Monitorar o uso dos espaços pode reduzir a pegada de carbono dos prédios

Tecnologia de IA e sensores de calor corporal podem melhorar a eficiência energética

Crédito: Deivis Sandoval/ Pexels

Honghao Deng 4 minutos de leitura

Quando consideramos casa, escola, trabalho e outros espaços públicos, uma pessoa média passa 90% do tempo dentro de ambientes fechados. Sendo assim, não é surpresa que a pegada de carbono dos prédios seja alta, pois os ambientes construídos são responsáveis por 42% das emissões de carbono no mundo.

Esse número é grande demais e a probabilidade de aumentar é alta quando incluímos variáveis como prédios antigos, clima extremo, o aumento no uso de dispositivos eletrônicos e a demanda de energia da IA e de computadores de alto desempenho.

Uma maneira de os ambientes de trabalho reduzirem isso é voltando para a escola e aprendendo com os líderes de TI e administradores das faculdades de hoje.

Além de monitorar o consumo de energia, mover as atividades de alta demanda dos horários de pico e aproveitar incentivos do governo, os gestores de diversos campi espalhados pelos EUA descobriram uma nova forma de controlar o consumo de energia. Algo que pode reduzir as emissões de carbono dos prédios e ser replicado no ambiente de trabalho.

COMO ESTIMAR A NECESSIDADE DE ENERGIA

O consumo e a distribuição de energia geralmente se baseiam em suposições. Por exemplo, o senso comum indica que, muito provavelmente, as bibliotecas têm menos pessoas no sábado à noite do que na segunda-feira. Ou que projetos de estudantes e hackathons – eventos em que profissionais de tecnologia se reúnem para trabalhar intensamente em projetos e resolver problemas específicos – tendem a reunir grupos de pessoas ao redor de uma mesa ou em um laboratório.

Também podemos deduzir que o consumo de energia é mais alto nos dormitórios nas manhãs de dias úteis, quando os alunos se preparam para as aulas, enquanto os prédios administrativos ainda estão apagados, e, portanto, exigem menos energia. Para essas atividades, as necessidades energéticas variam.

Essas suposições podem ser úteis, mas não são totalmente precisas; caso contrário, as emissões de CO2 estariam diminuindo. As equipes de HVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado) e TI provavelmente já consideraram a oscilação do tráfego de pessoas e a ocupação dos prédios para os sistemas de aquecimento e refrigeração.

No entanto, elas não conseguem saber a frequência e o horário de reuniões improvisadas. O tempo e o custo de ligar uma área para uma reunião rápida pode ser insustentável, o que explica por que um espaço muitas vezes é ajustado para uma temperatura ou iluminação constante, independentemente de como é usado, o que aumenta a pegada de carbono dos prédios.

Os prédios de hoje não entendem o que os usuários realmente precisam. Em muitos deles, uma única unidade no telhado resfria todo o espaço. Assim, se uma pessoa está com calor em um ambiente e reduz a temperatura no controle do termostato, o sistema pode aumentar o ar-condicionado drasticamente, desperdiçando muita energia.

Essas respostas reativas são ineficientes para os sistemas dos prédios. O futuro está em aproveitar a inteligência espacial para entender como os usuários interagem com os espaços e prever as necessidades e tendências futuras.

USE IA E SUBSTITUA SUPOSIÇÕES POR DADOS REAIS

Pouco se sabe sobre como as pessoas usam os prédios dos campi e os escritórios, mas isso está mudando. Em vez de decisões baseadas em suposições, os campi estão prestando atenção em como estudantes e funcionários usam os espaços internos.

Por um tempo, os benefícios de rastreadores de ocupação, ferramentas de produtividade e câmeras foram destacados, mas esses métodos são incompletos e, na pior das hipóteses, invasivos.

Crédito: Ali Riza Ertürk/ Getty Images

É por isso que muitas instituições de ensino superior dos EUA estão adotando tecnologias mais recentes, que combinam IA e tecnologia de sensores de calor corporal para entender melhor como as pessoas usam os espaços internos.

Além de fornecer informações detalhadas sobre o tráfego de pessoas e a ocupação, os movimentos humanos podem revelar a frequência de reuniões improvisadas e a necessidade de espaço colaborativo versus individual, dependendo de como as pessoas interagem regularmente.

APLICAÇÕES PARA REDUZIR A PEGADA DE CARBONO DOS PRÉDIOS

Em muitos casos, as demandas de energia dos campi universitários e dos ambientes de trabalho envolvem uma mistura de prédios mais antigos e novos, com diferentes necessidades para trabalho individual e colaboração em grupo, além das variações no volume de tráfego de pessoas e de ocupação do espaço.

Quando temos uma visão precisa de como o espaço interno é usado, isso leva a uma distribuição mais eficiente dos sistemas de aquecimento e resfriamento. Como resultado, teremos:

  • Menos apagões: uma melhor compreensão do consumo e das necessidades de energia pode ajudar a reduzir a probabilidade de apagões.
  • Maior retorno sobre investimentos em reformas: é possível reduzir a pegada de carbono do prédio usando “reformas profundas de energia” com tecnologias mais recentes em materiais de construção e sistemas sensoriais, incluindo sensores de calor para entender os efeitos dos movimentos em um espaço.
  • Espaços de trabalho mais produtivos: os interiores podem refletir a cultura única da empresa. Espaços que acomodam melhor as pessoas resultam em ambientes mais produtivos, colaborativos e significativos.

Esses tipos de mudanças baseadas em dados geram economia de energia e de gastos com manutenção, redução da pegada de carbono dos prédios, maior retorno sobre investimentos em tecnologia e maior retenção de colaboradores.


SOBRE O AUTOR

Honghao Deng é CEO e cofundador da Butlr, plataforma de detecção de ocupação e monitoramento de pessoas 100% anônima, que ajuda empres... saiba mais