade, não por “iluminação”. Para competir em um mercado já restrito em 2020 e 2021, as demandas dos funcionários muitas vezes eram atendidas para evitar o risco de pedidos de demissão em massa. Esses CEOs foram recompensados com publicidade positiva e funcionários entusiasmados.
Avançando para 2023, as empresas continuam falando sobre como estão se preparando para uma recessão que não aconteceu. Prédios de escritórios meio vazios e caros decoram o horizonte das grandes cidades e a economia parece estar em um estado de suspensão.
Minha dica para os CEOs encarregados dessa decisão? Assumam a responsabilidade.
Para enxugar a folha de pagamento e forçar a saída de funcionários sem a necessidade de pacotes de rescisão, muitas empresas implementaram políticas de retorno ao escritório.
A Meta, por exemplo, informou ao seu pessoal, em junho, que precisariam voltar ao escritório, com a ameaça de demissão para aqueles que se recusassem. A Amazon adotou uma abordagem mais direta, exigindo que todos voltassem a um de seus escritórios centrais ou pedissem para sair.
RESPONSABILIDADE CORPORATIVA
O problema é que, em 2020, as pessoas interpretaram essas mudanças de política de trabalho remoto como uma promessa implícita. Afinal, a maioria delas foi apresentada como uma mudança de paradigma da era pandêmica que valorizaria a produção em vez do tempo presencial.
Muitos mudaram suas vidas para resolver problemas pessoais. Talvez tenham comprado uma casa perto dos pais de seus companheiros para ajudar com o cuidado dos filhos. Ou se mudaram para uma nova cidade que oferecia um melhor programa para seu filho com autismo. Ou talvez tenham simplesmente se mudado para Portugal para desfrutar das belezas locais.
A mudança na política de trabalho remoto, híbrido ou presencial não é o problema. O problema é a passividade e a falta de transparência.
O fato é que centenas de milhares de pessoas fizeram grandes mudanças em suas vidas com base em uma nova política que foi transmitida deliberadamente como sendo quase permanente para reter talentos. Funcionários desavisados confiaram nessas promessas.
Os efeitos secundários são tóxicos e terão repercussões em toda a área corporativa. Os trabalhadores entendem que as organizações passam por altos e baixos, mas raramente esquecem uma promessa quebrada. A erosão a longo prazo da confiança pode resultar em uma força de trabalho sempre pronta para trocar de emprego.
Minha dica para os muitos CEOs encarregados dessa decisão? Apenas assumam a responsabilidade. Façam a coisa certa. Vocês se beneficiaram ao reter funcionários. Agora, paguem pela redução escolhendo vocês mesmos quem sai e quem fica e oferecendo pacotes de rescisão generosos para aqueles que mudaram suas vidas. É justo.
Esconder-se atrás das entrelinhas das políticas de retorno ao escritório, disfarçadas como "construção de espírito de equipe", é uma abordagem covarde para um problema as próprias empresas criaram.